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O que as fontes usadas no seu currículo dizem sobre você

analise de caracteristicas das fontes

Design, ensinava Steve Jobs, não é aparência de uma coisa; é como ela funciona. Currículos não são iPhones, mas nem por isso escapam à máxima do gênio da Apple: seu papel diante de um recrutador depende fortemente de seu visual.

Você é um profissional sóbrio ou irreverente? Moderno ou tradicionalista? A estética do seu CV contribuirá muito para essa resposta.

Segundo o designer Gustavo Pizzo, as fontes usadas no texto são uma parte importante da mensagem não-verbal contida no documento. A escolha deve ser “calibrada” de acordo com o cargo ou a área pretendida pelo candidato.

Também há uma questão importante atrelada à legibilidade do texto. “Algumas fontes são fáceis de enxergar na tela do computador, outras ficam melhor no papel impresso”, comenta Pizzo. Da clássica Arial à execrada Comic Sans, reunimos 10 exemplos de fontes populares e suas respectivas peculiaridades para o contexto dos currículos. Veja a seguir:

1. Arial

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A Arial é uma cópia aproximada da Helvetica, uma fonte idolatrada pelos designers e presente em muitas mídias do dia a dia – até nas placas do metrô de São Paulo.

Tradicional, sóbria e fácil de ler, ela tem uma desvantagem importante, segundo Pizzo. “É básica demais, saturada”, explica. “É uma fonte adequada, correta, mas não diferencia nenhum candidato”. Além disso, em textos longos, a fonte pode se tornar cansativa. Uma saída para isso, diz o designer, é aumentar um pouco o espaçamento entre as linhas.

2. Calibri

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Criada para acompanhar a chegada de monitores de computador mais modernos, a fonte tem visibilidade ótima em telas de LED e LCD. “A Calibri é ótima para currículos em formato digital, especialmente para textos corridos”, afirma Pizzo. “Também tem a vantagem de ser sóbria, mas não tão saturada e quadrada quanto a Arial, por exemplo”.

3. Times New Roman

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Criada nos anos 1930 para o jornal britânico “The Times”, a fonte tem uma estética associada ao mundo dos jornais impressos. “Ela é ótima para currículos impressos, com letra pequena, mas tem uma legibilidade péssima para o meio digital”, diz Pizzo. Se a sua intenção é mandar o arquivo para o recrutador pela internet, portanto, é melhor desistir da fonte.

Como a Arial, a Times é vítima de sua própria popularidade: ninguém mais aguenta vê-la. Mas há alternativas menos saturadas, como a Cambria, a próxima fonte desta lista.

4. Cambria

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Da mesma forma como a Calibri é uma boa substituta para a Arial, a Cambria pode ser uma alternativa interessante à Times New Roman. Isso porque, além de funcionar bem no papel impresso, ela também proporciona uma boa leitura em telas de computador.

Como é menos usada, ela também conta pontos em originalidade. “Ela tem a sobriedade da Times, sem ser tão cansativa”, explica Pizzo.

Modelo de currículo com foto para baixar e preencher

5. Comic Sans

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Motivo de ódio e chacota, a Comic Sans foi criada para o mundo dos quadrinhos. Mas seu uso acabou escapando aos gibis: de cardápios de restaurante a comunicados no elevador do prédio, a fonte é usada em todos os possíveis contextos.

“Os designers têm pavor dela, e ficou engraçado dizer como ela é horrível pelo uso inadequado que acabou adquirindo ao longo do tempo”, explica Gustavo. Para currículos, a negativa do designer é enfática. “A mensagem é brincalhona, infantil”, diz. “Até se você fosse um palhaço profissional, existiriam outras fontes mais interessantes para o seu currículo”.

6. Impact

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Criada nos anos 1960, a Impact adquiriu um status cultural imprevisto a partir dos anos 2000: virou a fonte oficial dos memes de internet. A associação com as imagens engraçadinhas das redes sociais é motivo mais que suficiente para ela passar longe dos currículos, diz Pizzo. “Ela traz inevitavelmente um tom cômico, irônico, nada profissional”, explica.

7. Monotype Corsiva

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Inspirada na letra cursiva, a fonte fica bem em materiais impressos – e só. Segundo Gustavo, ela não deve ser usada de forma alguma em currículos digitais. Além de ser difícil de ler em telas, a Monotype Corsiva tem outra particularidade que pode comprometer seu uso: sua aparência elaborada, quase kitsch, tem tudo a ver com convites de casamento e formaturas.

“No máximo, pode ser usada por profissionais mais tradicionais em títulos e assinaturas”, diz o designer. Mesmo nesses casos, é importante usá-la com parcimônia.

8. Courier New

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A fonte é outro “patinho feio” entre os designers. Pelo seu ar antiquado, típico dos textos de máquinas de escrever, ela é pesada, grosseira e cansativa para a leitura, na visão de Gustavo.

A Courier New também traz uma associação com o mundo da informática, por ser tipicamente usada em código de programação de computadores. “É um visual que pode causar estranhamento no contexto de um currículo”, afirma o designer.

9. Book Antiqua

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O nome da fonte não deixa dúvidas: ela pertence ao universo dos livros. Graças ao seu estilo clássico, ela pode ser uma boa opção para profissionais de áreas tradicionais, como Direito.

Apesar disso, a Book Antiqua tem algumas limitações. “Ela fica bem melhor no papel, já que foi projetada para uma mídia impressa”, explica Pizzo. Para aumentar a legibilidade na tela, você pode aumentar ligeiramente o tamanho das letras e o espaçamento entre as linhas.

10. Garamond

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Como a Book Antiqua, a fonte deve suas origens à impressão dos livros. Sua ancestral mais remota, projetada pelo francês Claude Garamond, apareceu numa obra publicada no ano de 1530. A fonte dá um ar sério e tradicionalista a currículos, com a vantagem de ter uma legibilidade melhor em telas de computador do que a Book Antiqua.

“A Garamond é sóbria, elegante e muito usada por designers”, diz Pizzo. “Ela está saturada no mundo dos livros, mas em outros contextos pode ser uma ótima opção”.

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Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

 

As lições que um tenista trouxe das quadras para a vida profissional

alain michel jovem de duke jogando tenis

Em idos de 2005, o tenista Alain Michel acordou mal. Tinha intoxicação alimentar. O problema é que era dia de quartas de final do principal torneio juvenil de tênis do país, conhecido como Brasileirão, e fazia 30 graus em Brasília.

