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’Saia do Netflix e caia na vida’, diz presidente do BNDES

maria silvia e leila velez em evento da fundacao estudar

Duas grandes empresárias brasileiras se reuniram para discutir o que faz um projeto ir para a frente em uma palestra do encontro comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar. “Muita gente pensa em empreendedorismo assim: ‘Vou ser meu próprio chefe e fazer só o que eu quero’”, disse Leila Velez, uma das empreendedoras por trás do Instituto Beleza Natural. “Não é bem assim.”

O que falta nessa ideia, falou, é saber que é preciso enfrentar uma série de tarefas que podem parecer desagradáveis ou triviais mas são fundamentais para o sucesso. Maria Silvia Bastos, que fez carreira no setor público e hoje preside o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resume a boa execução em poucas palavras: foco e disciplina.

Execução Um dos valores que pautam o jeito de agir da Fundação Estudar, ‘execução’ era exatamente a proposta do painel com as duas executivas, que foi mediado pela bolsista Larissa Maranhão. Envolve, principalmente, o trabalho duro e mão-na-massa rumo a um objetivo. Em última instância, é elemento imprescindível ao sucesso. Leia Velez sabe bem disso…

Há 21 anos, a história do Instituto Beleza natural começou em uma comunidade do Rio de Janeiro. Surgiu da inconformidade de Heloísa Assis (a Zica), uma ex-empregada doméstica, com a homogeneidade da indústria de beleza e a ausência de produtos voltados para a beleza negra. Ela desenvolveu um produto focado nesse público, para os cachos, e abriu com a sócia Leila Velez uma rede de salões. Nos anos de muito trabalho que se seguiram, a expertise da sócia Leila Velez foi essencial para mecanizar os processos do salão e permitir o crescimento da empresa. Ex-funcionária do McDonald’s, ela tinha começado a trabalhar na rede de fast food aos 14 anos e aos 16 já era gerente de uma unidade.

Hoje, o Beleza Natural emprega 3 mil colaboradores e atende mais de 100 mil clientes por mês. Mais do que tratar os fios, ele trata a autoestima de pessoas antes ignoradas pelos serviços estéticos.

leila velez fundacao estudar
Leila Velez [Luis Felipe Moura]

“O aspecto mais importante do planejamento estratégico é dizer o que você não vai fazer: em que mercado ou segmento não vou entrar, que tipo de produto não vou fazer”, exemplificou Maria Silva, do BNDES. Adiar a experiência de empreender em busca de um plano impecável já não funciona. “Nunca vai ser um planejamento perfeito, até porque a hora que você termina-lo o ambiente já mudou”, disse Leila. “É preciso fazer os pilotos e colocar em prática para aprender.”

Uma vez encaminhado, o empreendedor precisa saber que não dá para fazer tudo sozinho e montar uma boa equipe. “Gente é a mola para tudo”, resumiu Leila, que fundou seu negócio em 1993 e hoje supervisiona mais de 40 operações. “Achar as pessoas certas num processo de expansão veloz é um super desafio. Se não for bem cuidado, a empresa cresce mal e se perde.”

Desafios Entre os muitos obstáculos que enfrenta um empresário no país, comentam elas, destacam-se o excesso de burocracia e o momento de crise econômica, que acaba assustando novos empreendedores. Manter-se otimista perante tantos problemas é muito importante, desde que em contato com a realidade. “Você precisa acreditar que o céu é o limite, mas tem que achar um equilíbrio e se conscientizar de que o pé no freio é importante”, falou Leila. 

Ter resiliência e capacidade de se adaptar depressa, portanto, são fundamentais hoje em dia. O resultado fala por si só. “Quando você acredita que o limite para o que você quer fazer é você mesmo, você é o dono do mundo”, disse. Maria Silva concorda: “O que me move é a impossibilidade de fazer”. Se é impossível, ela vai lá e faz, instigada a demonstrar o contrário. 

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Larissa Maranhão e Maria Silvia [Luis Felipe Moura]

Vai lá e faz Esperar por tempos melhores é outra noção de que as duas discordam. “Sinto muita falta de um senso de urgência no país: nós precisamos é fazer o dia de hoje”, diz Maria Silvia. Para ela, as causas da apatia – que impede a boa execução de projetos – vão de falta de foco no conhecimento aplicado por parte de universidades à falta de cidadania. 

É algo que ficou claro em sua experiência à frente Empresa Olímpica Municipal, que atuou na organização das Olimpíadas do Rio. Impressionou-se com a falta de profissionalismo em muitos setores e cansou-se das reclamações vazias dos colegas. “Se cada um se comportasse como um cidadão, tudo ia ser muito diferente.”

Maria Silva assume que é impaciente – “Se peço algo e em dois minutos não está feito, eu mesma vou lá e faço” –, mas aconselha aos jovens que tenham a paciência pelo menos para experimentar. Mãe de gêmeos adolescentes, ela sabe que as oportunidades hoje são tantas que podem criar uma espécie de paralisia.

“Você tem que experimentar. Meta a mão na massa, nem que seja para se empregar numa loja nas férias e ver se gosta de se relacionar com o público”, fala. “Saia de casa, da cama, do Netflix e caia na vida.”

As lições de carreira de Artur Avila, matemático brasileiro que ganhou a medalha Fields

artur avila conversa com joao moreira salles em evento anual da fundacao estudar

Artur Avila é descrito pelo seu amigo, o documentarista João Moreira Salles, como alguém que tem “apetite e paladar” para coisas extremamente difíceis. “Ele atua de maneira selvagem, entra em um campo, resolve o problema e parte para o próximo, em uma outra área”, diz João, buscando assim definir o trabalho do matemático.

Avila ganhou projeção nacional em 2014 ao ganhar a medalha Fields, considerado o “Nobel” da área e concedida a apenas 56 matemáticos desde sua criação, em 1936. Ele é até agora o único latinoamericano a receber a premiação, e este é considerado o maior prêmio já recebido por um cientista brasileiro.

Sua carreira, contudo, começou em 1992, quando disputou a sua primeira Olimpíada científica. Ganhou sua primeira medalha – de ouro. Dali, viriam uma série de medalhas estaduais e nacionais e a chance de conseguir uma vaga no prestigiado Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Começaria o mestrado ao mesmo tempo em que cursava o 2º grau e, aos 18 anos, já estava no doutorado. Avila formou-se doutor, tendo em sua banca dois vencedores da medalha Fields.

Escolheu a França para fazer pós-doutorado e, aos 29 anos, tornou-se o mais jovem profissional a assumir a direção do centro de pesquisa, o Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS). Atualmente, mora no Rio, e concilia o trabalho no centro francês com estudos no Impa.

Em conversa com João Moreira Salles, durante evento comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar realizado dia 1/8, o matemático comentou alguns dos momentos importantes em sua trajetória. Confira:

1. Não fez um plano linear de como chegar ao topo, mas soube identificar as oportunidades

“Percurso não é uma questão de um plano que foi feito. Aconteceram fatos em vários momentos, que eu tive a sorte de ser exposto, e acabaram me levando a progredir mais. Desde pequeno eu tinha interesse em matemática, mas também gostava de outros assuntos. Estudava todos eles por conta própria – sempre fui além do que o que era ensinado. Mas, aos 13 anos, fui exposto às Olimpíadas de Matemática. Achei divertido, o aspecto competitivo estimulava o estudo e fui em frente. Por sorte, as olimpíadas estão muito ligadas ao Impa, um instituto de histórico excelente, de qualidade, que era ali perto de casa. Eles me ofereceram uma possibilidade de ver se eu poderia desenvolver minhas atividades lá. Gostei, fiz mestrado, doutorado e acabei fazendo ali uma transação que poderia ou não ocorrer bem.”

