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Drauzio Varella: ‘O conforto é o seu inimigo’

drauzio varella falando

Drauzio Varella é hoje o médico mais conhecido do Brasil. É também escritor best-seller, com Estação Carandiru. Não bastasse, foi um dos fundadores do cursinho Objetivo, um dos pioneiros no combate à aids no Brasil e por 20 anos dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer, em São Paulo. Nesta entrevista, o cancerologista fala sobre o estresse permanente no ambiente corporativo, os avanços da medicina, o trabalho voluntário nas prisões e seu último livro.

O brasileiro está cuidando bem da saúde?
Não. Cuidar bem da saúde quando você fica doente não é cuidar da sua saúde. Nós temos uma visão da saúde como obrigação dos outros. O cara engorda 30 quilos, bebe, fuma e, quando passa mal, acha que os médicos precisam resolver.

Quais são hoje os piores problemas dos brasileiros?
A obesidade e o sedentarismo. Atualmente, 48% da população adulta está acima do peso. Qual o resultado? Metade dos brasileiros aos 50 anos é hipertensa. Aos 70 anos, são 70%. É gente dependendo da saúde pública para tratar de pressão arterial e dos problemas que ela gera: ataque cardíaco, insuficiência renal, derrame, diabete e cegueira. Não há sistema de saúde que aguente.

Quais os prejuízos à saúde quando se trabalha demais?
A maioria das pessoas que trabalha muito vive em estresse permanente. Falta tempo para descontrair e para fazer exercício. E a vida sedentária é uma tragédia. Um cara que trabalha 15 horas mal tem tempo de chegar ao trabalho e voltar para casa. Tem gente que me pergunta: como eu faço para fazer exercício? Problema seu. Se você não consegue tirar 30 minutos por dia para fazer exercício, está vivendo errado.

Reprodução (Foto: Reprodução)

Como os executivos podem cuidar da saúde?
Tem de achar um jeito de fazer exercício. Subir a escada, pelo menos. Qualquer escritório tem uma escada. Parar o carro longe, para andar um pouco mais. Lutar contra a preguiça. Você considera que o esforço físico é uma desvantagem, mas é o conforto que é o seu inimigo. Ao contrário de outras máquinas, o corpo humano não se desgasta com o exercício físico, ele se aprimora. A circulação fica mais eficiente, oxigena melhor os tecidos, o coração, o cérebro. Ajuda a ter uma função cognitiva mais completa. O segundo conselho é não comer tudo o que lhe oferecem.

Como aliviar o estresse?
Fazer meditação e ioga pode ajudar alguns. Para quem não quer isso, a única alternativa é exercício. O estresse é um mecanismo sem o qual nós não estaríamos conversando agora. Se você dá de cara com um animal no meio da floresta, reage por causa do estresse. O problema do estresse moderno é que você não encontra um animal na floresta. O estresse é permanente. Ao fazer exercício, você libera diversas substâncias que dão a sensação de paz e tranquilidade que falta no mundo moderno.

Leia também: Medicina é a carreira certa para você? Veja as vantagens e desvantagens

O trabalho pode se tornar um vício?
Ele pode se tornar uma compulsão. Acontece muito. Você vê gente para quem a vida só tem sentido no trabalho. Tem aqueles que têm compulsão por compras, por jogo, pela internet. As compulsões têm mecanismos muito semelhantes, que são mecanismos de recompensa, em que você aposta e tem a recompensa imediata. É isso que causa dependência.

Isso pode ser tratado com remédio? A medicina não sabe como tratar compulsões. Não sabe tratar usuário de droga, nem alcoólatra. Quem mais cura alcoólatra no Brasil? Os Alcoólicos Anônimos. Se um grupo de autoajuda cura mais do que a medicina, é porque a medicina está mal.

Que grandes avanços da medicina veremos no futuro? O que teremos serão tratamentos muito mais específicos. Não tem cabimento fazer quimioterapia que funciona só em 40% dos casos. Teremos medicamentos adaptados ao organismo dos pacientes e especialmente ao mecanismo que está na origem da doença. Será possível tratar com o mesmo remédio enfermidades muito diferentes, como câncer, artrite reumatoide e lúpus, porque o mecanismo a ser atacado é o mesmo.

O senhor faz trabalho voluntário em prisões há 23 anos. Como isso começou? Foi no Carandiru, quando fui fazer um filme sobre aids, em 1989. Quando entrei lá fiquei muito interessado por aquele ambiente. Testamos os presos e verificamos que 17,3% estavam infectados pelo HIV, principalmente porque usavam cocaína injetável. Eu me interessei por fazer um trabalho educativo com eles, me envolvi, acabei atendendo doentes e fui ficando. Quando o Carandiru fechou, passei para outras penitenciárias.

O senhor já publicou o best-seller Estação Carandiru, acaba de lançar o livro Carcereiros e está escrevendo mais um. Ele vai se chamar As Prisioneiras. Quero mostrar como funciona uma cadeia de mulheres. Quando uma mulher é presa, o marido larga, o namorado esquece e a mãe desaparece. Se a mãe tem um filho e uma filha presos, ela vai visitar o filho, mas não a filha.

O senhor foi um dos fundadores do Objetivo… Eu cursava a faculdade de medicina da USP e dava aula num cursinho. Naquela época, os cursinhos terminavam em dezembro e só voltavam em fevereiro. Eu e o Di Genio [João Carlos, atual dono do Objetivo], que também estudava na USP e dava aulas, tivemos a ideia de fazer um cursinho de férias. Eu dei o nome de Objetivo, porque era para o curso ser objetivo. No dia em que abrimos as inscrições, cheguei às 8h e tinha uma fila de umas 400 pessoas. Nós tínhamos só duas salas para 50 alunos. Eu liguei para o Di Genio e perguntei: ‘somos só dois, como vamos dar aula para tantos?’. Ele me disse: ‘matricula todo mundo e depois damos um jeito’. Daí você vê a cabeça do empresário. Foi assim que começou o Objetivo. Continuei dando aula lá por 16 anos, mas fiz bem em sair. Não teria dado certo, eu teria me frustrado. Nunca pensei em fazer outra coisa além da medicina.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

Direito digital: carreira une tradição da área ao dinamismo da internet

Homem digitando no notebook

Esse mês, a Folha de São Paulo publicou um Especial elencando carreiras tradicionais e suas novas versões no mercado de trabalho. O jornal ouviu recrutadores, professores universitários e profissionais para destacar trilhas profissionais nas áreas de exatas, humanas e biológicas e novas profissões (ou especializações) derivadas delas – áreas promissoras e profundamente atuais que representam uma oportunidade do jovem se destacar no mercado de trabalho.

Uma dessas áreas é o Direito Digital, que envolve o conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas relacionadas ao universo digital.

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A internet, ao mesmo tempo em que criou novas possibilidades de relacionamentos trouxe ao Judiciário demandas e conflitos até então inexistentes. A advogada Patricia Peck, considerada uma das advogadas mais experientes na área, conceitua Direito Digital como uma evolução do próprio Direito, abrangendo todos os princípios fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicadas até hoje no direito tradicional, mas também introduzindo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico.

Assim, as questões de Direito Digital estão bastante relacionadas com as demais áreas do Direito. Em Direito Civil, por exemplo, é comum ações de danos morais por difamação na internet; em Tributário, existe a questão dos impostos sobre transações online. Na intersecção entre Direito Digital e Direitos Autorais, por exemplo, está um dos debates mais aquecidos: o download de música pela internet sem autorização do autor.

Leia também: Conheça os jovens advogados que criaram um centro de pesquisa em Direito e tecnologia

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Áreas de atuação

Dessa forma, o especialista em Direito Digital lida com assuntos que vão de crimes online a investimentos como financiamento coletivo. Normalmente, este advogado tem três focos de atuação: o trabalho preventivo, a atuação consultiva e a ação judicial. As vagas estão tanto nos escritórios de advocacia como nas empresas que trabalham exclusivamente com internet (e-commerces, por exemplo).

