Home Blog Page 237

Essencialismo: livro explica como ser mais produtivo trabalhando menos

Capa do livro sobre essencialismo

Mais produtividade, menos estresse, mais alegria. É com essa frase que o consultor inglês Greg McKeown resume as promessas da filosofia que batiza seu recente best-seller, Essencialismo: A disciplinada busca por menos.

O profissional “essencialista”, explica McKeown, é aquele que vê claramente a diferença entre o desnecessário e o indispensável. A teoria soa simples: ao dizer “não” a tarefas irrelevantes, você investe toda a sua energia só naquilo que é essencial. Como resultado, o seu desempenho vai às alturas. A prática pode ser mais complicada, mas McKeown, nomeado um dos “Jovens Líderes Globais” pelo Fórum Econômico Mundial, procura viver o que prega.

essencialismo capa

Para escrever o livro, ele trabalhou por nove meses em “modo monge”, isolado num escritório privado no quintal de sua casa em Menlo Park, Califórnia.

“Escrevia sem distrações das 4 da manhã até o meio dia, mas fazia intervalos, dormia oito horas por noite, tinha tempo para os meus filhos. Foram meses muito felizes”, conta o autor em entrevista por telefone a EXAME.com. A capacidade de se concentrar apenas no essencial, defende o britânico, é o segredo para o sucesso em um mundo hiperconectado e cada vez mais abarrotado de informações, opiniões e tarefas.

Leia também: Dez livros que os alunos de Harvard leem sobre liderança

Veja, a seguir, os principais trechos da conversa exclusiva com McKeown, que entrou para a lista dos autores mais lidos em 2015 do jornal The New York Times:

Muitos profissionais têm se sentido, ao mesmo tempo, sobrecarregados e improdutivos. O que explica esse paradoxo?

Na última década, a humanidade se deparou com uma explosão de escolhas. Mais do que isso, também se criou um excesso na oferta de opiniões sobre todos os assuntos na internet. Diante disso, as pessoas estão deixando de ser seletivas, elas tentam fazer um pouco de tudo. O resultado é que elas sentem que estão sempre trabalhando, mas que também estão sempre atrasadas.

Então o problema não é a falta de tempo, mas a dificuldade de fazer escolhas?

Exatamente. Existem recursos finitos que podem ser encaixados em possibilidades infinitas. Ora, quando você é funcionário de uma empresa, o que você espera do seu CEO? Que ele faça escolhas estratégicas e invista naquilo que pode fazer a empresa se desenvolver. Mas aqui está uma provocação: como CEO da sua própria vida, será que você está alocando os seus próprios recursos de forma inteligente?

greg-mckeown
Greg McKeown [Bibbiness77] 

Isso permite “fazer mais com menos”, um lema típico do discurso corporativo atual?

Permite fazer menos, mas melhor. Essas são as três palavras mágicas do essencialismo: “menos, mas melhor”. Não é só uma frase bonita para lembrar de vez em quando, é toda uma filosofia de vida e de carreira. Ela permite que você use melhor os recursos de que dispõe.

Fazer menos não é, de certa forma, contrariar uma norma cultural do mundo empresarial, que normalmente premia quem faz mais?

Sim. O essencialismo é uma espécie de contracultura. Passei o último ano trabalhando essa filosofia em diversos países, e me espantei com a imensa diferença entre a minha proposta e a mentalidade reinante nas empresas. Mesmo assim, é possível ser um essencialista num ambiente não-essencialista. Mas é um processo que demanda tempo e paciência.

essencialismo sim e nao

Como funciona esse processo?

Antes de tudo, é preciso mudar a sua própria mentalidade. Depois de um longo período de pesquisa, quando você finalmente descobre o que é essencial e traz valor para o seu trabalho, então você se torna apto a negociar com seu chefe, com o seu CEO, até com a sua sogra. Quando sabe o que é essencial, você conquista o direito de recusar tarefas irrelevantes. De forma educada, claro, porém firme. Não se deve dizer simplesmente: “Não, não vou fazer isso”. É melhor dizer: “Veja, esta tarefa que você me passou é interessante, mas acho que aquele outro caminho pode trazer mais resultado”. Antes de negociar, você precisa saber, com propriedade, o que é essencial. Ter essa clareza traz um grande empoderamento. 

Leia também: Leia os mesmos livros que Mark Zuckerberg em 2015

Como saber o que é essencial?

Você precisa revisar toda a sua vida, desde o início, pensar no legado dos seus avós, dos seus pais. Do dia em que nasceu até hoje, quando a vida foi boa? Quando a vida foi ruim? Quais são os seus objetivos a longo prazo? Como você quer que os seus netos se lembrem de você?

Pensar com uma perspectiva longa, tanto na direção do passado quanto do futuro, é o segredo para perceber o que é essencial. Esse distanciamento do olhar é o que está por trás do pensamento do essencialista. Quem não tem essa mentalidade está apenas reagindo ao próximo email que recebe, está apenas respondendo à agenda das outras pessoas. 

A filosofia do essencialismo também é válida em tempos mais vulneráveis, como os de uma crise econômica?

Se você tem medo de uma demissão, realmente é uma estratégia arriscada para tempos difíceis. Mas só se você executá-la mal. Se fizer as coisas do jeito certo, você pode ter uma grande vantagem profissional em qualquer ambiente econômico. Na verdade, a vantagem é ainda maior num ambiente de crise.

O ganho está em aprender a se comunicar com o seu chefe e dizer: “Estou fazendo isto, mas é mais valioso fazer aquilo”. Quando eu falo com CEOs, percebo que eles gostam disso, querem profissionais que estejam pensando em formas mais eficientes de se chegar a um objetivo. Se você não souber implementar a mentalidade essencialista, ela pode ser perigosa. Mas, se souber usá-la bem, ela pode ser um grande impulso para a sua carreira.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

As oportunidades para quem quer empreender com impacto social

Criança entrando na sala de aula com mochila

Saúde e educação estão entre as maiores preocupações dos brasileiros, conforme aponta pesquisa realizada antes das eleições presidenciais de 2014 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).  Como a oferta de serviços por parte do governo está longe de ser satisfatória nessas áreas, a iniciativa privada pode ajudar. E quem se preparar e estiver atento às necessidades do mercado e inovações tecnológicas tende a lucrar alto com atuação empreendedora com foco em impacto social.

Para a coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social da USP, professora Graziella Comini, a iniciativa privada pode ter um papel fundamental na melhoria dos serviços de saúde e educação no país. “Em nenhum momento podemos descuidar do setor público e temos que cobrar que ele cumpra suas obrigações com qualidade. Tanto na saúde quanto na educação o governo pode sim fazer melhor. Mas também é muito cômodo criticar sem fazer nada. Vamos ter que trocar o pneu com carro andando. A iniciativa privada pode atuar em complementação ao poder público e existem diversas possibilidades de negócios com impacto social nesse sentido, inclusive em parcerias com o governo”, afirma Graziella Comini.

Na área de saúde, Graziella lembra que a maioria da população de baixa renda é dependente do Sistema Único de Saúde (SUS), que se encontra nitidamente sobrecarregado. “As classes D e E, principalmente, ainda não têm acesso aos planos de saúde. O SUS é necessário, mas não consegue atender um país continental como o Brasil. Por isso, a possibilidade de negócios para essas classes é enorme, o que desafogaria o SUS”, explica.  

Conheça o Imersão Impacto Social, programa de preparação e decisão de carreira do Na Prática

Já no setor de educação, o número de analfabetos (mais de 13 milhões segundo o IBGE) preocupa. “Não estamos formando pessoas que consigam crescer e se desenvolver profissionalmente.  Muitos só sabem ler o básico, mas não possuem uma autonomia de interpretação. Isso vai dificultar a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. O número de analfabetos, sejam funcionais ou não, revela uma realidade que abre uma janela para batalhar pela melhoria da qualidade do ensino público e também abre a oportunidade de empreendimentos privados que possam cobrir essa lacuna”, ressalta Comini.