2. Era quieto, fechado, mas soube ouvir os mentores que apareceram

“Ao buscar alguma descoberta original, você nunca sabe onde vai dar. Você pode ter escolhido algo que não tem solução possível e adentrar um beco sem saída. Mas aí no Impa tive contato com um enorme fluxo de pessoas de alto nível que passam por ali regularmente. E, um momento marcante foi quando conheci o matemático ucraniano Mikhail Lyubich. Tive contato com ele e eu disse que estava pensando em um teorema. Ele foi muito aberto e nós começamos a discutir o problema matemático. Foi algo muito surpreendente para mim, porque eu era muito quieto como aluno, não abria a boca nunca com medo de correr o risco de falar algo errado. E essa postura não é boa para conduzir uma pesquisa, porque em matemática, você só percebe que tem algo errado muito lá na frente. O Lyubich não tinha esse medo. A intuição dele nem sempre apontava o caminho certo mas aproximava de uma solução. O que me impressionou foi que ele não tinha medo de errar, dizer bobagens ou mesmo de ficar ali, pensando, à deriva. Foi a primeira vez que vi alguém fazendo pesquisa ao vivo, na minha frente. Esse estilo dele me influenciou muito. Converso com ele até hoje.”

Leia também: Quer tirar o seu projeto científico do papel? Conheça o Cientista Beta!

artur avila joao moreira salles fundacao estudar 25 anos
[Luis Felipe Moura]

3. Aprendeu que a matemática não é uma ciência individual

“A matemática envolve bastante gente por apenas uma questão: muita coisa depende do acaso e não dá pra planejar tudo. Você nunca sabe quais linhas são mais frutíferas. Muitas pessoas trabalham em várias coisas que não seriam considerados a principal vertente ou fazem investigações consideradas menos nobres e acabam encontrando descobertas inesperadas que acabam retornando para o ramo fundamental. Essas pessoas abrem caminhos, fazem contribuições, atraem novos campos, e então algum outro matemático vai começar a trabalhar a partir daquele ponto. E pensar que, quando era garoto nem sabia que matemática poderia ser uma carreira.”

4. Percebeu que nem sempre estudar em Harvard é o melhor para sua carreira

“O Impa é uma instituição de extrema qualidade. Mas é completamente diferente da instituição que estudei posteriormente, na França. Lá é uma atividade constante, um universo imenso, há uma série de grandes palestras diariamente. E, se você já chega lá de cara, pode se afogar naquele mundo de opções e até se intimidar. No Impa, eu sentia medo, claro, mas não estava em um ambiente que podia me esmagar. Tinha pouco conhecimento, mas fazia uma coisa de cada vez. Minha sorte foi não ter ido por exemplo para Harvard ou Princeton. Nos Estados Unidos, eles planificam tudo muito cedo, têm obsessão com rankings. E eu ignorava isso e fui aprendendo a matemática, sem esta preocupação. Na França, já cheguei mais adaptado para enfrentar aquele mundo. Cheguei mais confiante, trabalhando nas linhas que já havia começado, indo sem desespero e com consciência de que eu sabia, de fato, muito pouco.”

5. Para que serve a matemática?

“Existe um fluxo de ideias que acontecem e criam descobertas que vão ajudar alguém em algum determinado campo. Muitas vezes há algo que vem à tona e acaba sendo o que faltava para alguém resolver um problema concreto. Às vezes, a pessoa que usa uma máquina vê um problema matemático que vai acabar sendo a diversão de um matemático abstrato que nem liga para máquinas. A matemática permeia as descobertas em física e em outras áreas. Um médico que esteja lendo um estudo pode usar a matemática para ser capaz de interpretar corretamente, por exemplo, informações novas que chegam sobre um novo tratamento.”

6. Medalhas não resolvem problemas

“Eu deixo que a medalha Fields crie uma pressão sobre meu trabalho. Mantenho minha vontade em trabalhar em coisas que considero do meu interesse. Reconheço o papel do acaso no nosso trabalho e o que você tem que fazer é buscar se concentrar e decidir para onde ir. Como muitas coisas não dependem só de você, é preciso estar preparado para não perder as oportunidades.”

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

O papel da sorte no sucesso

Ainda no evento, Avila participou de um bate-papo com o Na Prática onde falou sobre sorte, sucesso e a importância da dedicação para alcançar seus objetivos.

1. Qual o papel da genialidade, do esforço e da sorte no sucesso?

“Você pode ter muita habilidade em matemática sem ter vontade de fazer certas descobertas”, começa Avila, explicando que encaminhar-se rumo ao que lhe interessa é importante para ter sucesso.

Isso porque cada pessoa tem suas características, estilo de trabalho, valores e interesses e explorá-los da maneira correta dá o impulso necessário para seguir na direção certa.

Claro, nem tudo depende apenas do indivíduo. Às vezes as coisas não caminham como imaginado – no caso da matemática, pode não ter encontrado a resposta que buscou para um resultado complexo –, mas isso não deve desencorajar ninguém de estar sempre atento às oportunidades e tentar de novo, esforçando-se e aplicando-se ainda mais intensamente.

“Quando você estiver numa situação em que pode fazer uma contribuição importante com suas capacidades, deve aproveitar essa oportunidade. Não basta ter a sorte se você não estava preparado para fazer bom uso.”

2. Como você decidiu ser pesquisador e qual sua visão dessa carreira no Brasil?

Seguir carreira acadêmica no Brasil não é uma escolha óbvia: são famosas as dificuldades financeiras, de incentivo e de crescimento, especialmente em tempos de crise econômica, que envolvem essa escolha.

Para apaixonados pelos estudos, no entanto, muitas vezes é um caminho natural. “Eu queria aprender mais e fui dando conta de como funcionava essa carreira”, fala Avila, que aprendeu os meandros de pesquisa, mestrado e doutorado – exigências em muitas universidades – ao longo dos anos.

Ele reconhece que há obstáculos no país, mas aposta numa expansão da área e garante que há espaço para quem quer crescer ali dentro – possivelmente maior que em outros países onde atividades científicas estão mais desenvolvidas e os mercados, saturados. “A atividade científica vai crescer por um grande tempo”, opina. “Pessoas de qualidade vão encontrar seu espaço de maneira natural.”

Ministro Barroso: ‘Seja correto, mesmo se ninguém estiver olhando’

ministro barroso fala em evento da fundacao estudar 25 anos

Nos últimos quarenta anos, o Brasil só melhorou. É a opinião do advogado Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal há três anos. O otimismo, no entanto, tem raízes realistas. Último palestrante do encontro comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar, ele integra a linha de frente das decisões do que pode ser considerado certo e errado na sociedade brasileira.

Convidado para falar sobre a importância do Legado, em conversa mediada pelo também advogado Marcelo Barbosa, definiu o significado da palavra parafraseando Nelson Mandela. “É a diferença que fizemos na vida dos outros que vai determinar a importância da nossa vida”, disse o líder sul-africano em um discurso de 2002.