Segundo a Folha, são habilidades valorizadas nesse profissional: interesse por tecnologia e comportamento humano, comunicação oral e escrita eficiente e adaptada aos mais diversos públicos, empatia e agilidade para encontrar soluções rápidas.

“O desafio desta área é aliar as bases fundamentais do direito com a realidade em constante mutação da internet. Muito embora seja imprescindível ter uma boa formação, a prática, seja em escritórios, empresas ou no Poder Judiciário, é fundamental para visualizar os conceitos aplicados ao cotidiano”, escreve Bruno Maccagnan Malvezi, sócio do Soma Advogados.

Onde estudar Direito Digital

Entre as instituições que oferecem cursos de especialização, estão a FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e FMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas). Os cursos costumam durar de 32 a 400 horas, dependendo do grau de aprofundamento.

No vídeo a seguir, produzido pela TV Justiça, é possível saber mais sobre o dia-a-dia do advogado especializado em Direito Digital:

Gestão da Inovação: nova área de atuação para administradores

Equipe fazendo reunião

Esse mês, a Folha de São Paulo publicou um Especial elencando carreiras tradicionais e suas novas versões no mercado de trabalho. O jornal ouviu recrutadores, professores universitários e profissionais para destacar trilhas profissionais nas áreas de exatas, humanas e biológicas e novas profissões (ou especializações) derivadas delas – áreas promissoras e profundamente atuais que representam uma oportunidade do jovem se destacar no mercado de trabalho. Uma dessas áreas é a Gestão da Inovação, processo que envolve o gerenciamento de ideias e inovações de uma organização.

A preocupação em pensar como gerir a inovação surgiu de questões como: Qual a razão de inovar? Onde inovar? Como inovar,? Quando inovar? O que se ganha com a inovação? Hoje, a área está bastante ligada a um tema bastante recorrente: o intraempreendedorismo, ou empreendedorismo corporativo inovador — dentro das organizações.

Leia também: Como é trabalhar com inovação dentro de uma grande empresa?

Perfil para gestão da inovação

Segundo a Folha, o gestor de inovação formula, implementa e gerencia processos de inovação, desde criação de novos produtos a mudança de procedimentos, seguindo os propósitos da organização. Cabe a esse profissional admistrar com eficiência os pilares que sustentam a inovação: pessoas, estratégia, processos e recursos.

Ao interagir com outras áreas, ele vai atuar como uma espécie consultor de inovação para empresas de todos os setores. São habilidades desejadas desse profissional: persuasão e capacidade de influenciar, comunicação eficiente, saber priorizar, ter criatividade, foco na melhoria, resiliência e flexibilidade.

“A área surgiu no departamento de marketing, focada na criação de novos produtos, mas hoje há espaço para este profissional em todos os setores de uma empresa, desde as operações, logística, RH, finanças, planejamento estratégico até sustentabilidade e gestão ambiental, com objetivo de trazer novas ideias para melhorar o desempenho e a eficiência do negócio”, escreve Ricardo Bechara, diretor de inteligência de negócio da Mobly. “É uma área inquieta, em busca de diferenciais para integrar setores, gerar resultados e fazer diferente”, completa. O texto completo está disponível no site da Folha de São Paulo.

Onde estudar gestão da inovação

São vários os cursos de gestão da inovação disponíveis no mercado. Algumas insituições que possuem cursos já estabelecidos são Fundação Dom Cabral, FIA (Fundação Instituto de Administração), ESPM, Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas) e Sebrae. Além disso, a USP (Universidade de São Paulo) oferece curso online e gratuito de gestão da inovação, por meio deste link.

 

‘Desisti do sonho de ser milionário e estou muito feliz no meu emprego’

Trabalhador com mala apreciando vista da natureza

Formado em Propaganda e Marketing pela ESPM, em São Paulo, Antonio Marcello construiu sua carreira na área de TI com passagens em agências, startups e  portais nacionais. Atualmente trabalha como webdeveloper e está finalizando dois projetos na área enquanto, paralelamente, se prepara para estrear como ator em curtas independentes, e termina seu primeiro livro. Como parte de acreditar que é capaz de mudar o mundo, é o idealizador do Despertarium, e hoje faz escolhas pautadas muito mais em realização pessoal do que exclusivamente financeira. A seguir, o empreendedor de 30 anos escreve para o DRAFT sobre como abriu mão do sonho de ser capa de revista:

Ser milionário, quem não quer? Difícil resistir à tentação de poder fazer o que quiser, principalmente quando livros, filmes, cursos e todo lugar que olhamos parecem nos bombardear com dicas de como trilhar esse caminho de sucesso. Há sempre aquele garoto que, na adolescência, teve uma ideia fantástica; ou uma mulher que aos 50 largou uma bem-sucedida carreira para se dedicar a bolos artesanais, ser feliz e ainda fazer rios de dinheiro. É possível ser milionário e feliz, e eu também quero!

Com onze anos aprendi sozinho a programar sites. Aos quinze, já tinha meu primeiro emprego na área. (Acham que) eu sou o mais inteligente da família, o filho prodígio, e que o futuro promissor é tão certo na minha vida como 2 + 2 = 4. Os holofotes já estavam voltados a mim antes mesmo de chegar lá. Como futuro promissor, leia-se “um milionário fantástico, capa de revista por acumular fortunas com um cérebro genial”.

Me formei na considerada melhor faculdade de propaganda e marketing da América Latina. Acreditava que seria um excelente Diretor de Arte mas não me identifiquei com a área. “O que eu tô fazendo aqui?”, era uma pergunta constante enquanto rabiscava o caderno, viajando no meio da aula enquanto o brainstorm rolava solto. No final do 2º ano, pensei em desistir e buscar uma formação em TI – que eu já dominava – mas “eu sou o gênio da família, não posso desistir”.

Bateu desânimo, insegurança e o medo de frustrar as pessoas (mentira, a mim mesmo); respirei fundo, deixei meu orgulho falar mais alto e optei por ir até o fim do curso. Não me arrependo. Embora eu não tenha seguido os tijolos dourados de um renomado profissional da Publicidade, consegui obter uma formação acadêmica fantástica, que é alicerce para os projetos que desenvolvo e também para a forma como conduzo minha carreira – seja ela em qual área for.

Mas, tá, eu ainda quero meus milhões e a lâmpada da genialidade acendeu na minha cabeça: eu sou um programador, que aprendeu sozinho a fazer sites, na era onde os nerds deixaram o limbo de figurantes bobões e se tornaram superstars! Eu estou destinado a ser milionário – é apenas questão de tempo.

Leia também: Por que dinheiro não deve ser a principal preocupação ao escolher sua carreira

Em 2012, cinco depois de finalizar minha graduação, vivíamos o boom da área de TI, momento em que startups surgiam como gremlins: jogou água, nascem mais 5 em algum lugar do mundo. Tio Zuckerberg, bilionário conhecido por fazer fortuna antes dos 30 e ser o fundador da rede social que possivelmente levou meu texto até você, está aqui para nos provar que sim, podemos ser jovens milionários,  começando no quarto de casa com uma ideia bobinha.

Startup é como um grande bolo sem fim: todos querem um pedaço. Não foram poucas as vezes que ouvi, “quero ter uma startup porque é um jeito fácil de ficar rico”. Oi? Eu também estava nesse caminho, me esfacelando para garantir o meu pedaço desse irresistível bolo. A cada momento surgia uma ideia nova, fantástica na minha cabeça. E os olhos, como em desenho animado, ganhavam um cifrão bem dourado

Depois de três anos tendo ideias fantásticas, percebi que eu não estava mais feliz. Ficava meses sem ver os amigos ou enfurnado no meu quarto trabalhando sem parar em linhas de códigos intermináveis. Passava pouco tempo com minha família, mas horas em reuniões, Skypes e trocas exaustivas de e-mails. Estava em um loop frenético e incontrolável em busca da perfeição que garantiria meu lugar ao Sol, na companhia de boas doses de café. Depois de um tempo, sempre descobria uma forma de fazer melhor o que eu já tinha feito minutos atrás.