“Eu mal conseguia sair da cama e enfrentaria o número 5 do ranking nacional num jogo dificílimo”, lembra. O treinador, encontrando-o  daquele jeito, pediu que ele aparecesse em quadra para uma formalidade e fizesse apenas uma jogada. (Não aparecer, o chamado WO, significa perder muitos pontos no ranking nacional.)

O adversário também sabia o que estava acontecendo. “Ele esperava que eu desistisse logo no começo da partida, mas fui teimoso. Não conseguiria entregar algo que batalhei tanto para conseguir de mão beijada”, diz Alain. O que se seguiu foi uma demonstração de perseverança, a qualidade que ele mais destaca quando se trata do que trouxe das quadras para a vida. 

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Jogou por três horas e passou mal oito vezes sob o sol forte. “Os espectadores estavam chocados com o que estava acontecendo”, fala. “Para surpresa de todos, venci meus limites e conquistei uma das vitórias mais relevantes da minha carreira. Não tanto pelo jogo em si, mas por deixar claro para mim mesmo o tipo de competidor que sou.”

Lições Praticante desde os sete anos, Alain ainda joga quando pode. “Meus pais se conheceram jogando tênis no Clube Suíço, em São Paulo, então posso dizer que faz parte da minha vida mesmo antes de nascer”, ri.

Jogou por anos, muitos deles competitivamente. Participou de torneios mundiais e profissionais e integrou o ranking nacional juvenil até se mudar para os EUA, onde estudou economia na Universidade Duke.

Alain Michel - O que um tenista trouxe das quadras para o mundo profissional
[acervopessoal]

Bolsista da Fundação Estudar, ele também integrou o time da universidade por quatro anos. Equilibrar as demandas intensas de um atleta universitário no exterior – que inclui quatro horas de treino diário – e as obrigações acadêmicas exigiu muita disciplina, outro traço que ele desenvolveu em quadra.

Também o ajudou de outras maneiras. “Praticar um esporte majoritariamente individual exige que o atleta desenvolva uma capacidade ímpar de tomar decisões rápidas, lidar com pressão e administrar suas emoções sozinho”, explica. “Acredito que esses pequenos detalhes me ajudaram muito a me desenvolver como pessoa.”

De volta ao Brasil, Alain fundou uma nova empresa, que conta com grandes empresários brasileiros como investidores e ainda está em fase de implementação (e mistério). Em tempos olímpicos, ele também reflete sobre a tristeza inevitável da derrota.

“A principal lição que trouxe das quadras para a vida é que erros e derrotas são nossos aliados para o desenvolvimento”, diz. “É importante pararmos e pensarmos neles, pois indicam para onde devemos direcionar nossos esforços para melhorar e seguir evoluindo.”

Leia também: “Desistir nunca, persistir sempre” é lema do atleta Isaquias Queiroz

‘Desistir nunca, persistir sempre’ é lema do atleta Isaquias Queiroz

atleta isaquias queiroz com medalha de prata

Em Ubaitaba, no interior da Bahia, a febre é a canoagem velocidade. Numa quadra de escola, um telão instalado pela prefeitura era palco de festas e fogos de artifício toda vez que o medalhista olímpico Isaquias Queiroz – que nasceu ali em 1994 – aparecia remando na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Foi lá que em 20 de agosto de 2017, durante a final de modalidade nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, ele conquistou a medalha de prata ao lado de Erlon de Souza. A dupla, que liderou a competição até os 750m em um percurso total de um quilômetro, ficou atrás apenas dos experientes atletas alemães.

No dia 16, quando veio sua primeira medalha da Rio 2016 (prata, na categoria individual de 1000 metros), o Brasil havia despertado para um novo ídolo e pôs-se, como Ubaitaba, a assisti-lo avidamente: nos próximos dias, ele ainda conquistaria o bronze na categoria de 200 metros. Com a prata deste sábado, fez história ao se tornar o primeiro atleta brasileiro a conquistar três pódios numa mesma edição olímpica.

No entanto, por trás da excelência demonstrada na competição e que levou euforia aos torcedores brasileiros, existe uma história marcada por valores fortes e sonhos ambiciosos.

Trajetória de Isaquias Queiroz

Do tupi “cidade da canoa”, Ubaitaba é banhada pelo Rio das Contas e, desde pequenos, os locais aprendem a remar para atravessar as águas. Isaquias não era diferente e, ainda cedo, aos 11 anos, começou a treinar a técnica visando melhoria contínua e aprimoração competitiva, por meio do programa Segundo Tempo, hoje descontinuado no município. 

“Sou grato pelo projeto social em que comecei e que me revelou”, disse. “O esporte pode mudar a vida das pessoas. Que o governo veja isso e que meu resultado e de outros possa abrir os olhos da sociedade.”

Decidiu se profissionalizar como atleta em 2009 e, dois anos depois, saiu de casa rumo ao Rio de Janeiro. Passou por diversas cidades até que, em 2014, tornou-se parte da seleção permanente, que hoje treina em Lagoa Santa, Minas Gerais.

E foi para o treinador do time masculino, o espanhol Jesús Morlan, que ele dedicou sua primeira vitória olímpica – e a primeira da história do Brasil na canoagem – no Rio de Janeiro. 

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“Em 2012, eu tinha sumido do mapa da canoagem”, explicou, referindo-se às dificuldades que encontrou para se adaptar à vida no Rio.

A indisciplina acabou lhe custando uma vaga na equipe que participou do Pan-Americano de Guadalajara, e tampouco foi aos Jogos Olímpicos de 2012. Foi nessa época que começou a ser treinado por Morlán.

A diferença fez com que Isaquias sonhasse, mais uma vez, com os maiores louros do esporte.”Podem falar que eu tenho talento, isso e aquilo, mas sem um bom cara para lapidar o diamante você não chega ao ponto certo para ser reconhecido e, sem ele, eu não teria ganhado essa medalha.” 

O reconhecimento da equipe é característica marcante no atleta. “Não é só mérito meu, é da minha equipe toda, que está de parabéns”, fez questão de declarar à imprensa no término da prova de hoje.

Outro incentivo, brinca ele, foi a chance de ter três meses de férias, um para cada medalha. “Eu tive a iniciativa de ganhar três medalhas e falei para o meu treinador. Quando ganhei duas, ele disse: ‘Você já tinha até novembro de férias, falta mais uma para ter até janeiro'”, riu.

isaquias reproducao
A dupla campeã olímpica Isaquias e Erlon [reprodução]

Superação

O esporte, que se tornou olímpico em 1936, em Berlim, é cheio de meandros. Não há costume de marcar recordes de velocidade, por exemplo, já que fatores como vento e profundidade das águas diferem muito e, não raro, milissegundos são a diferença entre a derrota e a vitória.