Diante dessa realidade e com a ajuda da especialista, procuramos listar três possíveis caminhos para quem quer atuar com impacto social, empreendendo nos segmentos de saúde e educação:

Impacto Social em Saúde

1. Aproximar a população do atendimento

Chegar até um hospital ou unidade de saúde é uma aventura para muitos brasileiros. Iniciativas que possam levar os exames e os médicos (atendimento domiciliar) até essas pessoas tendem a evoluir nos próximos anos, o que ajuda a esvaziar os hospitais. Já existem ônibus e carretas que visitam comunidades distantes para realizar exames para diagnosticar doenças como câncer de mama e catarata. A evolução da tecnologia é fundamental, já que diminui o tamanho dos equipamentos e os torna cada vez mais portáteis.

2. Clínicas populares

Se a população de baixa renda não possui plano de saúde e conseguir uma consulta em hospital público pode parecer um milagre, surge espaço para clínicas com consultas a preços mais acessíveis. Elas já são realidade em algumas cidades brasileiras (Dr. Consulta, em São Paulo e Clínica Sim, em Fortaleza) e tendem a se multiplicar em outros centros urbanos.

3. Acesso à informação

O governo tem investido em ampliar seus canais de comunicação com a população. Agendamento de consultas online, localização dos postos de saúde e hospitais na cidade, informações sobre os médicos especialistas disponíveis, pesquisa de preços de medicamentos pela internet são exemplos de serviços que podem dinamizar o atendimento e deixar o cidadão mais informado, sempre com o auxílio do médico. Aí também se encaixam empresas como a Mediciniauma plataforma que busca otimizar o fluxo de informações em clínicas e hospitais e evidencia como a tecnologia pode estar a serviço da saúde.

Impacto Social em Educação

1. Gestão e infraestrutura

Os responsáveis pelas escolas precisam ser mais profissionais quanto à gestão institucional, administrativa e financeira. Nesse sentido, aparecem oportunidades para sistemas que otimizem a compra de insumos (merenda, material de limpeza, etc.), que organizem o orçamento para reformas estruturais necessárias e que abasteçam as salas de aulas com a tecnologia necessária para as novas possibilidades de ensino (tablets, televisões, redes wi-fi, etc.)

2. Conteúdos e objetos educacionais

Se o ensino em sala de aula não anda dos melhores, surge a possibilidade de aperfeiçoa-lo com ferramentas online. Cursos (de línguas, por exemplo), atividades complementares de reforço (específicas para cada aluno), aplicativos que auxiliam estudantes com alguma deficiência, produção de games e sites temáticos são exemplos de conteúdos educacionais que complementariam o aprendizado.

3. Aperfeiçoamento da metodologia de ensino

A capacitação e atualização dos professores é fundamental nesse sentido. Eles precisam se preparar para salas de aula e alunos mais tecnológicos e adaptar o conteúdo a essa tendência. Ferramentas virtuais que possibilitem contato imediato com coordenadores pedagógicos, elaboração de plano de aula e compartilhamento de bibliografias ajudam. Assim, os educadores estariam ambientados com aulas outdoor (em parques e museus, por exemplo), atividades virtuais (simulados, provas, trabalhos) e oferecimento de conteúdo educacional em diversas plataformas.

Veja concursos públicos abertos para profissionais de Direito

Livro com anotações em cima

Poucos cursos oferecem tantas possibilidades profissionais para seus egressos quanto o Direito. Diante dessa variedade de oportunidades, que vai do trabalho em grandes empresas até escritórios especializados, a carreira pública com certeza é uma das que mais faz brilhar os olhos dos estudantes. Para um advogado trabalhar no setor público — seja no poder Executivo, Judiciário ou Legislativo — o concurso público é a principal porta de entrada. Veja a seguir os concursos públicos abertos para os profissionais de Direito:

Conheça a Ene Jurídico, nova feira de carreiras do Na Prática voltada para os estudantes de Direito

Concursos no Sul e Sudeste

SP – Defensoria Pública de São Paulo
São 60 vagas para defensor público, função que exige bacharelado em Direito e três anos de prática jurídica comprovada.
Salário: não informado
Inscrições:
até 28 de agosto pelo site da Fundação Carlos Chagas

SP – São Paulo Turismo S.A
São 23 vagas e formação de cadastro de reserva para cargos de nível médio e superior. Entre as funções que exigem nível superior, está o cargo de advogado.
Salário: até 6.739,27 reais
Inscrições: até 16 de setembro pelo site Zambini 

RJ – Prefeitura de Maricá
São 128 oportunidades para todos os níveis, incluindo vagas para assessor jurídico.
Salário: até 6.633 reais
Inscrições: até 31 de agosto pelo site IESAP

MG – Polícia Militar de Minas Gerais
São 120 vagas, 108 para homens e 12 para mulheres, para o Curso de Formação de Oficiais voltadas para bacharéis em direito. O candidato deve ter altura mínima de 1,60m e idade mais de 18 anos e menos de 30 anos na data do início do curso, em março de 2016.
Salário: 5.769,43 reais
Inscrições: até 2 de setembro pelo site da Polícia Militar de Minas Gerais

MG-  Prefeitura de São João do Pacuí
São 42 vagas para todos os níveis de escolaridade.Há oportunidades para médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, advogado, entre outras.
Salário: até 10.380 reais
Inscrições :até 18 de setembro pelo site da Unimontes 

MG – Tribunal de Justiça de Minas Gerais
São 54 vagas para juízes leigos. Aprovados vão atuar nos juizados especiais das comarcas de Belo Horizonte e de outras cidades do interior de Minas Gerais. Para participar é preciso estar inscrito na OAB e ter mais de 2 anos de experiência jurídica.
Salário: não informado
Inscrições: até 21 de setembro pelo site da Consulplan

RS – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
São sete vagas, sendo uma para juiz leigo, quatro para conciliador cível e duas para conciliador criminal na Comarca de Guaporé/RS. Para concorrer como juiz leigo é preciso ter ensino superior completo em direito, registro na OAB, dois anos de experiência jurídica e pós-graduação na área jurídica.
Salário: não informado
Inscrições: até dia 9 de setembro os candidatos deverão realizar inscrições presenciais no Fórum de Guaporé, localizado na rua Gino Morassutti, 1.040, 2º andar

SC – Prefeitura de Rio do Sul
São 150 vagas, inclusive para arquiteto, advogado, cirurgião dentista, contador, farmacêutico, engenheiro agrônomo, engenheiro florestal, médico, turismólogo, entre outras.
Salário: até 10.852,54 reais
Inscrições:
 até 10 de setembro pelo site da Click Soluções

SC – Prefeitura de Pinhalzinho
São 112 oportunidades para cursos superior, incluindo para advogados.
Salário: até 14.248,19 reais
Inscrições: até 17 de setembro pelo site de Pinhalzinho 

SC – Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina
São nove vagas mais formação de cadastro de reserva para cargos de níveis médio e superior. Há uma oportunidade aberta para advogado.
Salário: 5.235 reais
Inscrições:
até 18 de setembro pelo site do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina

Concursos no Centro Oeste

MT – Controladoria Geral do Mato Grosso
São dias vagas mais cadastro de reserva para o cargo de auditor de Estado. Para participar, é preciso ter nível superior nas áreas de ciências contábeis, engenharia civil, administração, direito, ciências da computação e economia.
Salário: 13.511,68 reais
Inscrições: 
até 14 de setembro pelo site da FMP Concursos