A  falta de tesão nos projetos aliada a decepções na minha vida pessoal me empurraram para parcerias que conseguiram transformar projetos, que eram objetivos de vida pra mim, em experiências totalmente decepcionantes. Todos queriam comer esse pedaço de bolo milionário também. E eu, como único programador com know-how para desenvolver plataformas e aplicativos com potencial, era a galinha dos ovos de ouro. Os holofotes estavam voltados a mim mais uma vez, só que desta vez era eu o pedaço do bolo.

Não ganhei milhões, mas gastei recursos valiosos: dinheiro, tempo, cérebro, horas de sono, de lazer e prazer. Além disso, acumulei algumas camadas de gordura, os níveis de ansiedade aumentaram, tudo isso misturado a uma boa pitada de humor ranzinza. E todo esse desgaste em prol de “um bem maior”. Ironicamente, eu “me escravizei” com a desculpa de que estava construindo meu caminho de liberdade

Eu era uma bomba-relógio prestes a explodir a qualquer momento. Fuéeen, errei feio, errei rude. Desisti de ser um milionário.

O primeiro a saber da minha decisão foi um grande amigo – e também sócio em grande parte dos projetos que desenvolvi -, “eu quero desistir, nada disso faz sentido pra mim.” Para minha surpresa, ele também sentia a mesma coisa e salvamos da berlinda apenas dois projetos que fazíamos com prazer e que continuam fazendo sentido pra gente.

Como acredito na sincronicidade das coisas, nada é por acaso e tudo que deu errado, na verdade deu muito, mas muito certo. Me mostrou que o caminho que eu estava seguindo era um equívoco. Que, independentemente das responsabilidades que eu tenho, eu não preciso me escravizar.

Eu tenho um emprego que amo, onde me sinto realizado, onde tenho estabilidade, reconhecimento e divido o dia a dia com pessoas queridas. Tenho ainda a possibilidade de fazer os cursos que gosto, me dedicar ao meu primeiro livro, dirigir, produzir e atuar em alguns curtas autorais e experimentais, e me dedicar à marca de doces artesanais, feitos pela minha mãe. E, caraca, eu sinto muito mais prazer em escrever essas últimas linhas do que o que eu senti nos últimos três anos enquanto estava imerso nesse ritmo alucinado de “quero ser um milionário”. 

Aprendi que ser milionário não é um destino, mas sim o reconhecimento do que fazemos com tesão, paixão e dedicação. E se mirarmos apenas no pote de ouro, vamos deixar de aproveitar todas as coisas incríveis que estão ao nosso redor, das quais abrimos mão ao longo do caminho, muitas vezes sem perceber. Claro que quero ter uma vida confortável, poder esbanjar de vez em quando e me dar alguns luxos; quem não quer? Mas antes disso, quero ser feliz, quero dividir o meu tempo com pessoas que amo e me dedicar a projetos que sejam ricos em qualidade mas que, acima de tudo, façam sentido pra mim.

E com uma leveza fantástica que há muito, mas muito tempo, eu não sentia, posso dizer que desistir de ser milionário foi umas das decisões mais libertadoras e felizes que eu fiz na minha vida. E, sim, eu me sinto muito realizado em ter desistido.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Steve Jobs não seria contratado por nenhuma empresa, diz recrutadora

Steve Jobs em palestra

O jovem que deseja construir uma carreira de sucesso precisa ter, além do diploma universitário, maturidade emocional para lidar com as exigências do trabalho, explica a executiva Irene Azevedo, diretora da empresa de recrutamento Lee Hecht Harrisson, em entrevista à Folha de São Paulo.

Para ela, os processos seletivos estão cada vez mais complexos e sofisticados, até mesmo para vagas de estágio. “O Steve Jobs não entraria nas organizações atuais porque nem faculdade ele tinha. Esse é o mundo onde vivemos, com exigências altas”, diz.

Características fortes Segundo Irene, o que vai diferenciar os candidatos em um processo seletivo não é a eficiência e nem mesmo as capacitações técnicas. “Ser proativo, capaz de se comunicar já se tornou o básico. São as características comportamentais que vão fazer a diferença”, explica. Faculdades de ponta, da mesma forma, não garantem a vaga. “Uma boa faculdade é um cartão de visitas. E o cartão de visitas, sozinho, não adianta”, comenta.

Hoje, as principais características que o mercado busca no jovem profissional são flexibilidade e adaptabilidade. “As organizações estão se transformando rapidamente, e os profissionais, de qualquer área, precisam ter a capacidade de se adaptar ao novo cenário”, completa Irene.

Por outro lado, a característica que Irene mais sente falta na nova geração é resiliência. “É preciso exercitar um pouco mais a capacidade de ser resiliente, de envergar mas não quebrar. É importante ser mais persistente nas suas ideias e, principalmente, não se abater quando ouvir um ‘não’. O ‘não’ é só uma resposta, não é o fim do mundo”, diz a recrutadora. A entrevista completa pode ser lida no site da Folha de São Paulo.

A seguir, veja as dicas de Sofia Esteves, fundadora da Cia de Talentos, sobre como se destacar em processos seletivos:

O “Mito”: carreira em tecnologia da informação em uma startup mineira

Jovem trabalhando no escritório

Por trás dos códigos complexos de programação envolvidos nas soluções em vídeos oferecidas pela SambaTech, empresa mineira de internet, está uma equipe de Tecnologia de Informação (TI) qualificada e diversa. Um dos membros desse time chama a atenção por sua simplicidade e competência: Felipe Maia, de 29 anos. Com uma trajetória marcada pela determinação, conquistou seu espaço no mercado — tanto que tem rejeitado propostas de trabalho sonhadas por muitos — e, hoje, se encontrou profissionalmente na startup que respira inovação.  

Felipe começou a trabalhar na área de Tecnologia de Informação aos 16 anos, como técnico de informática. “Fiz um curso básico no Senac sobre montagem e manutenção de computadores. O resto eu aprendi na prática, só com a curiosidade”, explica. Simultaneamente, estudou o ensino médio em uma escola pública e conseguiu entrar na faculdade por meio de uma bolsa integral do Prouni, no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Aos 19 anos já era administrador de sistemas do Hospital das Clínicas, um dos maiores de Belo Horizonte.  Mas seu caminho profissional ainda não estava no rumo almejado. “Eu estudava desenvolvimento na faculdade e trabalhava com infraestrutura de informática. Aprendi muito com infraestrutura e carrego até hoje boas experiências dessa época, mas sentia a necessidade de trabalhar com desenvolvimento, algo que me fascinava”, explica.

Mudança de direção definida, passou por duas empresas no setor de desenvolvimento até chegar a SambaTech em 2012. E ele soube esperar pela sua oportunidade na empresa. “Já tinha enviado um currículo três anos antes. Vi que tinha uma empresa com a cultura bem interessante e mandei o currículo, mas não fui chamado”, conta.

E a espera valeu a pena. Hoje, Felipe se sente realizado e identificado com a empresa, que está entre as 40 melhores do país para se trabalhar na categoria Tecnologia da Informação segundo o prêmio GPTW – Great Place to Work (Melhores Empresas para Trabalhar) em 2015. “A Samba é uma empresa completamente diferente das outras que trabalhei. Escolhi trabalhar aqui por dois motivos: sou movido a desafios e pela cultura da empresa. A valorização pessoal é enorme aqui, a empresa te dá toda a estrutura possível para você desempenhar seu melhor. As pessoas não medem esforços nesse sentido aqui. Lá fora, às vezes, é muito burocrático até para conseguir uma caneta”, exemplifica.

Leia também: Por que trabalhar em uma startup antes de começar a sua?