Nas Olimpíadas do Rio, Isaquias competiu em três de seis modalidades na canoa. Subiu ao pódio em todas, conquistando o resultado histórico para o país. 

“Quando você tem chance de medalha, você imagina tudo”, disse ele, em maio. “Quero gravar meu nome no Brasil.” Sua ambição não era à toa, mas calcada em anos de trabalho, esforço, disciplina de treinos e constante superação.

Isaquias já era uma aposta entre especialistas e vinha acumulando medalhas internacionais há algum tempo. Trouxe inclusive dois ouros e uma prata dos Jogos Panamericanos de Toronto, em 2015. A surpresa foi o número de vitórias no Rio: ele era favorito na modalidade em dupla, com o também baiano Erlon de Souza, e acabou subindo ao pódio em todas as provas que participou.

Leia também: Como manter o foco trouxe três medalhas para a equipe de ginástica artística brasileira

Foi assim, menos de uma semana após colocar a canoagem no mapa, que Isaquias fez muita gente levantar no sábado de manhã para torcer pelo atleta e por sua mãe, presença marcante na arquibancada. As imagens de seus abraços após as corridas, assim como as comemorações de Isaquias dentro da água, conquistaram o país. 

O lema do canoísta é simples, mas pungente. “Desistir nunca, persistir sempre”, declarou. “Essa medalha é para todos os brasileiros que nunca desistiram dos seus sonhos.”

Sonho grande

Como é comum entre esportistas, o caminho até ali teve dificuldades. Na juventude, Isaquias passou por acidentes sérios e chegou a perdeu um rim ao cair de uma árvore, aos 10 anos. 

No ano seguinte, começou a praticar a canoagem. “As pessoas achavam que não daria certo, que seria uma deficiência. Mas acabei mostrando para o Brasil – para o mundo – que não tem nada de problema”, falou.

A falta do rim virou tanto apelido na turma quanto motivação extra para se provar na água. “Nunca deixei ninguém ganhar de mim para depois falar: ‘Eu perdi porque só tenho um rim’. Gosto de competir de igual pra igual. O ruim é quando uma pessoa perde para mim e diz: ‘Nossa, perdi para um cara que só tem um rim!’”

Para se preparar para as provas olímpicas, enfrentou uma rotina intensa: para cada semana de folga, eram oito de atividade. Pouco mudou depois que chegou Rio, mesmo tendo subido ao pódio.

Após comemorar sua primeiro vitória, tirou centenas de selfies com os novos fãs e logo sumiu de vista. Precisava trabalhar. “Eu saio do pódio e treino no mesmo dia, tem que manter o ritmo”, explicou. “Como seria bom ir pra Bahia descansar, não é?”

Na página do Comitê Olímpico Brasileiro, atualizada antes dos jogos começarem, o canoísta escreveu que seus objetivos profissionais envolviam incentivar a canoagem brasileira e ser medalhista olímpico. 

“Agora sabem o que é canoagem e não somos o patinho feio do Brasil”, disse ele, que foi recebido por uma multidão em Ubaitaba e desfilou pelas ruas da cidade num carro de bombeiros.

Sua vontade agora é aprimorar-se todos os dias para chegar em Tóquio, sede dos próximos Jogos Olímpicos, em busca do ouro. “Já tenho prata e bronze. Falta o ouro para completar o pódio.”

A boa fase continua: no Campeonato Sul-Americano de Canoagem Velocidade e Paracanoagem, que ocorreu em abril de 2017, Isaquias levou cinco ouros. No mês seguinte, faturou a medalha de prata na Copa do Mundo da categoria.

Claramente, esse é só o começo.

Leia também: Atletas revelam lado da carreira esportiva que ninguém vê

 

“Não passar no vestibular me ensinou muito”

palestra de resultados digitais

Formado em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Luis Franchini Casaretto trabalha há seis anos na Resultados Digitais, startup de marketing digital que contratou o desenvolvedor como seu primeiro funcionário. A seguir, ele escreve sobre as decisões de carreira que o levaram ao mundo das startups:

Não passar no vestibular para Engenharia de Controle e Automação em 2005 me ensinou muito. Era o único curso que me interessava e foi o único vestibular que prestei naquele ano. Na época, eu senti como se tivesse perdido o ano seguinte em cursinho pré-vestibular. Foram dois semi-extensivos torturantes. Até as piadas dos professores eram iguais entre um semestre e outro…

Mas o tombo foi bem-vindo. Aprendi a me dedicar. Entendi que objetivos grandes exigem sacrifícios.

Diminuí muito as saídas com os amigos e aposentei o video-game. A namorada (hoje minha esposa), via cerca de 1 hora por dia. Com a ajuda de colegas igualmente dedicados, estudei muito e me preparei. Colhi os resultados, atingi o objetivo e disso tirei uma grande lição: “Você tem a capacidade de alcançar tudo o que desejar”.

Olhando para trás fica fácil ver o motivo de não ter alcançado outras coisas. Simplesmente não havia me dedicado o suficiente. Analisando minha trajetória até então, faz bastante sentido o ditado popular “Quem quer acha um meio, quem não quer, uma desculpa”. 

Muitas pessoas se desapontam com a faculdade ou com o curso escolhido. Não foi o meu caso. Tanto que tenho vontade de repetir muitas matérias. Foi, por acaso, que logo no começo da faculdade recebi um dos melhores conselhos que tive nesse período… Um vizinho de porta, colega de Engenharia e já nos seus últimos anos me recomendou mostrar iniciativa. E que a maneira de fazer isso era procurando atividades de estágio desde o primeiro semestre.

Segui o conselho a risca.

Leia também: “Não é sua formação que importa, e sim o seu propósito de vida”

Nas primeiras semanas já havia conseguido uma oportunidade em um laboratório de motores. O estágio em si não foi muito útil. Estava bem distante do que viria a aprender na graduação e sequer tinha atividades programadas. Não importava. Eu apertaria parafusos se precisasse.

A vontade e dedicação foram percebidas por um professor que também viu o bom desempenho acadêmico e isso me rendeu meu primeiro estágio de iniciação científica no próximo semestre. Esse sim, oficial e com desafios reais!

O estágio me levou para o próximo e este na sequência à minha primeira experiência no mundo profissional. A empresa era de desenvolvimento de software para dispositivos móveis (celulares).