DF – Tribunal de Contas da União (TCU)
O concurso vai selecionar um procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União. Para participar é preciso ter diploma, registrado, de graduação de nível superior de bacharelado em direito, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica.
Salário: até 28.947,55 reais
Inscrições: até 28 de agosto pelo site do Cespe

DF – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
Há 27 vagas para quem tem nível superior em direito. É preciso ter pelo menos três anos de atividade jurídica após a obtenção do título de bacharel.
Salário: 27.500,17 reais
Inscrições:
até 8 de setembro pelo site do MPDFT

Concursos no Norte e Nordeste

BA – Prefeitura de Salvador
São 7 vagas mais cadastro de reserva para o cargo de procurador-geral do município. É preciso ter formação em direito e inscrição na OAB para participar.
Salário: até 20.292,87 reais
Inscrições: até 11 de setembro pelo site do Cespe 

SE – Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe
São 11 oportunidades ao todo para os cargos de analista judiciário ( área judiciária e área administrativa) e técnico judiciário (área administrativa).
Salário: até 8.863,84 reais
Inscrições: até 22 de setembro pelo site da Fundação carlos Chagas 

PA – Prefeitura de Tailândia 
São 202 vagas para níveis médio/técnico e superior. Há oportunidades para advogado, cirurgião dentista, médico, professor, entre outras.
Salário: até 8.700 reais
Inscrições: até 13 de outubro pelo site Cetap

RO – Prefeitura e Câmara de Espigão do Oeste
São 159 vagas para todos os níveis. Há oportunidade de nível superior para procurador jurídico e para contador.
Salário: 7.183,18 reais
Inscrições: até 27 de agosto pelo site MGA Concursos

RO – Prefeitura de Cujubim
Há um total de 138 vagas para os níveis fundamental, médio/técnico e superior. Os cargos para quem tem graduação são de advogado, assistente social, enfermeiro, engenheiro agrônomo, farmacêutico, médico, nutricionista, odontólogo, pedagogo e professor.
Salário: até 10 mil reais 
Inscrições:
até 11 de setembro pelo site da MGA Concursos

Conheça as Badges, microcertificações que atestam domínio de habilidades específicas

Muitas medalhes e distintivos

Com apoio da tecnologia, é cada vez mais fácil continuar a aprender durante a vida toda e receber uma certificação. Isso pode acontecer na educação básica, com atividades na escola ou durante as férias, no ensino superior, com cursos do currículo ou mesmo extracurriculares, e até de maneira informal em cursos rápidos que em nada lembram a rigidez dos currículos universitários. A ideia é que, ao invés de passar longo tempo em um curso de pós-graduação, seja possível escolher temas específicos e já aplicá-los na prática.

Nos Estados Unidos, a organização Badge Alliance trabalha pela popularização do open badge, um distintivo ou medalha digital que comprova o aprendizado em determinada atividade ou a participação em um projeto. Trata-se, grosso modo, de um arquivo de imagem que, além de permitir que a aquisição de uma nova habilidade seja compartilhada em redes sociais, leva consigo informações de identificação, tais como: instituição emissora, data e descrição de atividade, além de links para requisitos e evidências de que o aluno de fato cumpriu o exigido.

Em conversa na sede da Fundação Lemann, Nate Otto, diretor da Badge Alliance e um dos palestrantes do Transformar 2015, deu um panorama de como a tecnologia tem sido adotada nos Estados Unidos. “Na medida em que o ensino é cada vez menos linear, os badges podem contar a história das experiências de aprendizado de uma pessoa ao longo de sua vida”, disse.

badges
Nate Otto, da Badge Alliance [Porvir] 

Para universitários No caso do ensino superior, o representante da Badge Alliance afirma que a tecnologia dos open badges surge como alternativa para estudantes mostrarem em que se diferenciam dos demais candidatos na hora de disputar uma vaga no mercado de trabalho.

Segundo Otto, nos EUA os diplomas de graduação têm perdido valor por serem muito comuns por não darem muita informação a empregadores sobre o que o estudante fez ao longo de sua carreira acadêmica. “Eles podem até mostrar os cursos feitos e as notas obtidas, mas ainda não dizem nada sobre competências desenvolvidas. O diploma universitário é usado como um filtro para jogar fora metade das fichas de candidatos”, afirmou.

Assim, universidades começam a usar os open badges para ajudar alunos a comprovarem competências adquiridas ao longo do curso. “Quando o aluno se candidatar a um emprego, pode dizer: ‘Eu tenho as habilidades básicas e também experiência em liderar grupos de cinco pessoas para um projeto e aqui está meu badge que pode ser verificado por link do vídeo com a apresentação que fiz”, explicou.

Apesar do discurso entusiasmado, Otto admite que são poucos os casos de empresas que contratam usando badges como critério número um. Porém, isso não significa que elas fechem os olhos para as microcerticações. Elas só estão usando a tecnologia de uma outra maneira, dentro de um plano de desenvolvimento profissional. “Uma das empresas que usam badges é a IBM, que tem um programa para áreas técnicas. Outras são a varejista de calçados Zappos, de Las Vegas, e a Adobe, que fabrica o editor de imagens Photoshop”.

Leia também: Veja quais são as melhores universidades do Brasil em 2015

Questionado sobre a credibilidade dos badges, Otto disse o sistema funciona de forma parecida com os cerificados tradicionais e que a tecnologia traz embarcada informações que facilitam a identificação do usuário. “Você pode ter um diploma de uma instituição que não é muito conhecida e dizer que passou por um programa de 200 horas. Neste caso, o empregador provavelmente vai perguntar a amigos. Com os badges, criamos um certificado de autenticidade que permitem a empresas endossar determinados emissores”, disse.

No momento, a Badge Alliance procura desenvolvedores e tradutores para criar documentação em português. Professores e demais interessados em discutir a tecnologia podem participar de debates no site www.badgealliance.org e de conferências pelo link http://bit.ly/OBCommCalls, que reúne uma comunidade mundial. Pelo Twitter, as conversas são marcadas com a hashtag #badgechatk12.

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

Site oferece MBA gratuito em engenharia e inovação, com professores da USP e UFSC

Mulher digitando no computador

Graças à internet, você não precisa sair de casa e nem mesmo desembolsar grandes quantias de dinheiro para ter aulas com alguns dos melhores professores do planeta.

Se a oferta de cursos de especialização disponíveis gratuitamente online já era grande, recentemente também é possível realizar cursos inteiros por meio da internet. A plataforma Veduca, por exemplo, oferece para qualquer um que se interessar um MBA em engenharia e inovação ministrado por professores da USP (Universidade de São Paulo) e UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Segundo a plataforma, trata-se do primeiro MBA aberto online do mundo.

O conteúdo, focado em gestão da produção, também inclui temas como gestão da inovação, engenharia financeira e desenvolvimento de produtos e serviços. Embora as videoaulas do curso fiquem disponíveis livremente para qualquer pessoa com interesse pelo tema, também existe a possibilidade de participar do programa de certificação que é pago e inclui a emissão de certificado ao final do curso, além de avaliações, orientação individual e outros benefícios exclusivos.

Em muitos lugares, um MBA é considerado uma porta de entrada ou um avanço para galgar degraus. Bruna Keiserman, consultora do Boston Consulting Group (BCG), explicou ao Na Prática como seu MBA em Kellogg, que fica na Universidade Northwestern, impulsionou sua carreira. E na McKinsey, outra consultoria estratégica, eles são praticamente onipresentes. “É parte da carreira na McKinsey. São raros os casos de pessoas que não o fazem”, disse Daniela Anderez, sócia júnior na companhia.