A identificação é tão grande que recentemente ele recusou uma proposta para trabalhar em um dos maiores portais de comunicação do país “Sondagens acontecem, até pelas empresas que acham meu perfil no LinkedIn. Mas, posso dizer que trabalhando na Samba tenho grandes desafios na área de tecnologia, além de ser uma empresa que fomenta a inovação ”. Pelo visto, os duelos no videogame contra o CEO da empresa, Gustavo Caetano, irão prosseguir. “Ele (Gustavo) perde a maioria no FIFA, mas são bons jogos”, brinca.  

Simplicidade Por sua capacidade, Felipe Maia é conhecido internamente na Samba como “Mito” (apelido revelado pelos colegas). Calmo, se veste de maneira simples e costuma falar baixo. Mas quando está à frente de um computador se transforma em um gigante, comandando projetos de destaque na Samba (como o Moony, uma espécie de Netflix da Samsung).

“Para falar a verdade é difícil resumir o que fazemos, tamanha a amplitude de tarefas.  O melhor resumo da minha responsabilidade talvez seja: potencializar a produtividade dos times e o padrão de qualidade dos produtos desenvolvidos pela área de tecnologia da empresa. Considero a tecnologia uma extensão do corpo humano, deve ser usada para facilitar nossas vidas. Tenho paixão pelo que faço, nenhum dia é igual ao outro. Isso é bem característico de uma rotina de startup. Conseguimos aprender muita coisa diferente a cada dia”, ressalta.

Nas horas de lazer (ele afirma que tem tentado diminuir a frequência de noites viradas trabalhando), curte sair com sua filha de 10 anos e procura ficar longe das máquinas. “Não sou um cara que gosta de ficar no computador nas horas vagas. Gosto de passear com minha filha, ir relaxar em uma cachoeira. Desligo totalmente e quando volto para o trabalho chego com a bateria recarregada. Acho que fujo do estereótipo de TI. Pensam que TI é para nerds que gostam de filme de super-herói. Eu sigo minha vida de uma maneira bem simples”, afirma.  

Um dos hobbies é escutar música. Curte rap, soul e funk dos anos 80. “Sou tão curioso que quando gosto de uma música eu investigo de onde veio aquele beat (batida), procuro saber a história daquele ritmo”, conta o desenvolvedor.

Quando perguntado sobre o futuro, evita projetos a longo prazo. Mas, deixa algo bem claro: quer sempre se sentir desafiado. “O ser humano está sempre evoluindo. Independentemente de onde eu chegar, sempre terei que dar um passo a mais. Sou um cara inquieto. Ouvi uma frase que mexe comigo: a comodidade é arqui-inimiga da evolução”, conclui.

‘Troquei emprego no banco Goldman Sachs por negócio no Brasil’

Jovem na estrada

O americano Jacob Rosenbloom deixou um emprego no Goldman Sachs, uma das maiores instituições financeiras do mundo, para investir em uma startup no Brasil – e não se arrepende. “Se fosse hoje, eu investiria três vezes mais”, diz Rosenbloom.

Ele é um dos sócios da Emprego Ligado, uma agência de empregos que usa geolocalização para recrutamento de candidatos e atende clientes como Habib’s, St. Marche e JBS. No início deste ano, a empresa foi premiada pelo Google por seu empenho em tentar melhorar a qualidade de vida das pessoas. “Nossa meta não é apenas juntar candidatos e empresas”, diz Rosenbloom. “Nós selecionamos, entre os melhores para a vaga, aqueles que moram mais próximos do local onde será o trabalho.” Em cidades como São Paulo, com distâncias extremas, isso faz uma baita diferença – para o dia a dia do trabalhador e também para as empresas, que conseguem diminuir a taxa de rotatividade dos funcionários. “Quando a distância entre a casa e o escritório é menor, o turnover pode diminuir em até 50%”, diz Rosenbloom.

Desde a fundação, a Emprego Ligado já recebeu aportes de mais de 20 investidores, entre fundos e angels. Somente no final de 2014, foram US$ 7 milhões de um grupo que incluiu Moshees Capital, e.bricks (do grupo RBS) e Qualcomm Ventures.

Formado em engenharia por Stanford, uma das universidades mais respeitadas do mundo, Rosenbloom chegou ao Brasil em 2007, como analista de investimentos para a América Latina do Goldman Sachs. Foi o primeiro expatriado do banco no país. “O trabalho me deu oportunidades de entender melhor o cenário brasileiro e perceber quais as possibilidades de bons negócios por aqui”, diz Rosenbloom. Antes de ingressar no banco, em 2004, ele já tinha passado pelo Lehman Brothers e havia morado em vários países, onde se envolveu em diferentes projetos ligados a direitos civis, meio ambiente e empoderamento econômico.

Ainda assim, não foi fácil convencer a família quando decidiu mudar-se de vez para cá para investir em uma startup. “Eles não entendiam por que estava abrindo mão de uma carreira, com perspectiva de vida muito confortável, por algo tão incerto”, diz Rosenbloom. Nesta entrevista, ele conta os motivos de sua escolha, fala sobre seu negócio e explica por que faria tudo de novo.

Leia também: Como conseguir um emprego no banco americano Goldman Sachs

Por que deixar um emprego em uma das maiores instituições financeiras e abrir mão de algumas certezas, como boa remuneração, para colocar dinheiro em uma startup no Brasil?
Eu não acho que abri  mão das coisas. Ao contrário. Eu abri muito mais possibilidades para minha carreira e para minha vida. Eu estudei em Stanford, um ambiente onde se incentiva a criatividade e o empreendedorismo. Isso somente aumentou a minha vontade de empreender. Quando cheguei ao Brasil, em 2007, fiquei muito bem impressionado com as coisas que estavam acontecendo aqui. Gostei e decidi que queria investir em algum negócio no país. Daí, até a decisão final, em 2012, tive tempo de refletir e planejar tudo.

Foi um proceso difícil?
Para mim, não. Mas tive um certo trabalho para tentar tranquilizar meu pai sobre a certeza da minha decisão. O problema não tinha a ver com a escolha pelo Brasil, mas sim com abandonar um emprego que na concepção dele dava segurança, com perspectivas de vida muito confortável. Meu pai tinha o maior orgulho de ter um filho que trabalhava no Goldman. Desde que entrei no banco, ele me apelidou de Gold Man (algo como homem de ouro, em um tradução livre). E vivia dizendo, esse é o meu Gold Man. Então, foi bastante complicado. Ele não entendeu. Não gostou. Meu pai é contador, trabalhou a carreira inteira em uma mesma empresa. É difícil para pressoas como ele aceitar mudanças, sobretudo quando elas representam uma certa insegurança em relação ao futuro. Demorou dois anos até ele acreditar que, de fato, estava tudo bem. Hoje, acho que ele está bastante satisfeito com minha escolha.

Mas você dependia de recursos da família para começar o negócio?
Não. Eu tinha minhas economias. Juntei o equivalente a R$ 150 mil e consegui outros três sócios, incluindo dois amigos da universidade. No total, foram R$ 450 mil de investimentos.

O que a Emprego Ligado tem de diferente de outras agências de emprego?
Além de utilizar algorítimos para encontrar o melhor candidato para cada vaga, considerando por exemplo qualificações e histórico profissional, a Emprego Ligado também usa geolocalização. A gente seleciona os candidatos e oferece às empresas aqueles que, além de tudo, são os que moram mais perto do local de trabalho. Isso ajuda a diminuir a rotatividade. Nas áreas operacionais, o turnover pode chegar a 40% em seis meses. Em alguns casos, ao contratar funcionários que moram mais perto do emprego, a rotatividade tem se reduzido em até 50%.

Quais têm sido os resultados até agora?
Quem paga pelo serviço são as empresas e nós temos clientes de diferentes perfis entre as grandes corporações do Brasil. Atendemos grupos de telemarketing e também varejo, como Habib’s e St. Marche. Nossa receita aumentou 15 vezes entre 2013 e 2014. Mas não posso divulgar números. Temos uma série de sócios, são mais de 20, e está acordado que faturamento é um dado estratégico que por, hora, não será divulgado.