Um mundo totalmente diferente do acadêmico. Ali eu trabalhava com as últimas tecnologias e processos ágeis, os ciclos eram medidos em semanas e não meses e o contato com o cliente era frequente. Foi ali que conheci algumas das pessoas mais influentes na minha carreira e aprendi a importância de um time forte e coeso.

A empresa acabou fechando. Porém, algum tempo depois os envolvidos se reorganizaram e fundaram a Resultados DigitaisTive a felicidade de receber a oferta para o “primeiro assento no foguete“, ou seja, sou o funcionário #1 da RD. Nem pensei a respeito, era tudo o que queria. Uma experiência em uma startup antes mesmo de sair da faculdade.

É até difícil falar o quanto aprendi nestes últimos anos aqui. O aprendizado foi (e continua sendo) enorme em vários eixos. Trabalhar em uma startup, principalmente na fase inicial é uma experiência única. Não existem job titles, existem apenas hipóteses a serem provadas e uma equipe focada em avançar o mais rápido possível para encontrar um modelo de negócio repetitível e escalável.

Durante este período, descobri que há um traço comum entre os profissionais de sucesso e gosto de usar a palavra resiliência para resumir.

Resilência é vencer a si mesmo. É baixar a cabeça e estudar para passar no curso que você quer independente do quanto jogar video-game seja mais divertido. Resiliência é vencer, mesmo escutando 100 nãos em um processo de captação de investimentos. Resiliência é cumprir o que se acorda consigo mesmo, e independente de qualquer obstáculo.

Um filme que traduz esse valor de uma forma profunda e emocionante é ‘À Procura da Felicidade’ com Will Smith. Até hoje me recordo de uma passagem em que o Will Smith no filme diz para seu filho: “If you wan’t something, go get it. Period.”

Por último, quando começar a buscar por oportunidades, recomendo fortemente que você veja o ebook  Como é o trabalho em uma startup? para conhecer as oportunidades e benefícios únicos que só esse tipo de carreira oferece!

 

 

 

As táticas de atletas de alto desempenho que podem te ajudar na carreira

atletas em corrida

Ao sucesso não se chega por meio de atalhos e qualquer prova da Olímpiada corrobora essa tese. O esporte, aliás, é um grande professor neste quesito. “Treinar, superar limites, competir, aprender com as vitórias e derrotas faz parte do dia a dia de um campeão”, diz o coach André Franco. As atitudes que levam um atleta ao pódio levam um profissional ao topo de qualquer carreira. Confira quais são elas, segundo coaches e especialistas:

1. Sonho

“Todo atleta tem ao menos um grande sonho. A partir disso, uma história de realizações e conquistas é construída”, diz Franco.

Qualquer semelhança com o destaque no mundo dos negócios não é mera coincidência. O livro Sonho Grande, que apresenta a trajetória de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira (fundadores da Fundação Estudar) ilustra bem o papel do propósito no sucesso.

Vencedores não deixam que limites de seus recursos deem o contorno de seus sonhos, segundo o especialista. “Quando sonham não pensam em suas limitações financeiras, culturais ou habilidades disponíveis no momento”, diz.

Se Flávio Augusto da Silva, fundador da Wise Up! tivesse se deixado abater pelos seus problemas, no início de carreira, certamente não estaria hoje entre os bilionários.

Você precisa saber qual é a sua meta para focar e investir todos os esforços em busca da sua realização”, diz Janaina Manfredini, coach da Effecta Coaching.

2. Estratégia

“Uma série de fatores pesam para uma vitória”, diz o médico, escritor e palestrante Roberto Shinyashiki. E esses aspectos são levados em conta na hora de desenhar a estratégia, ou seja, o planejamento para atingir os objetivos de carreira.

Para um atleta é preciso determinar as competições em que se inscrever e a rotina de treinamentos, entre outros aspectos, que funcionarão como seu plano de carreira.

“Na vida gastamos muito tempo, energia e dinheiro em atividades que geram pouco ou nenhum resultado que seja relevante para atingir nossos sonhos”, diz Franco. Pessoas de sucesso se concentram em atividades que estão alinhadas aos seus objetivos finais, segundo o coach.

Ele indica aos profissionais que anotem as etapas realizadas no início, meio e fim do objetivo. Determinar como, por quem e quando cada tarefa será realizada e prestar atenção em tudo que evidencie que o rumo tomado é o certo também são algumas dicas de André Franco.

3. Competência

Reconhecer o impacto no desempenho da carência ou do déficit de uma habilidade é próprio dos atletas vencedores. “O atleta vencedor sabe que dom e talento não são suficientes para garantir as vitórias, e que é necessário treinar muito para desenvolver suas competências e obter cada conquista”, diz Franco.

A competência da ginasta Simone Biles, medalhista de ouro no individual geral da Olímpiada, é um dos aspectos que mais chamam a atenção nas suas apresentações. Sua técnica considerada perfeita para aceleração, salto e aterrissagem são parte do show que ela deu ao disputar a final da competição.

Quais as habilidades necessárias para que você atinja seu objetivo profissional? Quais sacrifícios está disposto a fazer para chegar lá?

Leia também: Determinação de atleta para o sucesso no mundo dos negócios

4. Ação

“De nada adianta termos grandes sonhos, uma excelente estratégia e competência necessária se não colocarmos em prática nossas ideias”, diz Franco.

Os vencedores, diz ele, treinam como se estivessem competindo e mantêm uma consistência impressionante para conseguir aquilo que planejaram. As palavras chaves são disciplina e consistência.

“Em muitos esportes de alto rendimento, os índices de aproveitamento nas jogadas determinam o resultado e vence o indivíduo ou equipe que errar menos frente às oportunidades”, diz Franco. Muitas vezes são detalhes que separam a vitória da derrota.

O importante, segundo o especialista, é pensar em ganhos e benefícios de realizar o objetivo e avaliar as perdas possíveis ao não entrar em ação. Aprender com os resultados já obtidos e buscar melhoria contínua vão garantir cada vez mais ações eficazes.

5. Emoção

Preparação emocional é tão importante quanto a técnica para atletas e demais profissionais. “Assumir riscos, lidar com o medo, pressões e manter o controle de suas ações é o grande desafio dos campeões”, diz Franco. E de qualquer pessoa.

Gerir as emoções é uma habilidade que a cada dia ganha mais importância no trabalho. Para chefes é ainda mais crítica para o bom desempenho. Por quê? Porque que a influência na tomada de decisão é grande, perder a cabeça é fatal para estratégia.