Para participar do MBA oferecido ela plataforma Veduca, é necessário aguardar o início das novas turmas. Ainda assim, já é possível registrar interesse no curso por aqui.

Leia também: FGV e ESPM oferecem mais de 50 cursos online gratuitos

Ricardo Tadeu conta como chegou a um dos mais altos cargos na cervejaria AB InBev

Ricardo Tadeu da cervejaria Ambev

No primeiro semestre desse ano, os números da subsidiária mexicana da cervejaria AB InBev se destacaram no resultado global da companhia: foi a primeira vez que a operação mexicana superou a brasileira em rentabilidade, segundo reportagem d’O Estado de São Paulo. A empresa do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira tem tradicionalmente na Ambev, no Brasil, os melhores retornos para o grupo.

O nome por trás desses resultados é Ricardo Tadeu Soares, um jovem carioca de 39 anos que o trio de empresários já havia apoiado anos antes, por meio da Fundação Estudar  organização sem fins lucrativos que fundaram para desenvolver jovens talentos. Em 1994 ele recebeu uma bolsa da organização para fazer mestrado em Harvard. Na volta para o Brasil, seguiu carreira no grupo AB InBev e hoje preside a subsidiária mexicana da cervejaria.

Talento precoce

Ainda criança, Ricardo já demonstrava um futuro promissor. Aos dez anos, foi destaque em programa de auditório de Silvio Santos. Com a cabeça baixa, apertando os olhos para se concentrar, ele ouviu o apresentador: “387 mais 429 mais 926…”. Antes de Silvio Santos concluir a pergunta, o menino veio com a resposta certeira: “1.742”. Estava comprovado: conseguia ser mais rápido que uma calculadora.

Nos anos seguintes, provaria também ser mais precoce que qualquer outra criança de sua idade. Aos 12, quando ainda cursava a oitava série, passou no vestibular e ganhou uma autorização especial da Justiça para estudar Direito. Frequentava a escola pela manhã e, à noite, a faculdade. Formou-se aos 16 anos e entrou para o Guinness Book como o advogado mais jovem do mundo.

Quando voltou de seu mestrado no exterior, Ricardo foi contratado pela fabricante de cerveja com a condição de não trabalhar na área jurídica, mas na comercial. O trio queria que ele transitasse pelas diversas áreas da empresa, e mais uma vez provou que tem visão. Aos 24, foi a pessoa mais jovem a ter sua biografia citada no Internacional Who’S Who of Professional Management, entre os executivos mais destacados no mundo. Aos 25, foi o mais jovem a concluir o MBA Master em Business Ambev, classificando-se em primeiro lugar. Não é surpresa que seu desempenho na companhia, conhecida pela forte cultura meritocrática, tenha levado Ricardo ao cargo de comando no México dois anos atrás.

Leia também: O caminho do jovem trainee Ambev que saiu da favela da Rocinha

A seguir, ele compartilha com o Na Prática suas lições de carreira e o que busca em um jovem profissional:

Quais características acredita que te levaram à posição em que está hoje?

O que você busca em um jovem para trabalhar em sua equipe?

Como transformar um ideal de vida em negócio?

chef trabalhando na cozinha do restaurante Clandestino

Londres, Portugal, Alasca, Seattle, Pirenópolis, Paraty. Essas são apenas algumas das cidades onde a brasileira Thais Oliveira, 42, e o norte-americano Chris Kaufmann, 44, já viveram, desde que se conheceram há 12 anos nas trilhas de Tiger Leaping Gorge, sudoeste da China. Na época, experimentavam uma vida muito livre, sem grandes planos e compromissos burocráticos. Ter um negócio nem passava pela cabeça do casal nômade.

O que mudou de lá pra cá? Além de terem tido um filho, Noah, hoje com 2 anos e meio, desde 2013 eles são donos do Clandestino, um trailer que vende hambúrguer artesanal e foi pioneiro na cena de comida de rua de Paraty, no Rio de Janeiro. Apesar das novidades recentes, o que permaneceu imutável foi o desejo de conhecer gente, lugares e culturas diferentes, de rodar o mundo, sem grandes planos de vida. Como transformar este ideal de vida em um negócio?

A paixão pela comida de rua sempre foi um fator comum para o casal. “A gente sempre comeu muito na rua. É uma experiência que te dá uma perspectiva mais real de como é a vida do lugar”, conta Thais. Para ela, a grande sacada desse tipo de negócio é a estrutura enxuta, que permite oferecer comida fresca e caseira. Nas andanças pelo mundo, ela e Chris trabalharam com comida, em restaurantes de todo o tipo, Thais como garçonete, ele na cozinha. O casal sempre prestou atenção às peculiaridades gastronômicas de cada lugar, observando ingredientes, receitas inusitadas e a qualidade da comida. Desta bagagem cheia de referências, experiências e sabores marcantes nasceu o embrião do que viria a ser o Clandestino.

Alma viajante No final de 2008, o casal passou um ano e meio em Pirenópolis, Goiás, onde descobriu um novo propósito de vida atuando como voluntários no Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, o IPEC. Lá, estudaram modelos e estratégias de desenvolvimento sustentáveis, como Chris conta: “Compreendi que é possível fazer as coisas de uma forma diferente usando os recursos naturais e materiais que estão à nossa disposição. E isso vale para os negócios. Se não buscarmos modelos mais sustentáveis e não cuidarmos do nosso passivo, vamos ter sérios problemas”.

Em Pirenópolis, eles também tiveram a chance de aprimorar os conhecimentos administrativos e gerenciais, já que trabalharam em um armazém da comunidade, onde funcionava um restaurante e um café. “Adquiri as noções básicas de administração, estoque e logística, aprendizados que foram muito úteis para o Clandestino”, diz Thais.

De volta a Seattle, nos Estados Unidos, a vontade de abrir um negócio começou a tomar forma e a grande inspiração veio de um famoso food truck local, o Skillet. Ao lado do chef Josh Henderson, criador do negócio, eles aprenderam ainda mais sobre o conceito de comida de rua, que à época vivia um boom de food trucks.

Enquanto Thais trabalhava no restaurante da marca, um típico diner americano, Chris se dedicou a desvendar os segredos da chapa perfeita. Foi de lá que eles trouxeram a receita do sanduíche Seattle, um hambúrguer artesanal recheado com gorgonzola, rúcula e a geleia de bacon que é marca registrada do Skillet.

Thais é jornalista e chegou a exercer a profissão, mas não por muito tempo. “Desisti da carreira no jornalismo porque não me via trabalhando 14 horas por dia, seis dias na semana. Justamente por isso, o nosso trabalho com o Clandestino serve basicamente a dois propósitos: viver bem e viajar”, diz ela. O jeito de fazer negócio do casal pode causar desconfiança e até um certo incômodo mesmo entre empreendedores. Embora eles tenham um lugar cativo em Paraty para estacionar o trailer, no Areal do Pontal, eles operam com total flexibilidade de calendário. No dia desta entrevista, por exemplo, uma sexta-feira de inverno ensolarada, o Clandestino não abriu. O motivo? Chris, que acabava de voltar da Ilha Grande, onde passou alguns dias desbravando trilhas, estava a fim de curtir o dia na praia com a família.

clandestino
[Clandestino/Facebook]

Thais fala a respeito do inusitado esquema:“Recentemente, nos demos conta de que criamos um estilo de vida, mas isso foi muito orgânico. O nosso negócio tem a nossa cara e bancamos as nossas escolhas. Se alguém pede hambúrguer achatado e bem-passado, não vai rolar porque esse não é o nosso estilo. Se isso acontece, indico outro lugar e todo mundo fica feliz”

Mesmo atuando dessa forma, eles acreditam que é possível garantir o sucesso do empreendimento de outras maneiras. Uma delas, diz Thais, é fidelizar a clientela local com comida de qualidade. “Com paciência e tempo, eles se transformam em fãs. Nossos clientes nos seguem no Facebook, e por lá acompanham a nossa programação e as movimentações do Clandestino. Isso funciona muito bem.” Mesmo que os dias sejam lindos em Paraty, o Clandestino abre de três a quatro vezes na semana.