Leia também: Veja a rotina de um analista de crédito no Goldman Sachs

Como funciona uma empresa com mais de 20 sócios?
Na verdade, no total, são quase 40. É um modelo muito comum no Vale do Silício. Nós temos mais ou menos 20 sócios investidores, entre fundos e angels, que não participam da operação. Além deles, entre os profissionais trabalhando no negócio, são outros 20.

O quadro geral do Brasil é pior hoje do que em 2007-2008, quando você chegou. Se fosse agora, você ainda deixaria um emprego para colocar parte de suas economias em uma startup aqui?
Sem dúvida. Agora, mais do que nunca. Eu gosto de empreender. Além disso, quando cheguei aqui, era caro investir no Brasil. Hoje, com câmbio favorável ao investidor estrangeiro, certamente poderia pensar em abrir um negócio, três ou quatro vezes maior do que o nosso à época. Eu não me arrependo. E se fosse hoje eu investiria muito mais.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios, onde é possível ler o texto completo

Especial Na Prática: tudo sobre a carreira empreendedora

Lousa com brainstorming

Está em dúvida se a carreira empreendedora é ou não o melhor caminho para você? A pergunta não é fácil e, para te ajudar a descobrir a resposta, preparamos o Especial Empreendedorismo #1 explicando um pouco mais a realidade, o perfil e dos desafios dos empreendedores.

Especial Na Prática: tudo sobre a carreira de empreendedorismo

Abrir o próprio negócio não é fácil, leva tempo e muita dedicação. Vai exigir sacrifícios e foco total. Se, no fundo, empreender não era algo que te traria felicidade e ralização, colocar tanta energia nisso pode gerar um grande arrependimento. Por outro lado, essa pode ser a chance da sua vida e você o próximo brasileiro a encabeçar a lista da Forbes.

Você sabe porque quer empreender? Qual sua ideia de negócio? Como é o dia a dia do empreendedor? Como se preparar para empreender? Dá pra fazer ainda na faculdade? É possível ser um empreendedor sem ter que abrir um negócio próprio? Descubra a resposta para esta e outras perguntas no Especial Empreendedorismo #1:

‘Não existe caminho curto nem solução fácil para o sucesso’, diz CEO da Gol

Presidente da GOL Kakinoff

Desde muito cedo Paulo Kakinoff, um apaixonado por alta tecnologia e engenharia, especialmente quando aplicadas à vida das pessoas, gerando boas soluções e grandes negócios, soube o que queria fazer da vida.

Kaki – como é conhecido – foi contratado pela Volkswagen ainda como estagiário, assim que terminou um curso técnico no ensino médio. Não poderia ter começado num lugar melhor – uma indústria que comercializa engenharia e alta tecnologia na forma de 50 milhões de veículos por ano no Brasil.

Paulista, nascido em Santo André, Kakinoff ganhou o sobrenome complicado do avô, um imigrante que veio da Bielorrússia tentar a sorte no Brasil. A filosofia da família, de que só trabalhando duro se chega a algum lugar, parece ter passado de geração em geração. Durante os 19 anos em que esteve na Volkswagen, Kaki teve o que alguns chamam de “carreira meteórica”, que ele considera apenas fruto de muita dedicação.

Foi representante de assistência técnica, coordenador administrativo, gerente de vendas, até chegar, aos 29 anos, a diretor de Vendas e Marketing da companhia. Em seguida seria convidado a assumir um cargo na matriz, na Alemanha, se tornando diretor executivo para a América do Sul. De volta ao Brasil, em 2009, assumiu a presidência da Audi no país.

Sem medo de perguntar nem de aprender nem de desafios, Kaki é tido como um executivo ousado e inquieto. Na Volks, chegou a acampar ao lado da linha de produção para ver como se montava um carro, peça a peça.

Há três anos, ele assumiu a presidência da Gol Linhas Aéreas, hoje a maior companhia aérea do país, com 36% do mercado nacional e faturamento de 10 bilhões de reais no ano em 2014, um incremento de 12,4% frente a 2013. Desde 2010, já era conselheiro independente no Conselho de Administração da empresa. E está fazendo o curso de pilotos da companhia. Carismático, Kaki entra nos aviões, conversa com passageiros e promove encontros frequentes com funcionários e tripulação.

Formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, e com pós-graduação em Gestão Internacional, Kaki acredita que nada acontece por acaso. Recusa o adjetivo de brilhante ou de rising star. Diz que deve seu sucesso profissional unicamente ao trabalho duro.

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Fora do escritório, aos 41 anos, Kaki gosta de velocidade, de praia e de neve. Nesta Entrevista Draft, ele nos mostra, felicíssimo, fotos do filho João, nascido há pouco mais de um mês. E confessa que, desde o nascimento do herdeiro, pensa duas vezes antes de pisar fundo no acelerador – o dos bólidos, claro, porque o da carreira continua no talo.

A seguir, leia a conversa com o executivo:

Você tinha uma carreira muito bem-estabelecida e promissora na indústria automobilística. Por que aceitou o desafio de assumir a presidência de uma companhia aérea?
Não há nada mais fascinante, feito pela mão do homem, do que um avião. E penso isso muito antes de vir para cá. Imagine uma tecnologia que coloca no ar equipamentos de 100, 120 toneladas, carregando até 500, 600 pessoas num nível de conforto similar ao que temos nesta sala. Isso tudo numa velocidade de 900 km/h, a uma altitude de 10 mil metros, e com temperatura externa de -55oC. É evidente que existem coisas ainda mais sofisticadas, como um ônibus espacial ou um satélite, mas nenhum destes outros combina este nível de tecnologia com o mercado de consumo em massa. No Brasil, 100 milhões de bilhetes são vendidos todo ano. Só na Gol, são 38 milhões de passageiros de janeiro a dezembro.

Na Volkswagen, você chegou a acampar ao lado da linha de produção. Fez coisa parecida ao entrar na Gol?
A Gol me abriu um universo totalmente novo. A Audi no Brasil é uma limitada, a Gol tem capital aberto. A Audi vende fundamentalmente produto, a Gol oferece serviços. A Audi está muito focada nos públicos das classes sociais A e B, já a Gol possui um espectro amplo de classes. A Audi está focada no mercado brasileiro e a Gol voa para 13 países. Enfim, elas são quase o oposto uma da outra. Aqui, me deparei com um nível de tecnologia colossal. Semelhante àquela imersão que fiz na Volkswagen, meu desafio na Gol foi me aproximar do universo da aviação vivendo essa realidade. E a minha escolha foi fazer o curso de piloto da companhia.

Já se formou?
Ainda tenho algumas horas até ganhar o direito de ser um comandante, voando solo, um piloto privado. Aqui entre nós, eu pouso muito mal (risos). No mundo da aviação, as coisas se expressam em siglas. Elas existem aos milhares e o conhecimento destas siglas é fundamental para quem trabalha no meio. Há três anos o que mais tenho feito é estudar aviação. Estamos instalando em nossos aviões agora uma nova peça nas asas, um recurso que permite aos nossos equipamentos ganharem quase uma hora a mais de autonomia de voo. Isto representa um caminhão de receita adicional em economia de combustível. É o estado da arte em tecnologia, e aerodinâmica pura. Esse tipo de disrupção acontece todo dia.

O que é mais divertido de pilotar: um avião da Gol ou um carro da Audi?
(Risos) O avião da Gol eu nunca pilotei, a não ser em simulador. O curso de piloto privado é em monomotores. Para assumir a posição de copiloto em um dos menores aviões da Gol, é preciso ter, no mínimo, 1000 horas de voo. Mas o nível do simulador hoje é tão grande que é impossível não ter a sensação perfeita de estar a bordo da aeronave, nas situações climáticas de um dia chuvoso, por exemplo. É perfeito, possui um nível de realismo impressionante.