Durante os programas de carreira do Na Prática, legado costuma definido como a criação de um impacto duradouro e que vai se perpetuar – ou, de maneira mais coloquial, a lacuna que seria deixada no mundo caso você jamais tivesse existido e feito o que fez. 

Para o ministro, legado também envolve fazer o que é certo, não importam as opiniões alheias.

Ilustrou seu ponto ao se lembrar de seus primeiros votos no STF, em 2014, relacionados ao julgamento do chamado mensalão. Acreditava que o crime de formação de quadrilha ou bando já estava prescrito, e absolveu os acusados dessa acusação específica. “O que minha família e eu lemos e ouvimos de barbaridade, vocês não podem imaginar”, disse. “Foi um batismo de fogo.”

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[Luis Felipe Moura]

Durante a turbulência, o ministro empregou os três conselhos que ofereceu aos bolsistas presentes. São ideias úteis para qualquer um que queira se tornar um cidadão melhor e, portanto, criar um bom legado como consequência.

1. Descubra por quem e pelo que bate seu coração
“O que faço bem e no que posso fazer a diferença?”, questionou.

2. Faça bem feito
“Ser o melhor que se pode ser nos leva mais longe do que querer ser melhor que os outros.”

3. Seja correto, mesmo se ninguém estiver olhando
“Seja bom”, disse. “É uma espécie de pacto com o universo, e a verdade é que a vida é muito fácil. Ela dá de volta o que recebe.”

Leia também: Um dos maiores advogados do país diz que você precisa descobrir o que te faz feliz no trabalho

Um legado de igualdade Considerado um dos profissionais mais liberais da corte, Barroso se formou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e na Yale Law School e aproveitou o evento para reforçar seu apoio a causas como descriminalização do aborto (ainda em aberto) e à união estável homoafetiva, que se tornou lei em 2011.

Foi ele, inclusive, que esteve à frente do processo que levou a discussão ao STF. Na época, Barroso representou o governo do estado do Rio de Janeiro, um dos únicos dispostos a apoiar a bandeira. “O reconhecimento foi uma parte bonita tanto do Supremo quanto do serviço público do Brasil”, disse.

Entre outros pontos altos de sua carreira estão a defesa de pesquisas com células-tronco embrionários, da proibição do nepotismo no Judiciário e da interrupção da gestação de fetos anencefálicos, assim como a batalha contínua pela liberdade de expressão.

Quando lembra seus votos para dar a dimensão do que hoje pode ser considerado como seu legado – o legado de sua carreira e de sua atuação como ministro, de forma mais específica –, Barroso também deixa claro que, por vocação, o Supremo Tribunal Federal é uma instituição que continuará a fazer legado.

Parte de uma das mais vitais instituições democráticas do país, ele vislumbra outras questões que ganharão importância crescente no futuro, como saneamento básico, reforma previdenciária, desigualdade social e valorização da Amazônia. “O mais importante é ter uma sociedade que acolha todos”, resumiu, para logo depois fazer a provocação de que hoje o país não seria uma economia capitalista, e sim um “socialismo para ricos”. 

Entre dias bons e ruins no setor público – ele se lembra, por exemplo, de precisar dizer não a propostas ilegais no passado e de ter sofrido com a burocracia –, declarou que é exatamente a possibilidade de impactar a sociedade e deixar um legado duradouro é o que lhe faz persistir nesse setor. “A mudança não começa pelo outro, começa pela gente.”

Questão de incentivo No centro de escândalos como Mensalão e Lava Jato estão imensos esquemas de corrupção. O crime faz parte do cotidiano brasileiro há anos, mas Barroso vê uma mudança comportamental em curso.

“A sociedade passou a ter uma nova percepção desse fenômeno”, disse ele, que também defendeu a diminuição do número de partidos e a reforma política. “Há uma mudança de paradigma, há intolerância e indignação. É o fim da aceitação do inaceitável.”

Para ele, a sociedade precisa de novos incentivos para mudar de rumo. “As decisões das pessoas são baseadas em incentivos e riscos, e parte da causa da corrupção no Brasil é a absoluta falta de risco de que aconteça qualquer coisa com quem se porta incorretamente”, resume. “Criamos um estímulo à delinquência, sobretudo dos mais riscos, porque não havia nenhum risco real de punição. E acho que estamos conseguindo derrotar isso.”

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Fábio Barbosa: ‘Não estou aqui para assinar o cheque e passar a borracha na consciência’

fabio barbosa durante evento de 25 anos da fundacao estudar

Por 25 anos, Fábio Barbosa ocupou cargos de destaque em instituições financeiras do Brasil – ele foi CEO dos bancos ABN, Real e Santander, e da Febraban –, e ao longo de toda essa trajetória, ficou conhecido por manter uma linha firme em relação à ética. Hoje sócio-conselheiro do Gávea Investimentos e membro do conselho da Fundação das Nações Unidas, tem a experiência para dizer que, de fato, é possível viver como se prega. Recentemente, o executivo também foi anunciado como vice-presidente da Fundação Itaú Social, que apoia projetos educacionais.

“Não basta fazer o que é legal”, resumiu. “É preciso fazer o que é ético e correto.” O painel sobre integridade, mediado pelo bolsista André Mendes, fez parte do encontro comemorativo de 25 anos da Fundação Estudar. Ao longo de sua fala, Barbosa relembrou encruzilhadas éticas e morais que enfrentou para provar que o sucesso vem também (e principalmente) para quem age de maneira correta, sem atalhos. 

Tratando-se de uma indústria com uma associação simbólica muito grande a condutas antiéticas (impulsionada também pela crise financeira mundial de 2008), é importante reforçar o posicionamento do executivo. Sobre a época em que era banqueiro, contou, por exemplo, do pedido de financiamento que recebeu de uma madeireira paraense quando a atividade ainda não era regulada, mas já tinha aspectos predatórios. Negou o pedido. Pouco depois, surgiu outra madeireira, que obedecia as poucas certificações da época. Aquela, Barbosa aceitou. “Não estou aqui para assinar o cheque e passar a borracha na consciência”, explicou.

fabio barbosa fundacao estudar
[Luis Felipe Moura]

Barbosa ganhou fama ao trazer para o setor financeiro a preocupação com conceitos como sustentabilidade e transparência. Ele foi o responsável pela criação do primeiro Código de Ética do Banco Real, e, como presidente da Febraban, também sugeriu a criação de um código de conduta. Entre outros aspectos, o código estabelecia que a obrigação dos bancos é avisar o consumidor do melhor crédito que se aplica a ele, e não o mais lucrativo para a instituição. Tudo isso caminhou junto de excelentes resultados financeiros. A frente do Santander, por exemplo, realizou o maior IPO da história do país.

Assista ao Bate-Papo do Na Prática com Fábio Barbosa

O consumidor das redes Atualmente, “passar a borracha” também já não é tão fácil como antigamente. Com o avanço da tecnologia de comunicação e das redes sociais, disse, as empresas enfrentam novos desafios e escrutínios. “Não existe mais on e off, você está on o tempo inteiro e eu acho isso maravilhoso”, disse. “Não se trata mais da imagem que a empresa quer transmitir, mas da experiência que ela gera para o cliente.”

Outro ponto importante na mudança é uma geração de consumidores mais consciente, social e ambientalmente. “Nossa geração deixou filhos melhores para o Brasil”, disse. “E vocês devem trazer isso para as empresas em que trabalham, para sua condição de cidadãos e ir à luta. Mexer na sociedade é difíficil, mas na vida de vocês não.”