É simples, certo? Não. Todo negócio tem seus particularidades. Para Chris e Thais, o ponto mais sensível do modelo de comida na rua é acertar o planejamento das compras, já que a capacidade de estoque é mínima. O Clandestino tem apenas uma geladeira e um freezer. “Tenho que ter sempre comida fresca, mas não posso ter sobras nem desperdícios, pois com isso meu lucro vai para o espaço”, diz a empreendedora.

Ela conta que aprendeu a planejar… Errando. Hoje, eles sabem que num fim de semana normal eles vendem cerca de 50 hambúrgueres. Quando a cidade recebe festivais (como a Flip e o Festival da Cachaça) essa quantidade sobe exponencialmente. Eventualemnte, eles sobem a serra para participar de eventos em São Paulo, como no último Burguer Fest, que aconteceu em maio na capital paulista. Lá, venderam 800 hambúrgueres em 30 horas. Apesar dos gastos extras com aluguel de espaço (em torno de 2 mil reais por quatro dias de festival), a participação vale muito a pena. Com dois anos de funcionamento, o casal já recuperou o investimento inicial, de 10 mil reais.

Leia também: “Empreendedores é que vão salvar o Brasil”, diz Jorge Paulo Lemann

Outro ponto bastante complexo é o transporte do trailer, que foi desenhado pelo próprio Chris e comporta duas toneladas de peso. O fato de viverem em um sítio longe do centro de Paraty, complica ainda mais. O caminho até lá consome 40 minutos. Montar e desmontar o veículo leva mais duas horas. Eles já cogitaram transferir parte da operação para o centro, mas isso afetaria a logística familiar que já está muito bem acomodada. “Já pensei em alugar uma cozinha para o preparo das receitas, mas não teria como fazer geleia de bacon à meia-noite, quando o Noah está dormindo. Além disso, teríamos que ter um espaço para estacionar o trailer e para fazer a limpeza dele. Apesar de algumas dificuldades, achamos que vale muito a pena morar em um lugar mais tranquilo”, diz Thais.

Um dos diferenciais do Clandestino está no relacionamento com a comunidade local. Eles criaram o selo “Clandestino Street Food Apresenta” para oferecer à clientela produtos feitos por moradores da região, tal como cerveja artesanal, pães e torradas, brigadeiro etc. “Queremos trazer pessoas talentosas e valorizar a cultura local. Isso não se resume só à comida e bebida, mas também estendemos esse pensamento ao fomentar os artistas de Paraty”, afirma Chris.

Abrir espaço para os outros é uma característica presente em todos os cantos do Clandestino. Está na arte do trailer, fruto de uma construção artística coletiva, e nas receitas que contam com o toque de muitas mãos amigas. A maionese, por exemplo, feita à base de leite e óleo de girassol, foi incorporada ao cardápio por um ex-funcionário do Clandestino, Max Jaques. Ele trabalhou seis meses com o casal e diz: “O Clandestino vive de turismo, mas pensa muito no cliente local, a relação com a comunidade é respeitosa, aberta e bonita. Não se trata apenas de fazer hambúrguer, mas de promover uma intervenção urbana”.

clandestino 3
[Clandestino/Facebook]

A propósito do histórico de viagens internacionais, o cardápio do Clandestino é reflexo das referências colecionadas ao longo da trajetória do casal. Atualmente há sete opções de sanduíches, que custam em média 20 reais e têm os nomes das cidades de onde veio a inspiração. Para facilitar a operação, as receitas têm ingredientes básicos em comum — a carne, o queijo, as hortaliças e o pão. Os molhos, como o barbecue, a mostrada dijon e as geleias de pimenta e bacon são preparados por Thais na pequena e estreita cozinha do casal (lá na casa, no sítio, lembrando). Enquanto Chris comanda a chapa madrugada adentro, com a ajuda de um assistente, Thais fica responsável pela compra da matéria-prima, pelo gerenciamento do estoque e pelo preparo dos condimentos.

Eles usam papel em vez de plástico para embalar os sanduíches, separam o lixo reciclável do orgânico (que vai para uma composteira caseira) e tentam manter o negócio o mais sustentável possível. Mas sofrem com fornecedores. “Os produtores locais não são articulados e não conseguem atender uma grande demanda. Comprávamos queijo de uma fazenda próxima, mas o produtor desistiu do negócio. O mesmo aconteceu com a nossa fonte de alface hidropônica. Hoje, os únicos produtos locais que conseguimos são a cachaça, as ervas, o pão e o limão, que eu mesma pego do meu quintal”, conta Thais.

Chris acredita que o modelo do Clandestino, embora traduza um estilo de vida bastante único, pode ser apropriado e replicado. Não que eles próprios queiram fazer isso. Thais fala: “O nosso próximo passo é fechar as portas. Isso porque a aura do nosso negócio é caseira e não temos a intenção de mudar isso”. Ela sabe que construiu uma marca com valor, o que dificulta esse desapego (algo que, lembremos, ela e Chris praticam desde que se conheceram). “Hoje, não consigo pensar em vender a marca e simplesmente deixar na mão de alguém. O Clandestino é um filho mesmo”, diz.

Independentemente dos rumos do trailer, fato é que a inspiração clandestina começa a gerar descendentes. Há alguns meses, o casal está assessorando bem de perto uma dupla de amigos que pretende abrir a sua própria hamburgueria em São Paulo, com o selo e o padrão Clandestino de qualidade. Vamos aguardar.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Como a Gates Foundation conecta professores e startups

Bill Gates gesticulando em palestra

Com quase 100 mil escolas e 3,5 milhões de professores, os Estados Unidos encontram um desafio enorme para levar inovação à sala de aula. Apesar de ter capital circulando em quantidade e velocidade muito maiores que no Brasil, as dimensões do país, a estrutura administrativa descentralizada e a burocracia tornam o mercado de soluções tecnológicas fragmentado, o que deixa milhões de alunos ainda distantes de um ensino personalizado.

Para ampliar as oportunidades de todos os estudantes e professores, a Bill & Melinda Gates Foundation atua de diversas maneiras no setor educacional, seja por meio de doações, investimento em empresas ou em rede de escolas. No Brasil para participar da terceira edição do Transformar, Henry Hipps, executivo da ONG (Organização Não-Governamental), participou de reunião na sede da Fundação Lemann que contou com a participação de Porvir/Inspirare, empreendedores e representantes de fundos de impacto social.

Na conversa, o executivo detalhou como a Bill & Melinda Gates Foundation procura atuar tanto na oferta quanto na demanda. Em educação, isso significa olhar para empresas que produzem tecnologia e também para o que acontece na outra ponta, com escolas e distritos, tanto os mais inovadores, já aptos para receber plataformas ou aplicativos, ou aqueles que precisam de um trabalho de conscientização. “Estamos começando a olhar para o meio da curva e entender como podemos apoiar a criação de escala para trabalhar com o que acreditamos. É um grande desafio levar transformação à escola e ao professor médios e fazer com que eles adotem inovação”, diz.

Segundo Hipps, assim como acontece em outros países, nos EUA as instituições de ensino gastam milhões sem saber como as soluções digitais vão impactar o jeito de ensinar e de aprender. “Elas são comandadas por educadores que se preocupam mesmo com as crianças, mas não sabem nada sobre negócios, ou também por burocratas, que também não entendem nada do assunto”, diz.