O automóvel está sendo selvagemente ressignificado hoje. De repente, o que era uma aspiração de consumo, um sinônimo de status e de sucesso, virou um vilão. O carro está deixando, inclusive, de ser visto como um rito de passagem importante pelos mais jovens. Como você avalia esse fenômeno?
Nos próximos vinte anos, não teremos uma ruptura tecnológica que traga uma nova solução de mobilidade individual. A frota mundial de carros não será substituída neste período. Mas a mudança comportamental de consumo, esta sim, tende a ter uma grande ruptura que virá da geração hoje adolescente, que vive nas grandes cidades. Eles têm uma visão do automóvel quase antagônica àquela da minha geração. Para mim, foi o primeiro e durante muito tempo, único objeto de consumo que desejei ter. O uso do automóvel, que já significou liberdade e independência, está cada vez menos prazeroso. E é curioso porque o ambiente dentro do carro nunca foi tão confortável, sofisticado, tão abundante em entretenimento. Ao mesmo tempo, o automóvel pressupõe mobilidade, algo cada vez mais difícil nas grandes cidades com o trânsito tão complicado.

Que futuro você enxerga para a mobilidade urbana?
A combinação do carro com outros modais, tão significativos quanto o próprio automóvel. Continuaremos a ter carros para viagens e estradas, mas nas cidades, veremos uma restrição cada vez maior ao tráfego de veículos, como acontece hoje em Londres, onde o acesso ao centro é caro e sobretaxado.

Qual será o impacto desta nova realidade na indústria automobilística?
A indústria já mapeou esse cenário e está muito rapidamente se estruturando para essa mudança. A face mais visível disso está associada ao consumo de combustível. Há uma grande revolução no que os motores atuais estão gerando de potência em relação ao consumo. A cada 10 anos, a indústria consegue extrair de cada cilindrada, um rendimento 20% superior do motor.

Você era presidente da Audi no Brasil e era tido como um rising star dentro do grupo Volkswagen. O que lhe fez trocar aquele encarreiramento, aparentemente mais certo, por esse novo desafio, aparentemente mais incerto?
Nestes 22 anos de carreira profissional, não topei com nada mais excitante do que um desafio complexo. Lembro da sensação de quando entrei na Volkswagen como estagiário. Aquela empolgação, combinada a uma percepção de estar sendo inundado por inovação, é única. Espero ter a chance de reviver aquela sensação muitas vezes ainda em minha vida profissional. Isso só se consegue indo para um universo que é totalmente diferente do seu. O que mais atraiu (ao assumir a Gol) foi entrar em um ambiente que me permitiu absorver o mesmo volume de informação nova de que desfrutei quando era estagiário. Foi a fase em que dei o maior salto, em menor tempo. Essa é a sensação que tenho aqui na Gol agora. Neste período de três anos, o volume de conhecimento adquirido é algo que dificilmente eu teria, fazendo o que fazia antes.

Que tipo de conhecimento?
Nos últimos três anos, fizemos três emissões de bonds (títulos de dívidas de longo prazo emitidos no mercado internacional), um IPO (sigla de Initial Public Offering, quando uma empresa vende pela primeira vez ações para o público), renegociação de debêntures, uma operação estruturada com a Delta, algo inédito no mercado financeiro aqui no Brasil. Tudo isso compõe um portfólio riquíssimo e vasto, em uma área para a qual eu tinha pouquíssima exposição.

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Sob sua gestão, a Gol melhorou muito os resultados operacionais. Qual foi a receita?
Trabalhamos para fortalecer a coluna vertebral da empresa. É um compromisso e busca incessante em ser a companhia com custo operacional mais baixo do mercado. Para isso, há que se investir muito em ganhos de eficiência, o que a empresa tem feito. Há, por exemplo, uma relação entre número de colaboradores nos aeroportos e aeronaves que temos. Todos esses indicadores apresentaram nos últimos três anos ganhos de 20% a 30%. Há um investimento muito grande em tecnologia. Acredito que esse é o grande fator catalisador de tudo que estamos fazendo na Gol.

Você poderia dar um exemplo prático do uso de tecnologia?
O melhor exemplo é uma exclusividade da empresa – que até registramos como criação nossa. É um aplicativo da Gol, o primeiro e até então, único no mundo, que combina informações de geolocalização do passageiro com as do tráfego. Com isso, quatro horas antes do voo, conseguimos monitorar onde o cliente se encontra e como estão as condições do trânsito ao seu redor. Se o sistema mostrar que ele não chegará a tempo para embarcar, antes dele ficar angustiado ou tomar a decisão de dirigir que nem um maluco para chegar ao aeroporto e tentar convencer nosso atendente que precisa embarcar, enviamos uma mensagem a ele disponibilizando as opções dele – inclusive a remarcação do bilhete.

Procurar problemas para resolver, “comprar ações na baixa” na hora de trocar de emprego, essa é uma estratégia de carreira que você recomendaria?
Na minha trajetória, parece até que tem uma conexão masoquista, de quem gosta de sofrer. Mas não é verdade. Acho que você, para ser um bom executivo, precisa realmente ter uma vocação para gostar de problemas. Alguns não se identificam com o que estou falando – trata-se daquela pessoa que se vê diante de uma equação muito complexa e se desmotiva antes mesmo de tentar. Quanto a mim, o que me alimenta é o desafio. Na minha opinião, o desafio de verdade é algo que, em um momento inicial, você se julga incapaz de resolver, mas que, ao enfrentar, produz aprendizado. Isso me atrai demais. Para mim, esse é o único jeito de evoluir.

Qual é a estratégia de carreira que você não recomendaria a ninguém?
Ao longo destes anos desenvolvi uma convicção em torno de um clichê exaurido: não consigo imaginar a combinação de uma existência, do ponto de vista profissional, mais miserável e ao mesmo tempo, improvável de ter êxito, do que se dedicar a uma carreira que não seja fundamentada por fazer aquilo que se gosta.

O que mais é preciso para se ter uma carreira de sucesso?
Tenho uma enorme gratidão por ter passado por uma empresa (Volkswagen), cujo o programa de desenvolvimento de executivos foi implementado seriamente. Entrei lá como estagiário e fui sendo formado, treinado e desenvolvido ao longo de todos os anos, para assumir posições de liderança na companhia. Entrei na Volkswagen em 1993 na base da carreira executiva e, em 2004, assumi o cargo de Diretor de Vendas e Marketing. Foram onze anos em que a empresa me expôs a experiências em diversos setores, da formação acadêmica à vivência internacional.

Então eu sou o resultado de um projeto consistente de desenvolvimento de executivos, baseado num modelo diametralmente oposto ao que vejo hoje ser quase que a totalidade da literatura disponível nas livrarias sobre carreira profissional. Os títulos variam entre “As 10 regras de ouro do executivo que quer vencer”, “Os 5 mandamentos de quem quer chegar ao topo com menos de 30 anos”. Isso não existe. A vida está sendo descrita em um manual de instruções. Hoje as pessoas consomem isso vorazmente, imaginando existir atalhos. A minha grande cruzada hoje é demonstrar que atalhos não existem. O segredo é a dedicação, o trabalho duro, o compromisso, a curiosidade, aprender sempre.

Você fala da importância do sistema, da solidez de uma engrenagem bem montada, versus o acaso, a inspiração isolada. É um pouco o raciocínio que explica os 7 a 1 para a Alemanha. Mas… há espaço para o brilho criativo e para o improviso num mundo montado ao redor de processos?
Sim, mas o que é o improviso e o insight para mim, hoje? São experiências que vivi e que nem sei onde estão guardadas dentro de mim, mas que estão aqui e se rearranjam em uma combinação inesperada sempre que a necessidade surge. Ao fazer uma apresentação, me vejo com eloquência para falar publicamente, com uma estrutura retórica eficiente, e tenho certeza que isso é fruto de uma lapidação de anos, de muito acúmulo. Esse é o ponto: não há caminho curto ou solução fácil. Não descarto, entretanto, que existam pessoas brilhantes, que chegam lá de outro modo. Mas esse é um grupo extremamente restrito. Não há muita coisa que você possa fazer para fazer parte dele ou não. E há milhões de pessoas que estão entrando no mercado de trabalho, e que não podem se basear na expectativa de ter este tipo de talento absolutamente fora da curva para chegarem lá.