Brasil Discussões sobre a situação atual do país, que vive uma crise política e socioeconômicas, foram um ponto em comum em todas as palestras do evento. Para Barbosa, o Brasil de hoje não é por acaso. “O país é a somatória de nossas atitudes e também de nossas omissões.” 

As transgressões – e, não raro, pequenos crimes – que permeiam o dia a dia dos brasileiros devem ser eliminadas se a nação quiser mudar. E isso vale também para o ambiente de trabalho e para a composição de equipes. Os valores de alguém, disse Barbosa, devem contar sempre.

“Se há pessoas que têm boa performance, mas em cima de atalhos ou transações que não são republicanas, elimine-o!”, falou. “Nada mata tanto um empresa quanto essa ideia de ‘ah, ele é um bom profissional então deixa para lá’.”

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Para ir longe, faça o que você não quer, diz Nizan Guanaes

nizan guanaes e marcelo tas em evento de 25 anos da fundacao estudar

“A única forma de conservar a sua saúde é comer o que você não quer, beber o que você não aprecia e fazer o que preferia não fazer”. A frase do escritor norte-americano Mark Twain (1835-1910) foi o ponto de partida do debate do publicitário Nizan Guanaes com o apresentador a jornalista Marcelo Tas, no evento de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, que aconteceu ontem (1/8), em São Paulo.

Fundador do Grupo ABC, holding que controla 18 agências de publicidade como África, Loducca e DM9, Guanaes diz que disciplina e capacidade de fazer o que não se quer é o segredo para ter sucesso na vida e na carreira.

O publicitário precisou aplicar esse princípio para salvar a própria vida. “Eu tinha quase 200 quilos e precisei fazer uma revolução para poder estar aqui com vocês hoje”, conta ele, que perdeu 54 quilos após uma cirurgia de redução de estômago em 2008. “O mais importante é ter disciplina”.

Para atingir resultados, não é preciso renunciar somente aos prazeres imediatos: também é preciso se afastar das certezas. “Eu gosto de usar o ponto de interrogação”, disse Guanaes. “Não devemos nunca abdicar dessa coisa que é estudar, aprender coisas novas, fazer perguntas para ir se transformando ao longo da vida”.

nizan guanaes marcelo tas fundacao estudar 25 anos
[Luiz Felipe Moura]

Leia também: ‘Essa coisa de se aposentar é muito cafona’, diz Nizan Guanaes

Na conversa com joven da rede da Fundação Estudar, Marcelo Tas também destacou a capacidade de “desaprender” certos conceitos e desafiar as suas próprias convicções. Hoje, com 30 anos de carreira na TV, ele tenta se livrar da ideia que as TVs são emissoras.

“Televisão hoje não deve apenas emitir conteúdo, ela também deve ser receptora e curadora de conteúdo, porque o modelo de negócios mudou”, disse ele. “Nós precisamos compreender que os jovens não veem mais TV, basta ver a quantidade de youtubers que têm mais audiência do que vários canais”.

Para Guanaes, é preciso aceitar que as mudanças são inevitáveis. “Conto nos dedos os setores que não estão em transformação”, disse Guanaes. “Se você está estudando alguma disciplina, cuidado para não estar aprendendo sobre o passado, porque mudança é a palavra destes tempos”.

Por experiência própria, ele diz que desconstruir antigas ideias só é possível por meio da humildade. “No passado, fui muito prepotente e pretensioso, mas hoje vejo que, para fazer coisas grandes, você precisa dos outros”, disse. “Agora eu sento com a molecada, escuto e ‘faço estágio’ com eles”, completou o publicitário.

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‘O futuro se faz a cada dia’, diz ex-presidente da Embraer sobre inovação

Presidentes da Embrapa e Embraer em evento de 25 anos da fundacao estudar

Representantes de dois importantes setores da economia brasileira, Maurício Antônio Lopes e Maurício Botelho (presidente da Embrapa e ex-presidente de conselho da Embraer, respectivamente) concordam depressa com uma coisa: inovação e adaptação devem andar lado a lado, complementando-se.

“É complicado ir só numa direção ou noutra”, disse Lopes durante Encontro de 25 anos da Fundação Estudar, em São Paulo. Além do nome, os dois têm em comum a liderança de organizações que tornaram-se referência de inovação em seus setores, investindo em pesquisa no setor agrícola e tecnologia de ponta na aviação. “Não dá pra fazer mudanças radicais o tempo todo, mas não podemos perder de vista a mudança de paradigmas”, alerta Lopes. 

Durante o evento, os dois empresários participaram de um painel mediado pela jornalista Cris Correa sobre Conhecimento Aplicado, um dos valores da Fundação Estudar, e explicaram como o investimento em inovação pode tornar-se uma poderosa ferramenta de transformação.

Leia também: Entenda o que significa inovação incremental

Equilíbrio A chave para criar esse balanço entre inovação e adaptação, no caso deles, é observar a temperatura do mercado – e manter um calendário de longo prazo muito bem planejado, em que pesquisa e tecnologia podem ser desenvolvidas para transformar o cenário. 

Hoje terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a Embraer, há anos uma empresa privada de capital aberto, estima todos retornos possíveis antes de tomar suas decisões, dando atenção especial aos acionistas. Botelho esteve envolvido de perto na definição desse perfil para a empresa. Engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, ele assumiu o comando da Embraer pouco depois da sua privatização, sem nunca ter trabalhado antes nessa indústria. Mesmo assim, foi ele quem conduziu o processo que consolidou a Embraer, entre 1995 e 2007, como uma das maiores indústrias aeronáuticas do mundo e um símbolo de modernidade e eficiência.

fundacao estudar 25 anos
[Luis Felipe Moura]

Num setor tremendamente competitivo e que trabalha com produtos de médio e longo prazo – do começo ao fim, a encomenda de um avião leva cerca de dois anos –, no entanto, manter-se sempre do mesmo jeito não é uma opção. “O futuro se faz a cada dia, não tem jeito”, disse Botelho. “Um projeto pode até levar seis anos para de fato obter receita, mas temos que entregar resultado até lá. As coisas não estão isoladas e não adianta inovar e esquecer que se tem uma empresa com responsabilidades.”

Diferentes medidas É onde entra o que Lopes chama de lógica de portfólio. “São alvos de curto, médio e longo prazo. Assim trabalhamos para entregar resultados de maneira sistemática e continuada, tendo o longo prazo como grande desafio.” 

E é no futuro que cabem as grandes inovações de porte, que não surgem de surpresa. “Para uma instituição como a nossa, o futuro é um dos principais insumos e precisamos captar seus sinais”, continua. Além de atuar numa indústria que representa um quarto da economia nacional e emprega 37% dos cidadãos, a Embrapa enxerga também uma revolução agrícola no horizonte: a edição de genomas, capaz de mudar a conformação e modular características de plantas e animais de forma extremamente precisa.

À frente de um case mundial de empresa estatal de primeira linha, Lopes não pretende deixar a bola passar. Além disso, quer atrair e reter novos talentos, que costumam buscar áreas inovadoras.

“A agricultura moderna é uma exceção nesse momento de crise no Brasil”, falou, citando a chegada de novos investimentos e corporações estrangeiras no país. “Estamos entrando rapidamente na lógica digital e isso é um fator muito importante na atração de jovens profissionais, que tem um visão diferenciada do mundo rural.”