Visualizar e se preparar para diferentes cenários, tanto positivos quanto negativos, ajuda ninguém menos do que o maior campeão de todos os tempos da natação. Antes de competir, Michael Phelps já tem vários planos de ação definidos na sua cabeça e os coloca em ação à medida que as coisas vão acontecendo.

Aprender com erros e fracassos também é um aspecto essencial, segundo atletas e executivos de sucesso. São essas experiências que proporcionam os ajustes de rota necessários para atingir o objetivo definido.

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Este artigo foi originalmente publicado em Exame.com

‘Nossas Cidades’: como um projeto da sociedade civil pode transformar políticas públicas

Alessandra Orofino cofundadora do Meu Rio

Em 2007, o Rio de Janeiro oficializou sua candidatura para ser sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O projeto enviado ao Comitê Olímpico Internacional – os pré-requisitos do COI são famosos pela minúcia e preenchem milhares de páginas – previa obras de transporte público e infraestrutura em quatro regiões, que seriam um legado para a população após o evento.

A beleza natural, o bom momento econômico brasileiro e o fato de que a cidade seria a primeira anfitriã da América do Sul foram alguns dos motivos que levaram o Rio a ganhar de gigantes como Chicago, Madri e Tóquio.

Em 2008, empolgada com a chance de melhorar sua terra natal, Alessandra Orofino cofundou a Meu Rio com um amigo, Miguel Lago. Ela estava na cidade em um ano sabático, enquanto se preparava para estudar na Universidade Columbia, em Nova York.

“Vimos que o Rio mudaria muito rápido e havia uma era de ouro começando, com investimentos federais e estaduais”, lembra. “Mas como acontece com todo processo de mudança urbana, não se tem necessariamente o cidadão no centro do processo. Se ele não tiver oportunidade de entrar na disputa, os resultados acabam orientados por outros interesses mais bem articulados.”

A ideia tornou-se levar o cidadão para a arena de decisões de políticas públicas, e os jovens decidiram criar uma plataforma que ajudasse a fortalecer a cidadania e a expressão da vontade popular.

Ao criar uma rede em que pessoas pudessem se juntar e que oferecesse instrumentos de ação e compreensão sobre o processo político, os cidadãos poderiam se mobilizar de maneira mais eficaz. Era algo novo, numa época em que redes sociais e petições online ainda não eram tão difundidas.

A dupla ficou quase um ano trabalhando sem investimentos. Após o período de testes, com uma visão mais clara e um modelo sustentável e alinhado, começaram a buscar capital.

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“Quando começamos, mapeamos os contatos na nossa rede e fomos passando o chapéu”, ri ela. “A primeira rodada foi menor. Nós mostramos resultados e a segunda rodada melhorou. Nunca usamos editais ou pedimos nada para os governos.”

As sugestões de temas, que podem ser enviadas por qualquer membro da comunidade, são revistas por uma equipe de cinco pessoas. Entre os critérios utilizados estão alinhamento com a visão de cidade da organização (democrática, justa, aberta) e urgência (é um projeto sendo votado naquela semana, por exemplo?).

Meu Rio
[divulgação]

Em seguida, as demandas são levadas aos “supervoluntários” e membros mais ativos da comunidade, quando possível dentro de suas áreas de preferência e expertise, como saúde ou transporte. Aprovadas, passam a ser alavancadas internamente e voltam à rede como campanhas de mobilização.

O projeto cresceu – há 200 mil membros cadastrados só no Rio – e deu tão certo que se espalhou. Em 2011, surgiu a rede Nossas Cidades, que inclui também Minha Blumenau, Minha Campinas, Minha Curitiba, Minha Ouro Preto, Meu Recife, Minha Sampa, Minha Garopaba e Minha Porto Alegre. Versões em Belém, João Pessoa e Oiapoque estão em vias de aprovação.

História O interesse de Alessandra por gestão pública começou no Canadá, quando ela tinha 13 anos. Sua mãe foi convidada para dar aulas na Universidade McGill, em Montreal.

Alessandra aprendeu francês lá, na parte francófona do país, e quis continuar estudando no idioma. De volta ao Rio, matriculou-se numa escola francesa. Ao se formar, conta, estudar na França pareceu algo natural.

“Eu queria muito estudar ciências políticas, porque tinha visto muitas diferenças na provisão de serviços públicos entre os países”, fala. “Eu queria saber por que a nossa é tão deficitária e como podemos melhorar.”

Com bolsa do governo francês, começou os estudos no famoso instituto Sciences Po, em Paris. O currículo, no entanto, era muito voltado para a gestão pública francesa e desanimou a brasileira. Terminou o primeiro ano e voltou ao Brasil nas férias de verão, indecisa.

No meio tempo, adquirir experiência lhe pareceu a melhor decisão. Estagiou no Instituto Promundo, atuando em campanhas contra a violência contra a mulher e contra a criança, e viajou para a Índia, onde trabalhou numa ONG parceira pelo fim da desigualdade de gênero.

Foi em Nova Déli que a ideia de estudar em Columbia, também muito forte em ciências políticas, tomou forma. “Eu estava conversando com uma professora minha de Paris, que na verdade dava aula em Nova York, e ela disse que eu deveria aplicar”, lembra. “Como a relação institucional é forte entre as duas instituições e eu tinha boas notas, poderia pedir equivalência.”

Na Índia mesmo, Alessandra se preparou para as provas específicas para aprovação em universidades americanas, como os SATs e o teste de inglês TOEFL. Fez todas na embaixada americana da cidade e enviou sua application. Passou.

Com a aprovação, vieram outros problemas. Além dos custos de vida serem bastante altos na cidade, ainda havia o preço da universidade, cerca de US$ 60 mil por ano. (Na França, a Sciences Po era gratuita.)

Para dar um jeito, a carioca adiou a matrícula em um ano e voltou ao Rio para trabalhar. “Juntei cada centavo”, diz. Atuou numa consultoria e traduziu de tudo, fosse português, inglês, francês, espanhol ou italiano. Ao mesmo tempo em que colocava a Meu Rio de pé, tornou-se bolsista da Fundação Estudar, que pagou parte dos custos.

Crescimento Uma vez em Nova York, Alessandra ainda tinha uma conta para fechar. Acabou conquistando um trabalho tipo dois-em-um, que lhe ajudou nos custos de ensino e lhe ensinou como funcionava uma ONG ao mesmo tempo.