Para o representante da Bill & Melinda Gates Foundation, a melhor forma de combater o desperdício de dinheiro público é buscar a capacitação para que a negociação com fornecedores aconteça em outro patamar. E é aqui que a Gates Foundation se posiciona, tentando conectar a demanda e a oferta para que um gestor tenha condições de abordar um desenvolvedor de maneira mais incisiva: “Isso é o que precisamos. Se você conseguir fazer e entregar com esse nível de serviço, eu posso comprar”.

Estudos Com o objetivo de fazer um raio-x da situação dos distritos escolares, a organização realizou um estudo quantitativo e qualitativo chamado Teachers Know Best (Professores sabem melhor), que foi apresentado por Hipps no Transformar 2015. Além de elencar os aplicativos favoritos da comunidade escolar e segmentar os professores de acordo com o nível de uso de tecnologia, os dados mostram onde estão os buracos no desenvolvimento e de penetração dos softwares educacionais, como aqueles voltados à alfabetização, que existem em número menor que os de matemática, nos Estados Unidos.

Com o estudo em mãos, a ONG criou um desafio de US$ 5 milhões para fomentar a criação de plataformas que ajudem alunos a melhorar a escrita. Entretanto, Hipps afirma que a estratégia é ir além da injeção de capital e fazer um trabalho de conscientização. “Parte do papel dos investidores de impacto social não é só o dinheiro, mas ter a capacidade de identificar empresas e criar oportunidades”, analisa.

Um outro benefício do Teachers Know Best foi jogar luz sobre o que funciona ou não na opinião dos próprios professores. Entre outros destaques, os dados mostraram docentes buscam em primeiro lugar ferramentas que poupem tempo de aula e que tornem tarefas como correção de prova mais rápidas e fáceis. “Uma das coisas interessantes é que professores, assim como acontece com quaisquer outros profissionais, tendem a avaliar melhor as coisas que eles mesmos construíram. Por terem se envolvido com o processo de seleção, isso deve ser considerado melhor. Só que às vezes não é”, alerta.

O Teachers Know Best também serviu como alicerce a outra pesquisa, denominada Teachers Wallets (Carteiras dos professores), que tem como objetivo mostrar o que acontece quando é dado ao professor poder para decidir quais ferramentas comprar. “É um estudo que ajuda a explicar o que está errado no mercado educacional. Muitas pessoas dizem que os processos de licitação são uma droga e que por isso as coisas não funcionam. Na verdade, é muito mais complicado que isso”.

Segundo Hipps, ao longo da curva de adoção de soluções digitais, mesmo quando os professores dizem querer mais ferramentas, existem algumas cujas características eles jamais vão usar. “Os mais inovadores vão usar, mas eles são só uma parte do mercado, influente, mas relativamente pequena”.

Escolas Como nem sempre as inovações chegam no formato e na velocidade desejadas, algumas escolas, cansadas de esperar pela movimentação do mercado, têm decidido criar suas próprias plataformas. Esse é o caso de instituições como Summit, KIPP Chicago, Merit Prep, e Intrinsic Schools.

Leia também: Confira doze histórias inspiradoras de mudança de carreira

“Um dos casos mais interessantes é o da Summit, localizada na Baía de São Francisco [no estado da Califórnia]. Eles olharam ao redor e fizeram da maneira certa. Não começaram pelas ferramentas, mas pela mudança do modelo pedagógico e do jeito com que a escola funciona. Para o mercado, também foi excelente, porque isso ajuda a ditar o ritmo e faz com que as pessoas entendam o que é possível”. Segundo Hipps, a Summit tem um projeto bem-sucedido graças a sua localização privilegiada, onde é possível encontrar desenvolvedores que se preocupam com a educação. “Eles não só estão construindo novas ferramentas, mas também trazendo fornecedores”, descreve.

Integração Para facilitar o encontro de professores e empreendedores, o Departamento de Educação dos EUA tem criado polos de inovação em diferentes regiões do país. Segundo Hipps, esse é um dos mecanismos ideais para encontrar distritos que estão fazendo um trabalho relevante. “Eu amo essa ideia. Esses polos ajudam na qualificação de empreendedores ao mostrar como são as práticas e quais são as ferramentas necessárias”, diz.

Em um conselho aos representantes de fundos e aos empreendedores presentes à reunião, Hipps reforçou a ideia de que a maior parte do problema não é a injeção de dinheiro. “Precisa ser feito um trabalho na demanda para mudar o jeito que as coisas são compradas e implementadas e valorizadas”. Do contrário, segundo ele, o setor pode assistir à criação de uma bolha em que muitas empresas tentam fazer as mesmas coisas, que correm o risco de nunca chegar às mãos dos professores. Com o tempo, investidores podem seguir para outro caminho e os estudantes saírem perdendo.

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

Como é o trabalho de um gerente regional de lojas?

Muitos carrinhos de supermercado

Em 2015, Jorge Luiz de Moraes Souza, gerente regional de lojas na Casa & Vídeo, completou dezoito anos de casa – um feito raro que destoa das estatísticas nacionais. Considerando todas as faixas etárias, o tempo médio que um brasileiro permanece trabalhando na mesma empresa é de seis anos e dez meses, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para quem não conhece a fluminense Casa & Vídeo, trata-se de uma das líderes de vendas no estado do Rio de Janeiro com atuação nos setores de utilidades domésticas, ferramentas, climatização e eletroportáteis.

Hoje, em um cargo gerencial, ele só vê vantagens em ter trabalhado na mesma empresa por tanto tempo. Elas vão do crescimento na carreira à internalização da cultura da companhia, passando também pela possibilidade maior de aprendizado.

Carreira Jorge começou a trabalhar no setor de varejo aos 17 anos, em um comércio próprio da família. “Aprendi sobre varejo com a barriga encostada no balcão”, ele brinca. “Ter passado pela loja da minha família foi o que me estruturou dentro dessa carreira que eu quis seguir. Eu gostava muito de estar em contato direto com uma diversidade grande de pessoas, tanto os clientes como os fornecedores”, completa.

Ficou lá por quatro anos, quando assumiu o cargo de vendedor junior em uma drogaria carioca. Seu trabalho era buscar formas de vender perfumes e medicamentos na rua, de casa em casa, fora da farmácia. Logo foi convidado para assumir a subgerência de uma das filiais da drogaria e, em um ano e meio, já era gerente da loja.

O cargo de liderança lhe rendeu lições importantes sobre gestão: “Para montar qualquer estratégia, tomar qualquer decisão, você tem que estar voltado primeiramente para pessoas que trabalham com você. Primeiro olhe para a equipe, e depois, junto com essa equipe, olhe para o cliente.”

A posição de gerente regional

Hoje, como gerente regional de lojas da Casa & Vídeo, essa é uma de suas principais funções. “Na minha atividade, eu presto muita atenção no nosso funcionário, que chamamos aqui de associado. Para montar a melhor equipe possível, você precisa entender as pessoas que trabalham para você, quais são suas dificuldades, e só assim você estará preparado para atender o cliente final”, resume.

Foi com a intenção de motivar a equipe que que ele criou o “Mandando Bem”, um projeto interno que envolve as lojas Casa & Vídeo sob a responsabilidade de Jorge. Assim, cada gerente leva para as reuniões estratégicas o seu funcionário de maior destaque, que é reconhecido através de um diploma e medalha pelo seu bom resultado.

Na empresa, existem outros três profissionais com o mesmo cargo de Jorge. Das 91 lojas que compõem a rede, 22 estão sob sua responsabilidade. Isso quer dizer que seu trabalho é tomar conta dessas lojas em todos os níveis.