A fuga de cérebros e o “roubo” de talentos é uma preocupação constante para qualquer empresa competitiva, que precisa criar condições atraentes – e inovar – para mantê-los.

“É um desafio permanente”, disse Botelho, lembrando que a Embraer sofreu diversos ataques do exterior. “Não é só dinheiro. É preciso oferecer motivação, integração e visão, conectada à realização pessoal de se estar de fato desenvolvendo e entregando coisas de valor para a sociedade.”

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Jorge Paulo Lemann: ‘Aos 26 anos, eu estava falido’

jorge paulo lemann em evento de 25 anos da fundacao estudar

Houve uma época em que até a mãe de Jorge Paulo Lemann esteve preocupada com seu futuro. Antes da fundação do Banco Garantia, em 1971, e após a venda dessa sua primeira empreitada financeira, quando tinha 26 anos, o empresário passou muito tempo “pulando de galho em galho e tentando sobreviver”. Pensar que o atual empresário mais rico do país estava falido após o começo e fim do seu sonho grande no Banco Garantia faz refletir sobre uma questão às vezes desagradável, porém necessária: o que fazer quando o sonho grande não dá certo?

Quando conseguiu se estabelecer financeiramente, Jorge Paulo enfim deixou a mãe – uma de suas grandes inspirações – um pouco mais tranquila. Em retrospecto, no entanto, lembra que seus ‘sonhos grandes’ mudaram bastante com o passar do tempo, e nem sempre suas realizações aconteceram como queria. A reflexão foi feita em conversa com o bolsista Renan Ferreinha, e fez parte do evento comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar, que acontece hoje (1/8) e pode ser acompanhado ao vivo por aqui.  

Os sonhos grandes Ainda quando era jovem, seu primeiro sonho grande foi no mundo do esporte. O conceito, de certa cunhado e difundido mais tarde pelo empresário, diz respeito a um ambicioso capaz de mover as pessoas. Na época, era ser um grande campeão de tênis. “Mas nunca fui o melhor tenista”, admite o empresário. Anos mais tarde, quando o lendário banco Garantia (por anos reconhecido como o melhor banco de investimentos do Brasil) precisou ser vendido para uma instituição maior, isso também não era parte do plano inicial. A ideia era que fosse uma instituição de longa durabilidade, que sobrevivesse pelos próximos 50 anos”, falou.

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[Luis Felipe Moura]

Além dessas, outras realizações também não aconteceram como ele queria. Ou seja, os sonhos grandes nem sempre se concretizaram por completo – e isso não é o fim do mundo. Por outro lado, é possível analisar essas experiências sob outra perspectiva. No tênis, Jorge Paulo mais tarde conquistou dois mundiais de veteranos, aos 40 e aos 50 anos. No Garantia, tem a clareza do forte legado que o banco deixou em todo o modo de fazer negócios no país. 

Assista ao Bate-Papo do Na Prática com Jorge Paulo Lemann

Como o homem do sonho grande não sabe viver sem um, internalizou a experiência passou a buscar os outros da lista. “Um sonho grande que não aconteceu não deixa de ser um grande aprendizado, e eu pude corrigir meu rumo”, resumiu. 

Eventualmente e de maneira natural, conta, seus sonhos foram se tornaram menos individuais. Hoje, estão principalmente envolvidos com um futuro melhor e menos desigual para o país. “Ser o melhor ainda me interessa, mas meu maior sonho é melhorar a Fundação Estudar, a Fundação Lemann e a educação no Brasil”, contou. Atualmente, participar da construção de um país com as mesmas oportunidades para todos é um dos principais planos do empreendedor. 

Para Fundação Estudar, sua ambição maior é ver um bolsista conquistar a presidência rodeado por outros bolsistas, todos prontos para ajudar. Quando questionado sobre os problemas do país, Lemann foi categórico: ” Ética, pragmatismo e meritocracia fazem falta no Brasil”.

O poder da execução Para ele, o mundo pertence aos grandes sonhadores que executam, e cita como exemplo dessa categoria seus colegas empresários Elon Musk e Eike Batista. Lemann conta que se encontrou com ambos recentemente, em ocasiões diferentes, e ficou impressionado com a vontade em comum de criar algo novo. São (grandes) sonhadores, mas isso só não basta. É preciso executar.  

Na Califórnia, exemplificou, seu almoço com Musk acabou quando o fundador da Tesla precisou voltar para a fábrica. “Ele é uma maluco de ideias grandes e, às duas da tarde, disse que precisava ter certeza que iria preencher as cotas de produção do dia – e que, se não funcionasse, iria dormir lá.” É claro, portanto, que não adianta só vislumbrar um futuro brilhante. “E sou o primeiro a reconhecer que só sonhar não diz nada”, riu. Também reconhece que é mais sonhador que executor, e por isso mesmo se uniu a sócios de perfil complementar ao seu: seus parceiros de longa data, Marcel Telles e Beto Sicupira. “Tem que executar bem. Tenho me apoiado muito em pessoas que são melhores executoras do que eu.” 

Sobre a sua trajetória como executivo, também reconheceu erros e afirmou que gostaria de ter percebido mais cedo o quão importante é o cliente. Nesse sentido, a visão de longo prazo é essencial para, tanto para o sucesso de uma empresa como para a concretização de um sonho grande. “Se não pensar mais a longo prazo, para onde isso vai e como vai afetar as pessoas que trabalham com você, você não chegará tão longe. Gostaria de ter aprendido a ter uma melhor visão de longo prazo antes”.

Mudança de carreira: como o publicitário Bruno Costoli encontrou-se na comédia stand up

Homem sério

Não é raro termos contato com propagandas bem-humoradas e que nos arrancam boas risadas. Mas uma coisa é trabalhar como publicitário, outra é usar a criatividade em um palco diante de uma plateia lotada. Bruno Costoli, um dos principais nomes do stand up comedy mineiro, nos mostra como é possível tomar um novo rumo profissional aproveitando antigas habilidades.

Com 30 anos atualmente, ele formou-se em Comunicação Social na UFMG, um dos cursos mais concorridos no vestibular. Trabalhou por cinco anos com publicidade, passando por algumas grandes agências como redator publicitário.  “O que mais me agradava na área era a possibilidade de criar algo legal, ter uma ideia boa que fosse veiculada pela cidade. Não acho que a decisão de estudar publicidade tenha sido precipitada, acho que a faculdade só não mostra com muita clareza como vai ser o mercado”, analisa.

E o mercado, muitas vezes, é mesmo cruel. “Quase todos os dias ficava além do horário na agência. Uma das coisas que sempre me incomodou era esse não cumprimento de horários. Eu não conseguia marcar nenhum compromisso durante a semana porque sempre poderia acontecer de precisar ficar até mais tarde. E o que mais me indignava nisso (além das horas extras não serem remuneradas e nem sequer banco de horas eu ter) era o fato desse tempo extra ser muitas vezes culpa da falta de planejamento e organização dentro da empresa”, revela.

bruno costoli mudanca de carreira stand up
acervo pessoal

A rotina desgastante também se traduzia na ausência de férias, fator que acabou por ser fundamental para a grande guinada profissional.  “Quatro dos cinco anos na publicidade foram sem tirar férias, porque muitas vezes eu era o único redator da agência. Na primeira vez que tirei, passei um mês inteiro à toa e tive certeza de que não queria mais aquilo (velha rotina) para mim”, afirma.