“Cheguei lá com seis meses de dinheiro e corri atrás de um estágio autorizado que, ao invés de me pagar um salário, pagaria parte da minha tuition”, explica. Encontrou a pequena Purpose, onde foi a quarta contratada.

A ONG, uma consultoria estratégica que tem hoje mais de 100 funcionários, atua como incubadora de movimentos sociais voltados para a mobilização de pessoas – justamente como a Meu Rio.

Leia também: Empreendedorismo social: 10 dicas para arrecadar fundos

Em quatro anos de casa, Alessandra foi de estagiária à mais jovem diretora de estratégia. No dia a dia, avaliava o impacto que uma iniciativa queria ter e desenhava as possibilidades. Que tipos de políticas públicas ajudariam a alcançar aquele objetivo? Em que lugares? Qual seria a melhor abordagem?

Foi uma escola. “A Purpose acabou surgindo”, explica. “Às vezes só temos que estar abertos e abraçar o que vem.”

De casa Formada, voltou ao Rio em 2014 e dedica-se ao Nossas Cidades, que tem 33 funcionários, como diretora executiva.

“Vivemos de doações, que vem basicamente dos membros que participam e veem valor nessa proposta”, diz ela sobre o modelo de negócios, que inclui desenvolvimento de plataformas e gastos com a equipe que pesquisa os temas e mobiliza a rede. “Já tivemos duas mil pessoas doando pequenas quantias.”

Alessandra é a responsável pelo relacionamento com grandes doadores e representa a organização em palestras e eventos. Também está constantemente identificando metodologias de mobilização e aprimorando as ferramentas da organização – e ainda supervisiona a parte de operações da instituição, que inclui a gestão de pessoas e financeira.

A rotina é puxada, mas ela não liga. “A ideia inicial fez jus ao que nós imaginávamos”, diz. “Diziam que o jovem só quer ir pra praia, mas não é verdade! Somos dessa geração e sabemos que o jovem quer mudar a cidade. Em 2013, uma chave virou e demonstrou que estávamos certos: as pessoas querem, sim, falar de política.”

Munidos de informação e desenvolvendo demandas específicas – ao pensar numa clínica de família no bairro e não só na saúde como um todo, por exemplo –, os brasileiros são capazes de criar mobilizações fortes e organizadas, que trazem resultados. “É um ecossistema amplo, que superou as expectativas de todos.”

Realidade Oito anos depois, as Olimpíadas enfim chegaram ao Rio de Janeiro. Pragmáticos, os cariocas já pensam num legado diferente, que envolva a mitigação de problemas e prestação de contas. É a chamada ressaca olímpica.

“As pessoas removidas já foram removidas, mas para onde? Como mudamos as injustiças que surgiram pelo caminho?”, exemplifica Alessandra. “Vamos manter as mudanças positivas e encarar as negativas, sem negar a cidadania a ninguém.”

Mesmo com o evento ainda em curso, as demandas já se solidificam. “A atuação da Meu Rio é contínua”, resume Rodrigo Arnaiz, diretor da organização. “E algumas pautas centrais, como mobilidade urbana, sustentabilidade, educação e segurança pública, acabam tendo mais destaque durante os grandes eventos.”

A equipe da Meu Rio
[divulgação]

Entre as atuais campanhas da Meu Rio estão a convocação de agentes de apoio à educação especial, trazida por mães de alunos com deficiência – o concurso público da prefeitura foi feito, mas os novos agentes nunca foram chamados – e a mudança de nome da estação São Conrado de metrô.

Leia também: Entrevistamos os brasileiros que criaram hino e bandeira para refugiados nas Olimpíadas

A mobilização é demanda dos moradores da Rocinha, que querem que o ponto, construído para os Jogos e vizinho à comunidade, se chame São Conrado-Rocinha. “É uma questão de afirmação e orgulho territorial”, diz Rodrigo.

Há também a campanha de apoio à CPI Olímpica, para investigar contratos entre empreiteiras e prefeitura. Após pressão popular e uma avalanche de emails lideradas pelo Meu Rio, que começou em março, cidadãos conseguiram o número mínimo de assinaturas de vereadores para instalar a CPI.

Quando o presidente da Câmara municipal resolveu segurar o pedido, a rede pressionou novamente com um “telefonaço” para seu gabinete e intervenções urbanas, que atraíram a mídia. Após duas sessões – na segunda, os membros da Meu Rio foram impedidos de entrar pelo presidente da CPI –, um vereador contrário ao inquérito conseguiu uma liminar para impedi-lo. O processo está parado desde maio, mas a mobilização continua.

“Percebemos que todas as ações feitas para impedir a CPI motivaram mais as pessoas, que perceberam que existem interesses duvidosos por trás desse esforço de abafar as investigações”, diz Rodrigo. “E é importante lembrar que essa é apenas a segunda CPI que vai contra os interesses do prefeito e da base governista na Câmara que consegue ser instalada desde 2012.”

Para Alessandra, o processo inteiro é um ciclo virtuoso: cada campanha fortalece sua crença de que este é o caminho certo. “Nem parei para pensar se fazia essa escolha profissional. Tivemos a ideia e, quando vimos, estávamos fazendo”, fala. “É apaixonante fazer o que você ama e ver que milhares de outras pessoas também se interessam.”

Como deixar o emprego em uma cultura que te diz para “nunca desistir”?

reflexo de jovens

Olivia Barrow é, em muitos aspectos, uma millennial quintessencial. Decidiu deixar o emprego fixo para viver como freelancer, mantém-se profissionalmente ativa na internet (se diz “blogueira por acidente”) e está à procura de um vínculo empregatício que a satisfaça.

Ao mesmo tempo, é consumida por dúvidas, assim como a maioria dos colegas na mesma situação. Como um currículo cheio de mudanças é visto no mercado? Será que mudar de carreira vale a pena? O que fazer se este for o caminho errado? (Existe caminho, a essa altura do campeonato?)

Em um post recente, publicado no LinkedIn, ela fala sobre a experiência de deixar um emprego garantido e buscar uma mudança na carreira como autônoma. O texto repercutiu e já tem mais de mil comentários com dicas, conselhos e palavras de encorajamento da comunidade. “Se podemos fazer os sonhos dos outros darem certo, por que não os nossos?”, questiona um usuário. Confira o ensaio de Olivia abaixo, traduzido pelo Na Prática:

“Você está oficialmente desempregada agora, certo? Parabéns!” Foi o que me disse uma amiga no sábado, dois dias depois do meu último dia em minha primeira empresa, após quatro anos.