Assista ao bate-papo do Na Prática com Luiza Trajano, a empresária mais admirada do varejo brasileiro

“A primeira preocupação, claro, é com performance. Eu preciso garantir que cada uma dessas unidades dê resultados. Nós temos metas a cumprir, não só em relação a vendas, mas também serviço e atendimento”, ele explica. “Meu trabalho é ser um facilitador disso, e trabalhar junto com essa equipe específica de cada loja”.

Respondem para ele cerca de sessenta gestores, entre gerentes e sub gerentes de unidades Casa & Vídeo em cidades como Rio das Ostras, Macaé, Araruama e Cabo Frio. A responsabilidade principal do gerente regional é dar condições para que esses gestores entreguem, nas lojas em que trabalham, os resultados que a companhia precisa. “Se os resultados não estão bons, eu ajudo essa equipe a traçar um plano de ações, me coloco à disposição para ajudar”, conta.

Dessa forma, sua rotina envolve visitas às lojas – cerca de duas por dia – e muitas reuniões. Como as unidades que cuida estão distribuídas por nove municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro, e até mesmo no interior, isso representa não só um desafio logístico, mas também em relação à variedade cultural: tanto de clientes como de estilos de trabalho.

Esses desafios, no entanto, servem de motivação para Jorge. Se ele não liga de passar grande parte de seu tempo se locomovendo de uma cidade para outra? Responde que não, porque ama o que faz – o que ele considera, inclusive, condição necessária para se conseguir bons resultados em qualquer lugar. “Para se dar bem no varejo, você precisa gostar do que faz, e no fundo isso quer dizer que você tem que gostar de pessoas”, conclui.

Ambev cria desafio de marketing para selecionar estagiários

copo de cerveja no pôr do sol do Rio de Janeiro

A Ambev está recrutando universitários interessados em passar um fim de semana na sede da empresa em São Paulo e participar de um desafio de marketing que pode render uma vaga de estágio na empresa. Interessados devem se inscrever até o dia 13 de setembro.

O Marketing Challenge está previsto para os dias 25, 26 e 27 de setembro e terá diversas atividades como a criação de narrativas de estratégias para as marcas da companhia que tem nomes como Skol, Brahma, Antarctica, Budweiser e Guaraná Antarctica em seu portfólio.

Os jovens com melhor desempenho nos desafios serão aprovados para as fases seguintes e quem passar por todas as etapas terá a chance de entrar para a equipe de marketing da Ambev.

Leia também: Por dentro da área de marketing de inovação da Ambev

Universitários de qualquer curso podem se inscrever. Os requisitos básicos são: estar matriculado entre o quarto e o último semestre da universidade e querer trabalhar na área de marketing da empresa em São Paulo.

Marketing Challenge da Ambev
Quando:  dias 25, 26 e 27 de setembro
Inscrições: até 0h de 13 de setembro. Jovens devem acessar o site da Ambev, preencher o questionário e enviar o currículo para o email [email protected].

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

Portal lança especial sobre tecnologia na educação

Crianças deitadas no chão brincam no computador

A tecnologia alterou a nossa forma de consumir, produzir, exercer a cidadania e se relacionar. E está, também, mudando a forma de aprender e ensinar. Quando o computador chegou às escolas brasileiras, a proposta era educar para o uso de tecnologias. Hoje, usamos a tecnologia para educar.

Para quem pensa em seguir carreira na área de educação, independente da área de atuação, é importante estar atualizado quanto às tendências do setor. Para muitos especialistas, inclusive, que vai nos permitir superar três grandes desafios da educação: equidade, qualidade e contemporaneidade.

Com a proposta de investigar como a tecnologia está transformando a educação, o Porvir – programa do Instituto Inspirare – apresenta o guia inédito Tecnologia na Educação, que pode ser acessado aqui.

O site foi lançado essa semana na Câmara dos Deputados, em Brasília, durante o Seminário Escolas Conectadas. Em cinco capítulos, o guia temático aborda a importância da tecnologia para a educação; os principais recursos tecnológicos usados para ensinar e aprender; como criar a infraestrutura necessária para usar tecnologia nas escolas; quais os exemplos de aplicação de tecnologia na prática – cases inspiradores; e o que está por vir para o futuro da tecnologia na educação, que destaca tendências.

No terceiro capítulo, por exemplo, o conteúdo do guia Tecnologia na Educação reúne exemplos de governos e redes de ensino que investem na criação de infraestrutura adequada à tecnologia: internacionais (Estados Unidos e Uruguai); e brasileiras, implementados no Paraná, Amazonas e Ceará. Em “metodologias em sala de aula”, são abordados casos de utilização de tecnologia na escola.

Leia também: Veja as inovações que prometem remodelar o mercado de educação

Segundo Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare, a tecnologia não vai resolver todos os problemas educacionais. Para ela, há a necessidade de mesclar o online e offline, que resulta no ensino híbrido – atividades no computador e experiências e interações presenciais, que são fundamentais à promoção do desenvolvimento de forma integral. “É preciso, também, ter cuidado para que a tecnologia não crie uma versão digital de práticas pedagógicas tradicionais. Não é a mera substituição, mas a oportunidade de fazermos coisas impossíveis, de novas abordagens mais disruptivas para trazer a educação brasileira para o século 21. É disso que estamos tratando no guia Tecnologia na Educação”, detalha Anna.

Na análise trazida pelo guia temático, a tecnologia, assim como tem poder de contribuição, também pode prejudicar – seja gerando dispersão, seja ampliando a desigualdade entre os que têm acesso e os que não. Entre as conclusões está a convicção de que a tecnologia pode transformar a educação quando a infraestrutura adequada é garantida para todos, quando se usam recursos digitais diversificados e qualificados e com uma boa formação de para professores usarem recursos digitais. Para essa transformação, a mobilização da sociedade – especialmente família e alunos – são essenciais.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

Sempre que você alcança um sonho, é preciso buscar outro maior

Vinícius Neri, do InEvent

Nascido em Salvador, Vinicius Neris descobriu o seu sonho em São Paulo. Quando tinha 16 anos, sonhava em se tornar engenheiro. Aos 22, começou a empreender durante o curso de Engenharia, na Universidade de São Paulo (USP). Aos 24 anos resolveu trancar a faculdade para focar completamente em seu negócio, depois de ter passado por programa de aceleração na Europa e ter vivenciado a forte cultura empreendedora do Vale do Silício — lá, foi o único brasileiro da sua turma selecionado para temporada na Draper University com jovens de mais de dez países diferentes.

Ele também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu relato sobre as dificuldades de empreender e a decisão de ter interrompido a faculdade para se dedicar a esse sonho:

Quer fazer parte do Núcleo e ter a chance de compartilhar sua história no Na Prática? Saiba mais aqui!

Como todo jovem brasileiro, eu também tinha o sonho de chegar a uma universidade pública no Brasil. Aos 15 anos, quando morava em Salvador, descobri o que era sonhar grande: naquela época era ser aceito no curso de Engenharia no ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, graças a um professor de Física e a outro professor de Matemática. Foi também quando, meio sem querer, percebi que precisava ter mentores, pessoas experientes que iriam me levar a lugares bons que não ainda conhecia, e esses professores se tornaram meus mentores.

Eu não teria muitas chances se permanecesse no colégio que eu estudava, por isso resolvi tentar a sorte em São Paulo, na cidade de São José dos Campos. Só consegui isso graças a esses mentores e a um colega que também nutria do mesmo sonho que eu. Juntos conseguimos uma bolsa de estudo para nos prepararmos para o ITA e também nos tornamos grandes amigos. Ali percebi que precisava ter pessoas boas ao meu lado lutando pelo mesmo sonho que eu. Precisa preencher as minhas fraquezas e também suprir as de outros, nos complementando e nos incentivando.