Ele voltou do seu descanso e, por incrível que pareça, passou a levar as apresentações de comédia que fazia mais a sério.  “Eu ainda era muito iniciante, mas era o momento em que a comédia stand up começava a crescer em BH. Em poucos meses na área comecei a ter resultados positivos e via um crescimento legal no setor. A comédia se mostrava, a longo prazo, mais interessante do que a publicidade. Quando percebi, já fazia parte de um grupo de comédia e estava me apresentando toda semana”, conta o comediante.

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A rotina atual Bruno se tornou uma das referências no stand up comedy na capital mineira, com apresentações quase sempre lotadas e palestras para diversas empresas. Mas ele se preparou para esse caminho.  “No início, era muito comum os comediantes se apresentarem como convidados nos shows dos outros grupos. Essa troca foi muito boa para o fortalecimento do mercado.  Comecei a ler alguns livros e textos sobre o assunto, ver entrevistas de comediantes famosos, além de vídeos e filmes sobre stand up e comédia em geral. Fiz ainda alguns anos de teatro no Galpão e diversos cursos de improvisação teatral”, relata.

Um dos diferenciais de Costoli é a presença das músicas nas suas apresentações. Com seu violão, toca canções próprias e paródias, como as sobre o Sertanejo Universitário (sucesso de visualizações na internet). Entretanto, ele também aborda assuntos mais sérios.

“A rotina de criação é intensa. Trabalho mais do que na época que era publicitário (risos). Tenho tentado falar sobre assuntos mais relevantes também. Acho que seria um desperdício não usar a oportunidade que tenho de falar para tanta gente (no palco e na internet) sobre algo que considero importante e que possa mudar as pessoas. Fazer rir é bom e necessário, mas fazer pensar também é”, analisa.

Bruno considera importante o período em que trabalhou como publicitário para o sucesso na nova atividade. “Na publicidade eles não se preocupam muito em otimização de trabalho, então, às vezes, você cria o máximo possível. Ao mesmo tempo que isso é um desperdício, para comédia isso é ótimo. Te faz achar piadas que quem para na primeira ideia não vai achar. Isso me mostrou que essa onda de ‘insight’, de esperar a ideia chegar, é bobagem. Há uma glamourização da criatividade, mas é um trabalho como qualquer outro. Sem falar que a publicidade usa o humor de forma recorrente. Até alguns formatos publicitários se parecem muito com o formato de piadas”, acredita.

Liberdade Como pontos positivos na nova carreira, Bruno cita sua autonomia (de horários, de criação e financeira). Agora, ele ganha de acordo com o que produz, escolhe seu horário de trabalho e é o responsável por definir o rumo de suas ideias. “Na publicidade, independentemente de quanto eu trabalhasse, meu salário era o mesmo. Na comédia, se eu consigo mais trabalhos, eu ganho mais. Além disso, antes eu tinha que passar minhas ideias pelo crivo de várias pessoas (chefes). Hoje, minhas ideias passam pelo crivo de muito mais pessoas, mas são os consumidores finais. E a resposta é imediata: riu ou não. Se for ruim, a culpa é minha. Se for bom, o mérito é meu”, enfatiza.

Para quem olha com desconfiança para o novo ofício, ele manda um recado: “Às vezes alguém fala que é só ´ir lá falar umas bobagens´. Até gente da área, por incrível que pareça. Tem muita gente que fala ‘meu amigo ia se dar bem nisso’, como se fosse só chegar lá e fazer. Eu gostaria de ver essas pessoas tentando… Porque uma coisa é fazer seus amigos rirem num churrasco onde todos te conhecem. Outra coisa é fazer rir um bando de gente que nunca te viu na vida e ainda está pagando por isso”.

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Quais as possibilidades de carreira para um advogado ou bacharel em Direito?

Estátua da Justiça na Alemanha

Tipo polivalente. Esta é uma das qualidades mais atraentes de uma graduação em Direito, e uma que não passou batido para milhões de pessoas. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país tinha cerca de 200 cursos de Direito na década de 1990. Hoje, são 1,3 mil.

Naturalmente, o número de formados também subiu: a OAB conta com cerca de 800 mil advogados inscritos e estima que existam outros três milhões não aprovados no exame, que é obrigatório para advogar no país.

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Um estudante de Direito é equipado com ferramentas úteis em diversa carreiras, mas é importante saber que a competição pode resultar em dificuldades na inserção inicial no mercado. Estar preparado pode fazer toda a diferença – e é justamente por isso que buscar informações é tão importante.

Possibilidades de carreira para advogados

Há, primeiramente, a advocacia em si, onde é possível atuar de maneira contenciosa (casos em que há contestação, disputa ou conflito que necessite de solução judicial), preventiva (evitando que os problemas jurídicos ocorram, prevendo as possíveis controvérsias e buscando preveni-las, por exemplo, por meio de cláusulas no contrato) ou consultiva (prestando consultoria a empresas ou clientes em todas as questões que envolvam o Direito), entre outras, no âmbito público ou privado – que inclui tudo, de direito civil a direitos humanos, das águas ou constitucional.

Dentro do âmbito público, uma carreira muito buscada é o magistrado, em que o advogado pode se tornar juiz estadual, federal, militar, eleitoral ou de trabalho. Há também os procuradores, que representam os interesses públicos em nível municipal, estadual e federal, e os defensores públicos, que representam cidadãos brasileiros sem condições de pagar e atuam em nível estadual. Já o promotor de justiça defende os interesses sociais principalmente na área de direito penal.

Os concursos públicos para cada cargo são sempre muito disputados. São também boas portas de entrada, que exigem horas e horas de dedicação aos estudos mas oferecem segurança profissional. A boa notícia é que, graças aos 5570 municípios, 26 estados, um Distrito Federal e toda a União brasileira, os cargos para advogados não devem parar de surgir. E não são só esses.

Leia também: Jovem conta como foi do curso de Direito na UFMG ao mestrado em Berkeley, na California

Além da advocacia em si, existem outras carreiras públicas que um diploma de Direito pode abrir portas, embora não seja sempre obrigatório. “Há um leque enorme de opções e nem todas estão vinculadas às carreiras tradicionais”, explica Heleno Taveira Torres, professor da Faculdade de Direito da USP – um magistério é outra carreira possível, aliás. “Muitas outras demandam formação jurídica ou lhe dão grande valor, como auditor da Receita Federal, delegados da Polícia Civil ou Polícia Federal e diplomacia.”

Os diplomatas, inclusive, são ponto de destaque para ele. Como boa parte do currículo em Relações Internacionais envolve o estudo do Direito, bacharéis nesse curso conseguem entrar nesse mercado – que envolve passar no famoso concurso de admissão do Instituto Rio Branco – com mais facilidade que os egressos de outros cursos.  

Fora do setor público, além da advocacia no setor privado (em outras palavras, o trabalho em escritórios ou como advogado autônomo), as oportunidades também são numerosas. Em empresas, o crescimento do setor de compliance, que exige estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos, tem demandado muitos profissionais. “Praticamente nenhuma empresa pode sobreviver hoje sem um departamento do tipo e a formação jurídica é um elemento imprescindível”, explica Heleno.

Mudanças na área de Direito

A alta especialização é outra tendência apontada pelo professor. “Antigamente, o advogado era como um clínico geral: trabalhava com direito de família, de trabalho, penal. Hoje em dia, essa figura está quase em extinção. Estamos numa era de especialidades.”