Recebi muitos parabéns desde que me demite, tanto de pessoas que sabiam que eu estava infeliz quanto de quem estava alheio. “Obrigada”, eu respondia, sem muita certeza do que falar. Sem certeza de que os parabéns eram sinceros – a outra pessoa realmente aprecia o que foi necessário para sair de um trabalho bem pago e procurar minha felicidade, sem algo fixo alinhado no meio tempo? Será que estava secretamente com inveja? Ou é um reflexo do tipo ‘a pessoa faz grande mudança profissional → dê os parabéns.

Ou será que sabem algo que eu não sei? Do meu ponto de vista, eu poderia ter cometido um grande erro.

Pessoalmente, não tenho certeza que mereço ser parabenizada.

Foi corajoso? Ou foi covarde? De um lado, demitir-se parecesse uma derrota. “Eu não desisto”, eu disse aos 15 anos para minha mãe, com meus braços cruzados no peito e lábios tremendo, quase chorando enquanto enfrentava os testes (tão dramáticos!) de física avançada.

“Não desista”, disse o cara com uma regata da Nike, um ultramaratonista que me ultrapassou correndo na ciclovia. “Nunca desistam”, disseram as mulheres no inspirador e empoderador evento Women of Influence em Milwaukee, no mês passado. Mas, com o mesmo fôlego, elas gritam: “Sigam seus sonhos!”.

E se seguir um sonho significar desistir de outro? A mensagem de “mantenha o curso” me bombardeia de todos os cantos. E os pivôs estratégicos? Há uma diferença entre recuar para reagrupar e fugir dos desafios?

Leia também: Pesquisa do BCG aponta o que faz o brasileiro feliz no trabalho

Alguns amigos fazem uma pergunta de follow-up: “Você está assustada?”

SIM. Na verdade, estou aterrorizada. Estou saindo da trilha. Estou deixando um emprego que me garante credibilidade instantânea com o apoio de uma instituição comunitária. Quando você diz que é reporter do Milwaukee Business Journal, as pessoas se ajustam para dar espaço ao seu ego e fazem um respeitoso aceno com a cabeça. Vamos supor que você seja freelancer. Esse aceno muda imperceptivelmente para o lado, conforme o respeito vira dúvida.

É provavelmente assim que alguém que ganha a vida como artista deve se sentir. Meus parabéns, artistas, e minhas infinitas desculpas por todas as vezes que meu aceno tinha um quê de dúvida.

Uma grande surpresa foi a reação de meus mentores sênior. Sem exceções, todos me dão apoio. E isso vem da geração que valoriza a resistência, a lealdade, passar por tudo para chegar ao objetivo final, uma aposentadoria confortável. São eles que criticam os millennials por sonharem com encontrar satisfação instantânea no primeiro emprego.

E mesmo assim, quando conto que estou pensando em mudar de carreira, me demitir para me tornar freelancer e me dedicar a descobrir minha verdadeira paixão, eles dizem: vai em frente.

Mas as dúvidas ainda estão na minha cabeça:  Não se demita. Você não vai conseguir sobreviver por conta própria. Faça o que é mais esperto. Você não está se esforçando o suficiente.

Quando era pequena, nunca sonhei em ser jornalista. Sonhava em ser uma autora. Comecei meia dúzia de livros e passei semanas sonhando acordada com relacionamentos complexos e reviravoltas nas histórias. Ao longo do caminho, a realidade apareceu – crianças de cinco anos poderiam ter escrito essas histórias – e eu deixei esse sonho de lado.

Decidi tentar jornalismo porque, nas minhas palavras aos 17 anos, “no jornalismo, alguém te diz o que escrever”. Mal sabia eu. Mais tarde, eu diria aos outros que estava presa no jornalismo pelas pessoas que eu encontrava e pelo fato de que eu podia fazer perguntas como “qual é sua maior insegurança?” cinco minutos depois.

No ano passado, enquanto continuava trabalhando como jornalista, comecei a me identificar como escritora pela primeira vez – principalmente por causa do sucesso que tive escrevendo no LinkedIn.

Simultaneamente, também foi a primeira vez desde a faculdade que realmente considerei ganhar a vida fazendo outra coisa que não escrevendo, conforme percebi que não precisava ganhar a vida escrevendo para que pudesse continuar escrevendo.

Mas agora é de verdade. Olivia Barrow, escritora de aluguel.

É um grande passo rumo ao desconhecido, longe da segurança de um salário. Pode ser um passo insensato. É provavelmente insensato. Posso fugir do auto-emprego em alguns meses e correr de volta para o abraço de um empregador.

As boas novas são que a única pessoa que preciso consultar agora sou eu. As más novas são que a única pessoa que preciso consultar agora sou eu, e eu sou minha pior crítica. Aqui vai.

Baixe o Ebook: 14 Histórias inspiradoras de mudança de carreira

Este artigo foi originalmente publicado em LinkedIn

Na Prática realiza palestras gratuitas sobre carreira; veja como participar

homem desenha escada na lousa

Durante os meses de agosto e setembro o Na Prática oferecerá diversas palestras online gratuitas sobre desenvolvimento de carreiras.

Os responsáveis pelos nossos programas de carreira apresentarão webinars ao vivo sobre temas como autoconhecimento, liderança, processos seletivos e criação de rede de contatos, com o objetivo de auxiliar jovens profissionais com dicas de preparação para o mercado de trabalho.

Os encontros serão virtuais e podem ser acessado por jovens do Brasil inteiro. Com duração de uma hora, o formato também possibilita que os participantes interajam com a equipe do Na Prática e enviem suas dúvidas em tempo real.

Confira a programação completa e inscreva-se:

 

1. Autoconhecimento para decisões de carreira

Webinar-2---Dani---Autoconhecimento---Facebook

Autoconhecimento pode te ajudar, e muito, a tomar decisões certeiras. Aprenda o quão importante é essa área para que você tome decisões de carreira das quais não se arrependerá depois. Daniela Lemes, responsável pelo Autoconhecimento Na Prática, nosso programa de autoconhecimento, explica como desenvolver essa técnica tão importante nos dias de hoje.

Inscreva-se aqui

2. Como construir uma rede colaborativa?

Webinar-3---Curzel---Redes---Facebook

Networking por networking não é eficaz. Para ir mais longe, é importante saber como construir uma rede em que todos se ajudam e crescem em conjunto. Eduardo Curzel, responsável pela nossa rede de ex-participantes, o Núcleo, explicará como se conectar a mais gente com alto potencial.