Como se inova dentro de uma grande corporação?
Aqui na Gol, somos 16 mil pessoas. A maior parte delas é apaixonada por aviação e tem muita experiência. Faça esta pergunta para esse exército e você já terá um volume interessantíssimo de propostas. Aí o trabalho de inovar, de melhorar seu produto, seus serviços e seu processos, já passa a ser praticamente realizar uma curadoria bem feita dessa inteligência. O ambiente de inovação é característico em nosso setor. Quando se tem essa massa de ideias – que também vem de parceiros de ponta, como a Boeing – encontrando um grupo de executivos que respiram inovação, a luz acontece.

Há um setor estruturado na empresa para a inovação?
Temos um processo estruturado para colher essas ideias. Elegemos a área de Tecnologia de Informação como grande think tank da empresa, que provoca as demais áreas a se reinventar constantemente. Fazemos uma abordagem de uma companhia de TI em áreas que são tradicionalmente analógicas.

Dá para empreender sendo executivo dentro de uma grande empresa?
Totalmente. Não me ocorre como dissociar uma coisa da outra. Nos últimos cinco meses, começamos a voar para Mendoza, na Argentina, Paramaribo, no Suriname e Tobago. São três localidades que nunca ouviram falar na marca Gol, onde não tínhamos um funcionário sequer e nem a empresa aberta. E em todas elas, não entramos para perder dinheiro. São três startups, literalmente. Sem um espírito desse, desbravador, é praticamente impossível crescer.

Você pensa em empreender um negócio próprio algum dia ou nasceu para lidar somente com o dinheiro do acionista?
Boa pergunta. (Risos.) Esta é uma pergunta que me faço. É uma experiência que quero ter. Mas a única certeza que tenho agora é que terá de ser um empreendimento numa área em que eu goste muito de estar. Imagino, por isso mesmo, que a iniciativa, quando acontecer, estará circunscrita a esse universo de tecnologia, música, velocidade, neve, mar… Coisas que me dão um prazer enorme.

Onde você quer estar aos 50 anos?
(Longa pausa.) Quero estar tão inquieto quanto hoje. Quero poder olhar mais para frente do que para trás. Meu filho estará com 10 anos e não sei se terei a mesma relação que possuo hoje com o risco. Espero ainda ter arrojo para empreender. Desejo não ser vencido pela zona de conforto. Atualmente (com o nascimento do filho João) já penso mais vezes em não me machucar seriamente, por exemplo. Mas não tenho a famosa “crise do provedor”, que costuma acometer quem tem filho pequeno, porque não quero poupá-lo da vida, não quero roubar dele a oportunidade de construir as coisas para si com suas próprias mãos, como eu fiz.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT, onde é possível ler o texto completo

Econofísica é possibilidade de carreira para físicos no mercado financeiro

Painel da bolsa de valores

Esse mês, a Folha de São Paulo publicou um Especial elencando carreiras tradicionais e suas novas versões no mercado de trabalho. O jornal ouviu recrutadores, professores universitários e profissionais para destacar trilhas profissionais nas áreas de exatas, humanas e biológicas e novas profissões (ou especializações) derivadas delas – áreas promissoras e profundamente atuais que representam uma oportunidade do jovem se destacar no mercado de trabalho.

Uma dessas áreas é a Econofísica, espécie de braço da Física que aplica as teorias dessa ciência para prever e amenizar riscos no mercado financeiro. Segundo o pesquisador Marcelo Byrro Ribeiro, do Instituto de Física da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o termo “econofísica” apareceu pela primeira vez em torno de 1994 e foi endossado em um livro de 1999 intitulado Introduction to Econophysics. Seguindo a tendência de abordagens multidisciplinares no mercado de trabalho, o surgimento dessa nova área sugere que existe uma abordagem física para a economia.

Assim, a econofísica é uma nova área interdisciplinar na qual conceitos e técnicas de análise usualmente utilizados na descrição dos sistemas físicos são aplicados para investigar questões financeiras e econômicas.

Possibilidades de econofísica

“O treino específico dos físicos explica o número impressionante de empregos obtidos por físicos em instituições de investimento e finanças, onde a sua abordagem empiricamente orientada junto com seu senso pragmático para teorizar fez com que eles se tornassem uma das mais valiosas mercadorias em Wall Street”, escrevem os pesquisadores franceses Giller Daniel e Didier Sornette no artigo Econophysics: historical perspectives.

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Dessa forma, o econofísico é um profissional de física que tem possibilidade de atuação em empresas do mercado financeiro, como bancos, corretoras e fundos de investimento. Em outras palavras, vai aplicar métodos da Física (incluindo muita estatística!) em processos e situações envolvendo economia. Por exemplo: flutuações de preços nos mercados financeiros, taxas de falência e distribuição de faturamento das empresas, funções de distribuição relacionadas à variação dos valores das ações em mercados de ações, etc.

Segundo o jornal, além das expectativas quanto às habilidades inerentes aos profissionais da física, espera-se que o econofísico saiba se comunicar com clareza e conviver no ambiente corporativo. “O econofísico em uma empresa é o profissional que domina os cálculos mais sofisticados e sabe transportá-los para o mercado financeiro. Precisa, assim estar familiarizado com sua área de estudo, mas também com a realidade econômica do mercado em que estiver atuando”, escreve o pesquisador Leonidas Sandoval Junior, do Insper, na matéria da Folha.

Ainda não existem no Brasil especializações e graduações em econofísica. Por enquanto, o aprofundamento é feito por meio de pesquisa, prática e aplicação dos conceitos teóricos nas instituições financeiras.

 

Os sete passos para colocar seu sonho grande de pé, por Beto Sicupira

Homem observa o ceu numa cidade

Há 15 anos apoio a Endeavor a disseminar no Brasil a ideia de que empreendedores precisam de sonhos grandes para avançar com seus negócios e entregar valor para a sociedade. Fico muito feliz de ver que essa etapa do trabalho foi concluída com êxito: o conceito do sonho grande colou e temos um número cada vez maior de pessoas dispostas a empreender com alto impacto no país.

As historias que você lerá nas próximas páginas mostram, no entanto, que ter um sonho grande não basta. A capacidade de execução e de botar pra fazer do empreendedor, tirando do papel aquela visão que foi vendida para todos, é tão ou mais importante do que o sonho em si. Se o sonho é o que tira o empreendedor da cama e contagia as pessoas, são os pequenos passos que o transformam em realidade.

Pensando nisso, gostaria de dividir com você alguns pensamentos, resultado de experiência própria e observações, que podem servir a quem quer construir alguma coisa grande.

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1. Arranje alguém para te ajudar

Sozinho você não vai conseguir nada. Para aumentar suas chances, é preciso escolher os parceiros certos e que complementem as suas fraquezas. Divida com os outros para ter mais bases para multiplicação. E não se esqueça que as pessoas valem pelo que fazem e não pelo que conhecem ou como se apresentam.

2. Desenhe um mapa do caminho para chegar lá e divida-o em pedaços

Acho que o melhor é olhar para diferentes horizontes de tempo: o de 10 anos é o sonho grande, uma referência para dar energia para você e seu time; o de 3 anos é o business plan, que serve para ter um caminho; e o de 1 ano é o orçamento, que vai dizer o que você precisa fazer amanhã. Quando estiver chegando no sonho, é hora de arrumar outro.