Entre as especializações mais em voga atualmente estão direito empresarial – especialmente quando se trata de crimes de colarinho branco e lavagem de dinheiro –, direito penal, direito comercial e direito ambiental, que tem grande potencial de crescimento futuro.

E dentro de cada tipo, há uma série de outros nichos. Heleno cita áreas como imposto de renda, direito tributário internacional, royalties e patentes só dentro de sua especialidade, que é direito tributário.

O professor, no entanto, é direto quando se trata de fazer suas escolhas. “O estudante não deve ir por modismos, mas abraçar a especialidade que ama. A questão financeira virá em decorrência da forma como ele se dedica ao seu trabalho”, garante.

E não tem por que usar as dificuldades como desculpa para perder tempo: se estiver com algumas horas sobrando, procure uma boa biblioteca para estudar. “A pessoa precisa preparar-se continuamente e ter qualificação para aproveitar as oportunidades”, diz. “Ninguém chega por sorte numa profissão.”

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As melhores e piores expressões para colocar no currículo

curriculo

Uma pesquisa realizada pelo site de recrutamento Career Builder aponta que 17% dos recrutadores gastam 30 segundos ou menos analisando um currículo. A grande maioria – 68% – demora em média 2 minutos. Com um tempo de avaliação tão curto, o estudo aponta que certas palavras e expressões podem fazer a diferença para ganhar uma chance com os recrutadores.

De acordo com o estudo, o uso de clichês e termos subjetivos não são bem vistos porque não trazem ‘informação real’ e dificilmente mostram resultados efetivos.  “Sinergia”, “Dinâmico” e “Pensar fora da caixa” podem parecer boas escolhas, mas não são indicados pelos recrutadores americanos. “Recrutadores preferem palavras fortes para definir experiências, habilidades e desempenho”, afirmou Rosemary Haefner, vice-presidente de recursos humanos da Career Builder.

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A pesquisa foi realizada em novembro e dezembro do ano passado, com cerca de 2200 recrutadores e profissionais de recursos humanos dos Estados Unidos – que atuam, em sua maioria, na área industrial e em companhias médias. Abaixo, confira o que não usar e quais termos podem te ajudar a causar uma boa impressão:

As piores expressões
– Pensar fora da caixa (26%)
– Sinergia (22%)
– Pode contar para tudo (22%)
– Líder nato (16%)
– Valor adicional (16%)
– Movido por resultados (16%)
– Trabalha bem em equipe (15%)
– Trabalhador (13%)
–  Pensador estratégico (12%)
–  Dinâmico (12%)
–  Motivado (12%)
–  Detalhista (11%)
–  Pró-ativo (11%)

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Os melhores verbos/termos
–  Alcançou (52%)
–  Melhorou (48%)
–  Treinou e foi mentor de (47%)
–  Administrou (44%)
–  Criou (43%)
–  Resolveu (40%)
–  Voluntariou-se (35%)
–  Influenciou (29%)
–  Acrescentou/Diminuiu (28%)
–  Ideias (27%)
– Negociou (25%)
– Lançou (24%)
– Receita/Lucros (23%)
– Dentro do orçamento (16%)
– Ganhou (13%)

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

5 primeiros passos para encontrar um bom investidor

desenho de dois homens disputando saco de dinheiro

É bem possível que você tenha sócios ou pessoas muito especiais na sua empresa –  principalmente se você que já começou seu negócio. Pessoas que entraram cedo na organização, e que, acreditando na sua ideia, ralaram e continuam ralando para colocar o sonho de pé.

Essa formatação inicial é crucial para tudo. Você deve saber, mas é sempre bom reforçar: uma escolha acertada aumenta muito as chances de êxito do negócio. Já o sócio errado…

Muito bem, sabendo disso, investidores são, antes de mais nada,  sócios que não estarão direto no seu dia a dia, mas que gozarão de certos direitos e obrigações um pouco diferentes, como por exemplo:

1. Direito formal de opinar e votar no curso do negócio – exercício do direito de voto em reuniões de conselho;

2. Pode ter, sozinho, o direito de alterar o rumo estratégico da empresa – ex. vetos em certas decisões como investimentos relevantes, M&A, novas capitalizações, mudança do time de gestão;

3. Em muitas situações, direito de retornar o capital em primeiro lugar em relação aos demais sócios – liquidation preference;

4. Obrigação de aportar capital na forma combinada no acordo de investimentos.

O momento de escolher um investidor é a hora de colocar tudo isso na balança. Defina com clareza quais os critérios que são importantes para você, seus sócios, e para a saúde e sucesso do seu negócio. Seja muito racional e honesto com você mesmo. Abaixo, listo 5 dos critérios que costumo usar:

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1. Tamanho do cheque e quanto tempo deve durar

Dependendo do estágio em que sua empresa se encontra, o valor que você precisa levantar pode variar muito – de menos de R$ 1 milhão a mais de R$ 100 milhões. De acordo com o valor, há classes diferentes de investidores seed, VC, growth, Private Equitiesmas sobre esse tema há muito bom conteúdo disponível.

O que julgo crucial é que você tenha clareza de quanto dinheiro precisa levantar para que a sua empresa chegue onde você quer e, além disso, durante quanto tempo essa ação será necessária.

Uma captação tem que ser suficiente – com folga – para te levar até além da data estimada para seu próximo round. Tenha sempre um horizonte de mais de 1 ano de caixa. Idealmente mais de 1,5 ano, uma vez que um novo processo de captação pode facilmente durar mais de 6 meses – entre a decisão de começar a falar com investidores até o dinheiro estar disponível no caixa.

Seja muito cuidadoso aqui, não deixe seu enorme otimismo ofuscar o conservadorismo nesse tema e não queira viver a experiência de ficar sem fluxo de caixa no meio da jornada.

2. Duração da jornada

Quanto tempo você definiu no seu plano de negócios para que sua empresa “decole” ou atinja a altitude de vôo que você julga a correta? 1 ano ? 3 anos ? 5 anos ? 10 anos ? Aqui é muito importante você estar alinhado com o tempo do seu investidor. Não seja permissivo e permita o desalinhamento dos tempos.

Se você perguntar a investidores em geral, muitos dirão que estão no negócio para o longo prazo. O detalhe aqui é a referência do que é longo prazo.

Se o investidor for de fundo, seja diligente para entender o tempo de duração do fundo, a mecânica de remuneração dos gestores e o perfil dos investidores cotistas do fundo. Essas informações te dirão muito sobre o que, na prática, é o horizonte de tempo desse investidor. Busque também referências de empreendedores que já foram investidos por ele.

Tenho um certo interesse por investidores personificados por empreendedores – indivíduos ou grupos – mais experientes, que já realizaram muito: construíram grandes negócios, empregaram muitas pessoas, viveram ciclos e crises, caíram e levantaram-se. Normalmente, apresentam-se na forma de suas pessoas físicas, fundos exclusivos (ex. seus family offices) ou fundos de investimento onde sua participação no capital, bem como sua filosofia de investimentos, é relevante ou predominante.

Na maioria das vezes, o compromisso de tempo deles é longo. Muitas vezes estão no jogo legitimamente pelo prazer de construir junto com você, e mirando o sucesso no longo prazo. Acho isso muito bacana.

3. Simplicidade

No mundo de Venture Capital, uma regra que acho muito importante é: começou a complicar a conversa pelo lado do investidor, a burocracia começou a emergir e de repente surge uma névoa que impede de evoluir de forma rápida e objetiva na negociação, não perca mais seu tempo.