Em 2010 ingressei na Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, no curso de Engenharia Mecânica, local que me proporcionou um ambiente rico de trocas, contatos e aprendizados para que começasse a empreender. Eu não me adaptei à sala de aula na faculdade. Até fui um bom aluno nos primeiros anos, principalmente pela forte bagagem de exatas do ensino médio, mas a minha vida era nos ambientes de interação com outros alunos da faculdade. Me envolvi com grupos acadêmicos, esportes e eventos.

O que me motivava era criar, inventar, testar, fracassar, aprender e tentar de novo. A sala de aula não acompanhava esse ritmo de aprendizado, tudo era muito lento e o sonho de se tornar engenheiro ficava distante.

Então, no início de 2013, comecei a descobrir sobre empreendedorismo, entender melhor sobre startups e acompanhar grandes empreendedores que estavam motivando pessoas como eu, um tanto desiludidas dos caminhos pré-definidos pela sociedade.

Naquele momento, percebi de fato que os meus aprendizados não podiam ficar limitados à sala de aula e à um diploma. Eu precisa fazer da minha vida a verdadeira escola e aprender todos os dias em qualquer situação que vivesse e através de qualquer canal. Na época em que vivemos, a informação e o conhecimento estão amplamente disponíveis na internet.

Foi aí que a figura do mentor ressurgiu na minha vida e muitos desses empreendedores que eu seguia apenas nas redes sociais se tornaram referências reais pra mim, mesmo eu não os conhecendo pessoalmente ainda. Eu já tinha aprendido que precisava estar perto dos melhores, então faria de tudo para conhecer essas pessoas de sucesso com histórias incríveis e inspiradoras, pois elas me ajudariam a moldar uma atitude e comportamento empreendedor para chegar ao sucesso.

Então, em março de 2013, surgiu a oportunidade de estudar uma escola de empreendedorismo que acabara de ser criada no Brasil. O Seitii Arata, um dos mentores que eu seguia e sigo até hoje nas redes sociais, estava dando 10 bolsas para quem tivesse uma ideia, criasse um projeto e colocasse em prática em poucos dias.

O tempo era curto e eu teria que fazer algo acessível. Eu não tinha muita grana para criar nada muito inovador. Comecei então a olhar ao meu redor e pensar nos problemas que eu ou os meus colegas poderíamos enfrentar. Lembrei então que todos os dias eu ia almoçar no restaurante universitário e várias vezes esquecia caneca, por isso ficava sem tomar suco, e observando o ambiente, percebi que existia uma demanda, pois era algo que ocorria com muita gente também. Não perdi tempo: juntei o máximo de canecas que eu podia, fiz um cartaz e fiquei na porta do restaurante divulgando e emprestando canecas para quem estava sem.

Eu consegui a bolsa, e, além disso, essa atitude chamou a atenção do meu futuro sócio, um grande empreendedor e desenvolvedor de software, a pessoa certa para me complementar nos negócios. Em novembro de 2013, nos tornamos sócios na InEvent, aplicativo mobile de comunicação e interação durante eventos.

inevent
Vinicius e os sócios Pedro Góes e Maurício Giordano [acervo pessoal] 

Empreender era um sonho para mim e consegui começar esse sonho. Mas toda vez que você alcança um sonho você precisa de um outro maior para perseguir.

Vieram então os primeiros clientes e sabíamos que pra acelerar o nosso processo nada melhor do que uma aceleradora de negócios. Conseguimos uma do outro lado do Atlântico! Não pensamos duas vezes, pegamos o dinheiro que tínhamos de clientes e partimos para essa jornada no Lisbon Challenge. De novo, aquela sensação de adrenalina e felicidade de dar mais um importante passo.

Foram três meses muito intensos de aprendizados e altos e baixos no processo de aceleração com mais outras 29 startups do mundo todo. Nos dedicávamos dia e noite pelo nosso sonho e sobrevivíamos nos alimentando com menos de dez euros por dia para os três sócios. Até coelho a gente aprendeu a cozinhar! Voltamos então de Portugal sem novos clientes e com mais dúvidas do que quando fomos. Estávamos sem grana e, se nenhum novo cliente surgisse até o final do ano, a InEvent iria morrer.

Nesses momentos é hora de respirar, reavaliar nosso sonho grande, se ele permanecerá o mesmo ou não e traçar uma nova rota até esse sonho grande. O que não podemos fazer é ficar dando desculpas e não ter resiliência para prosseguir.

Nós somos uma geração de mal acostumados e incapazes de nos prepararmos para os nossos sonhos grandes — eles duram no máximo um mês de ralação. Adoramos falar que pensamos fora da caixa e que estamos criando a próxima ideia de um bilhão de doláres, mas somos incapazes de ter disciplina para estudar conceitos importantes para tornar o sonho viável e trabalhar horas e horas por isto, abrindo mão de curtir férias, finais de semana e baladas com os amigos.

Leia também: Aprenda com a história de sete grandes empreendedores brasileiros

Foi aí que conheci um cara que também acreditava nisso: o criador do Epicentro, um festival de empreendedorismo no Brasil que reúne muita gente boa durante dois dias em Campos do Jordão. Eu acreditei no evento dele e decidimos que iríamos entrar como apoiador, fazendo o app do evento de graça pra ele. Graças a isso, conseguimos um cliente que ele nos apresentou e permitiu continuar rodando com a InEvent por mais alguns meses, era mais um fôlego.

Ao contrário do que a sociedade diz, decidi que não era preciso ter um diploma de graduação para ser bem-sucedido com a minha empresa. Resolvi trancar a faculdade pelos próximos meses.

Também deixei para trás a tranquilidade e conforto do interior paulista para vir morar em São Paulo. Abri mão da vida sossegada em São Carlos para ajudar a cumprir o propósito da nossa empresa: empoderar pessoas em eventos.

Queremos ser responsáveis por mudar a indústria de eventos no mundo e ter pessoas autônomas e felizes trabalhando com a gente, de qualquer lugar do Brasil ou do mundo, sem ter que ir para um escritório todos os dias. Empresas de Internet podem acessar o mundo inteiro, não acreditamos que deva ser diferente para quem trabalha conosco. Não estaremos em nenhum lugar, mas estaremos em todos ao mesmo tempo, graças ao poder que temos com a Internet.

Estamos passando por uma verdadeira montanha-russa todos os dias. O país passa por uma crise econômica e o corte de gastos vem se dando em todas as áreas. Nesse momento é preciso inovar ainda mais no nosso negócio, e não apenas no produto.

Nós podemos até fracassar, que será quando desistirmos de vez da InEvent, caso isso aconteça algum dia. Até lá nós vamos tentar de tudo, inclusive ir ao Vale do Silício captar dinheiro com investidores caso seja necessário. Se a sorte bater a nossa porta, ela vai nos encontrar trabalhando.

Eu sei que é difícil ter um diploma de engenharia por exemplo, mas é muito mais difícil ter um projeto e fazê-lo dar certo, nada vai te ensinar mais do que isso, nem mesmo um MBA de Harvard. Não queira apenas estudar em um MBA, queira sim se tornar um case de estudo e ter sua história estudada por alunos de um MBA. Você vai falhar muito pra tentar chegar lá. Pode ser que na InEvent a gente tente muito e nunca chegue, porém, se nunca lutarmos para isso, é fato que nunca estaremos lá e continuaremos sendo meros espectadores de nossa própria vida.

 

logo_black
O Núcleo é a maior comunidade de jovens transformadores do Brasil, formada por ex-participantes dos programas presenciais do Na Prática. Os membros do Núcleo também têm essa coluna quinzenal no portal Na Prática, espaço exclusivo para contar suas histórias e inspirar mais jovens brasileiros! Saiba mais aqui.

Leia