3. Faça as pequenas coisas bem feitas, tenha paixão pela excelência

As grandes empresas são sempre a soma de um milhão de pequenas. Cuidar dos detalhes vai permitir você fazer o grande bem feito. Isso é um hábito que precisa ser cultivado sempre.

4. Ao crescer, nunca deixe seu negócio virar uma empresa grande

A empresa grande é aquela onde não se perde tempo com coisas pequenas ou detalhes, mas o negócio bom e grande é feito de um milhão de detalhes! Depois de um certo tempo as ações de grande impacto vão começar a rarear e você dependerá da soma de muitas pequenas coisas para ter algum impacto. No fim do dia, despesa e investimento são literalmente iguais. Lembre:-se se você não fizer isso e nem der valor, ninguém de sua empresa o fará.

5. Prepare-se para falhar e continuar insistindo

Você vai errar. Por isso, erre rápido, seja original nos erros e aprenda a lição para que os mesmos erros não voltem a acontecer. Conserte logo, e se precisar, mude a estratégia: muitos negócios de sucesso planejavam ser outra coisa ao iniciarem e souberam mudar.

6. Copiar é a maior inovação

Temos uma grande vantagem ao começar um negócio no Brasil. No nosso mercado, podemos copiar melhorando uma iniciativa que já existe em economias mais maduras. Por isso, antes de inovar, veja se não dá para copiar: pesquise outras indústrias e outros países e traga o que você aprender para a sua. Se não tiver jeito, invista em pesquisa e desenvolvimento, mas suas chances serão mais remotas. Tenha orgulho de copiar, melhorando coisas que já existem!

7. Gaste menos que seus concorrentes e trabalhe mais que eles

A paixão pela excelência o levará a ser o mais produtivo da sua indústria, mas cuidado! Não se compare com sua concorrência, ou no máximo você será só um pouquinho melhor do que eles.

E, por último: lidere por seus exemplos e não por suas palavras. O seu legado como empreendedor está nas coisas que você fizer todos os dias para transformar seu sonho grande em um negócio que emprega pessoas, paga impostos e contribua para o desenvolvimento do país.

Por Beto Sicupira, um dos fundadores da Fundação Estudar. Prefácio extraído do livro #VQD, sobre empreendedorismo. 

 

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

Como a passagem por uma empresa júnior ajudou na minha startup

Funcionário da Rock Content fala sobre marketing digital

No currículo de diversos empreendedores podemos encontrar passagens por grandes empresas, consultorias internacionais e trainees concorridíssimos. Mas um ponto em comum une muitos desses profissionais (mesmo que eles não coloquem isso nos currículos): a passagem por uma empresa júnior durante a graduação. E para quem deseja montar sua startup ou trabalhar em uma delas fica a dica: a rotina de trabalho é semelhante e quem contrata nessa área valoriza cada vez mais essa experiência profissional.  

O conceito do que é uma empresa júnior pode ser extraído de um documento produzido pelas próprias empresas e chamado “Conceito Nacional de Empresa Júnior”. Segundo esse documento, “as empresas juniores são constituídas pela união de alunos matriculados em cursos de graduação em instituições de ensino superior, organizados em uma associação civil com o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam para o desenvolvimento do país e de formar profissionais capacitados e comprometidos com esse objetivo”.

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Na prática, trata-se de uma empresa toda gerida pelos próprios estudantes, que prestam serviços a preços reduzidos para pequenas empresas preferencialmente, onde os mais experientes passam o que sabem para quem acaba de chegar. Assim, esses alunos entram em contato não apenas com a parte final do produto ou serviço oferecido, mas são obrigados a participar de processos internos inerentes a qualquer empresa.

Muito do sucesso atual da empresa RockContent, especializada em marketing de conteúdo, teve início nos corredores do curso de Comunicação Social da UFMG. Dois sócios da Rock, Diego Gomes e Vitor Peçanha, passaram pela CRIA UFMG Jr.  “Foi bem interessante, tanto eu quanto o Vitor Peçanha, meu sócio, passamos pela empresa júnior da UFMG. O Vitor inclusive chegou a ser diretor da empresa júnior. Aprendemos muito de forma prática, diferente do conteúdo acadêmico que era ensinado na sala de aula. É uma experiência riquíssima que recomendo a todos”, avalia Diego Gomes. 

O sócio concorda. “A minha passagem pela CRIA me ajudou na carreira atual pois foi minha primeira oportunidade de ser meu próprio chefe dentro de uma estrutura empresarial (mesmo que simplificada). Isso me deu a experiência inicial sobe o mundo do empreendedorismo, principalmente em relação a processos e relacionamentos com outros profissionais”, afirma Vitor Peçanha.

Se hoje a RockContent lida com gigantes do mercado, os primeiros clientes desses empreendedores surgiram na CRIA. “Meu primeiro contato com clientes reais foi através da empresa júnior. Gente de verdade com problemas de verdade. Participar desse tipo de iniciativa desperta muito o empreendedorismo, afinal se lida com clientes e problemas reais. Eu acredito muito que essa vivência desperta a vontade de montar um negócio em todo aluno universitário”, afirma Diego.

Segundo ele, as startups valorizam nos seus processos seletivos esses profissionais que passaram por uma empresa júnior.  “Na empresa júnior, você aprende fazendo. É bem parecido com uma startup onde a experiência é pouca, mas a dedicação te leva a atingir seu objetivo. Por isso, na RockContent priorizamos contratações de pessoas com esse tipo de experiência. Passou por uma empresa júnior? Já tem vantagem no processo seletivo”, conclui.

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Habilidades desenvolvidas Trabalhar em uma empresa júnior ajuda a desenvolver ou a despertar diversas habilidades empreendedoras. Saber quais serão elas vai variar da área de atuação da empresa (relacionada ao curso dos alunos), dos cargos ocupados dentro delas, e do perfil de cada um.

João Batista é um exemplo disso. Ao entrar no curso de Engenharia Elétrica da UFMG, encontrou na empresa júnior uma oportunidade para expandir seus horizontes. “Por achar meu curso de graduação com uma formação muito técnica e específica busquei novos espaços onde eu pudesse exercitar habilidades multifuncionais e ao mesmo tempo pudesse me testar no desenvolvimento de diversas atividades, como liderar e decidir sentindo a pressão de uma empresa de verdade. Tenho certeza que sou um profissional muito mais qualificado por ter feito parte de uma empresa júnior do que se eu tivesse apenas seguido minha carreira acadêmica.”, conta.

Além da atuação na CPE Jr., Batista chegou a ser presidente da Federação Mineira de Empresas Juniores, o que lhe proporcionou contato com diversas áreas do conhecimento.  “Ter trabalhado com pessoas de diversas áreas, de diversos cursos superiores e profissionais de grande qualidade abre portas, parcerias e novos negócios O aprendizado gerencial adquirido na empresa júnior, seja em finanças, contratos, projetos, qualidade, recursos humanos e marketing, configura-se como um pilar que me ajuda em todas minhas atividades profissionais. Já implantei metodologias de qualidade onde trabalhei, hoje estou abrindo uma empresa e a experiência que adquiri sendo gestor financeiro de uma empresa júnior muito tem me ajudado, além do aprendizado de como se trabalhar melhor em grupo”, ressalta João Batista.

Outro que passou por uma EJ (sim, essa é a sigla usada pelos próprios alunos) e que se deu bem ao criar sua startup é Gustavo Caetano, da SambaTech (empresa que oferece soluções de vídeos como educação à distância, comunicação corporativa, Tv na internet e transmissões ao vivo). Durante o curso de Publicidade e Propaganda na carioca ESPM, Gustavo adquiriu confiança para aventuras maiores no futuro.  “Empresa júnior foi legal pois te dá uma primeira ideia do que é empreendedorismo. É um negócio que você tem de tocar. Comecei a usar a lógica de endosso e reputação para propagar nosso trabalho. Fiquei mais seguro de seguir nos meus negócios posteriores pois tinha passado pela empresa júnior”, afirma o empreendedor.

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