De duas uma: O investidor não está convicto no investimento e está criando formas adicionais de proteção – e, nesse caso, não vale a pena nem pra você nem pra ele; ou ele não sabe o que está fazendo e isso vai atrapalhar a sua vida e a da sua empresa no futuro.

Bote uma coisa na sua cabeça: Em VC, quem quer muito fazer um investimento faz e faz rápido. Goste de quem gosta de você.

4. Complementariedade de competências

Nunca busque apenas o dinheiro, isso é um erro enorme. Falo isso sobre o primeiro seed, até uma Série C, D ou PE. Entenda quais as competências estratégicas que você não têm hoje na sociedade e busque-as num investidor.

Por exemplo, se você está num segmento onde a credibilidade de uma pessoa de “cabelo branco” com histórico de realizações é importante para atrair talentos e parceiros desse setor específico, não tenha dúvidas e vá atrás disso. Mas, ao mesmo tempo, tenha muita clareza do que você e não quer. E se você parar pra pensar, vai lembrar de muita coisa que não quer…

A melhor forma que achei para fazer isso é montar uma pequena matriz com linhas de competências ou características que você deseja e as que não deseja. Nas colunas você coloca os investidores. Preencha de forma muito honesta, e peça para o seu (ou seus) sócio atual fazer o mesmo.Com tudo isso em mãos é hora de confrontar as opiniões.

Leia também: Sete dicas para quem quer empreender no Brasil

5. Intuição

Por último, a mais importante. Em decisões complexas, onde a racionalização é parte do processo, mas não ele todo, confie na sua intuição. No final da história, você está trazendo abordo da sua empresa novos sócios que terão o papel de investidores.

Pare e pense: Se eu estivesse começando a empresa hoje, eu traria essa pessoa ou esse grupo de pessoas para serem meus sócios ? Eu terei prazer em conviver com essa turma pelos próximos anos ? Será divertido ? Será produtivo ? Vou me tornar uma pessoa melhor com eles ?

De novo, seja franco com você. É fácil criar muletas, tapa-olhos e névoa pra evitar ver e entender o que está lá escancarado e que deve ser visto ou percebido. Busque clareza absoluta em como você percebe o seu candidato a novo sócio – a decisão fica muito mais simples!

Por fim, uma pergunta que muitas vezes me fazem: Investidor brasileiro ou estrangeiro?

A minha resposta é simples: converse com os dois, pondere e faça sua escolha.

Aliás, não deixe de conversar com os estrangeiros. Pegue o avião e vá para os EUA ou talvez Europa, mas antes de tudo prepare-se. Faça muito bem feita a sua lição de casa:

1. Identifique quem são os investidores mais importantes do seu segmento. Preferencialmente, procure quem investiu no seu benchmark;

2. Treine, treine e treine. A forma de um pitch feito fora do Brasil tem diferenças importante, busque ajuda de quem teve essa experiência;

3. Vá pra cima sem medo. Os investidores estão lá por sua causa: você é o protagonista.

Você pode até acabar não captando com o estrangeiro, mas vai aprender um monte e amadurecer. Eles são diretos e falarão o que é bom e o que não é no seu negócio. Melhore, mostre que você é fazedor e e volte lá no semestre seguinte. Persistência é uma das maiores qualidades que você pode mostrar.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

 

Aprenda um truque simples para nunca mais perder prazos

Pessoa escrevendo no moleskine

Há uma infinidade de sites e aplicativos que podem ajudar você a administrar o seu tempo e ter uma rotina mais produtiva. Mas nem todo mundo se dá bem com a parafernália tecnológica. Em muitos casos, a simples combinação de papel e caneta pode ser suficiente para organizar toda a sua vida — e de uma vez por todas.

Adepto do velho método, o designer norte-americano Ryder Carroll criou uma técnica de organização de tarefas baseada exclusivamente em um caderno, que tem ganhado cada vez mais adeptos pelo mundo. Apelidado de “Bullet Journal”, o sistema faz sucesso principalmente entre aqueles que não aguentam mais depender dos smartphones para tudo.

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Como funciona?

A ideia principal é dividir um caderno branco em quatro partes:

– Um índice, como de um livro, em que você listará as páginas do caderno e seus respectivos conteúdos;

– Uma agenda do futuro, em que você escreverá os eventos e prazos dos próximos 6 meses;

– Uma agenda mensal, em que estarão as atividades de cada mês específico;

– Uma agenda diária, em que você deve anotar suas tarefas e notas de cada dia.

O método permite uma visualização rápida das suas prioridades, divididas nos prazos curto (dia), médio (mês) e longo (6 meses), de forma centralizada e fácil de acompanhar.

Tudo isso sem gastar muito dinheiro — ou tempo. Segundo o site Buzzfeed, a preparação inicial do “Bullet Journal” costuma levar menos de uma hora, e a manutenção dos registros não consome mais do que 10 ou 20 minutos por dia.

Também existem outras vantagens em registrar a sua vida no papel: pesquisadores americanos afirmam que quem escreve informações à mão tem mais facilidade de compreendê-las e memorizá-las do quem as digita.

Uso de símbolos A grande novidade apresentada por Carroll é o que ele chama de “rapid logging”, isto é, um registro ágil e simplificado das informações. A orientação do designer é usar frases curtas e diretas para descrever suas tarefas, e marcar cada item com um símbolo específico, que funcionará como categoria.

O ponto (.), por exemplo, serve para representar o que você ainda precisa fazer. Concluiu a tarefa? Marque um “X” sobre o ponto. Não deu tempo de completar hoje? Assinale o compromisso com o símbolo “>” para indicar que ela foi transferida para outro dia.

Um pequeno círculo (O) representa grandes eventos e compromissos, enquanto o traço (—) simboliza atividades menos importantes.

Veja um exemplo do sistema de símbolos na imagem a seguir, extraída de um vídeo explicativo:

Veja a seguir um passo a passo para montar a estrutura da agenda:

1. Compre um caderno de tamanho médio e boa qualidade. Se for pequeno demais, não será fácil de manusear; se for grande demais, você terá dificuldades para levá-lo consigo. Também é importante que o material seja resistente o suficiente para suportar os desgastes do uso a longo prazo.

2. Comece organizando o índice nas quatro primeiras páginas. Você deve marcar todas com números. Comprar um caderno pré-numerado pode agilizar o processo;

3. Use as páginas seguintes para a sua agenda do futuro. Carroll sugere que você divida o espaço com uma régua em 6 partes, representando os próximos 6 meses. Em cada retângulo, você deve anotar seus grandes projetos e metas para o próximo semestre;

4. Preencha as páginas seguintes com a agenda mensal. Escreva o nome do mês no topo da página e liste os dias numa coluna à esquerda. Anote todos os seus compromissos para aquele mês nos respectivos dias, como faria num calendário tradicional;

5. A seguir, use as próximas páginas em branco para registrar a sua agenda diária, que funcionará como uma lista de tarefas enriquecida pelo sistema de marcadores (“x”, “o”, “>” e outros símbolos descritos anteriormente). Quando terminar o dia, abra uma nova página para a sua agenda diária, e transfira as tarefas que foram transferidas.

Carroll explica mais sobre a técnica em seu site oficial e no vídeo a seguir (clique no retângulo na parte inferior direita do vídeo para ver legendas em inglês):

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

Leia