Inscreva-se aqui

3. Como liderar minha carreira?

Webinar-4---Michelle---Lideranca---Facebook

A responsabilidade pelo sucesso profissional depende exclusivamente de cada um de nós. Por isso, é essencial saber como tomar as rédeas da sua carreira e dar os primeiros passos para uma trajetória de sucesso, sendo protagonista de sua história. Michelle Fidelholc, responsável pelo Liderança Na Prática 32h, nosso programa de liderança, explicará como depender cada vez menos de fatores externos para ser bem-sucedido.

Inscreva-se aqui

4. Como tomar melhores decisões de carreira?

Webinar-5---Thamires---Decisãodecarreira---Facebook

Escolher qual trilha de carreira seguir não é fácil. Thamires Mirolli, responsável pelo Carreira Na Prática, nosso programa de decisão de carreira, ajudará os participantes do webinar a se prepararem muito bem para sua decisão de carreira, afim de economizar anos em caminhos profissionais escolhidos por engano.

Inscreva-se aqui

5. Como me apresentar para as empresas e ser contratado?

Webinar-6--Cams---Recrutamento---Facebook

Um grande problema nos processos seletivos das empresas é que os jovens não conseguem mostrar – de verdade – sua trajetória e o que aprenderam com ela. Camila Bellato, responsável pelo Sinapse, nosso programa de contratação, explica como candidatos a vagas de emprego podem mostrar todo seu potencial durante uma entrevista de emprego.

Inscreva-se aqui

Quem deve mandar na sua carreira, segundo a CEO da Microsoft

paula bellizia ceo da microsoft brasil em conferencia ene da fundacao estudar

Com passagens por empresas como Apple, Facebook e Whirlpool, a atual presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia, não gosta de dizer que sua carreira é um “exemplo” para os jovens. Ela prefere descrever sua trajetória como uma “história” capaz de inspirar e “dar ideias” para quem está entrando no mercado de trabalho.

O fio condutor da história de Paula foi a capacidade de seguir suas próprias intuições, ambições e desejos. Em palestra (que está disponível aqui!) na Ene Gestão Empresarial, conferência de carreiras realizada pelo Na Prática, em São Paulo, ela destacou a importância de tomar as rédeas da sua história para ter sucesso.

“Enquanto eu trabalhava na Whirlpool, uma pessoa me disse que eu nunca iria alcançar o meu objetivo, que era sair do mercado de bens duráveis e ingressar no de bens de consumo”, contou ela à plateia. “Fiquei muito brava e, naquele mesmo dia, construí um plano para fazer exatamente isso”.

A provocação foi o gatilho para que Paula lutasse e realizasse o “proibido”. Em 2002, ela foi contratada pela Microsoft, empresa em que passou os 10 anos seguintes e foi promovida. Bem avaliada, ela chegou a receber um prêmio do próprio fundador da empresa, Bill Gates.

“Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer algo. Quem manda na sua carreira é você”, afirmou à plateia, formada por cerca de 650 jovens, selecionados pela Fundação Estudar para uma maratona de palestras e sessões de pitch com empresas como Google, Ambev, Raízen e Votorantim.

O peso das escolhas É claro que se responsabilizar pela sua própria trajetória nem sempre é fácil: em alguns momentos é preciso tomar decisões muito difíceis, diz Paula. Após mais de uma década de sucesso e reconhecimento na Microsoft, a executiva decidiu pedir demissão. A razão foi a proposta de trabalhar como executiva da multinacional fora do Brasil, que ela recusou.

“Sou mãe, casada, e para mim trabalho não é tudo”, disse ela. “Doeu muito, mas eu preferi deixar a empresa e permanecer no Brasil com a minha família”. A decisão ainda é lembrada como a mais difícil da sua carreira.

Depois de sair da Microsoft, em 2013, ela foi trabalhar no Facebook, um ambiente informal que resultou num verdadeiro “choque de cultura” para quem estava acostumada a uma empresa de tecnologia grande e com rotinas estabelecidas.

Leia também: A rotina de Paula Bellizia, CEO da Microsoft no Brasil

Menos de um ano depois, ela seria convidada para ser presidente da Apple no Brasil, cargo que ocupou até julho de 2015, quando foi contratada novamente pela Microsoft, desta vez para assumir o comando da empresa.

Paula é exceção. De acordo com uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 8 em cada 100 profissionais de alto escalão nas empresas do Brasil são do sexo feminino. A mesma instituição prevê que a igualdade de gênero no mundo corporativo ainda levará 120 anos para acontecer.

A melhor forma de combater o machismo Tecnóloga na área de processamento de dados, Paula precisou lutar por seu espaço desde cedo numa carreira pouco receptiva às mulheres. Seu primeiro emprego como programadora, numa usina, era num ambiente com pouquíssima diversidade de gênero. “Devia haver umas 100 mulheres entre milhares de homens, foi um contexto muito desafiador”.

Para a executiva, a existência do machismo é inegável, e não faltam números para comprová-lo. “Há algo errado no fato de que as mulheres compõem metade da população mundial, mas não têm a mesma representatividade no comando das empresas”, afirma.

Paula Bellizia acredita que esse quadro é resultado da aplicação histórica das mesmas fórmulas e jeitos de contratar. A melhor resposta a isso, segundo ela, é trazer pontos de vista divergentes às discussões e investir na diversidade.

“Uma vez uma área técnica me disse que não contratava mulheres para o setor porque elas não existiam”, disse. “Eu respondi: mas é claro que existem! Só 11% dos formandos hoje em engenharia são mulheres, mas 11% não são zero, elas estão aí sim. Encontre-as”.

Em entrevista a EXAME.com, a executiva disse que a Microsoft deveria ter 50% de profissionais do gênero feminino em seus quadros, pelo fato de que o mundo é composto por cerca de 50% de mulheres.

Paixão como diferencial Além de diversidade, Paula acredita que o mundo do trabalho precisará de cada vez mais paixão para funcionar. “Aprendi que liderança é algo que se faz com a cabeça, mas também com o coração”, disse ela no evento.

Segundo ela, a formação técnica é extremamente importante para a carreira, mas é preciso combinar o domínio ferramental do trabalho com o prazer de viver a sua vocação.

“Há um momento da carreira em que todo mundo se nivela tecnicamente, e aí o que faz diferença é a felicidade e a energia que você põe nas coisas que faz, e isso aparece nos seus olhos, na convicção das suas falas”. explica. “Quando vi essas duas coisas se unirem na minha carreira, foi mágico”.

Segundo ela, os jovens se distinguem das outras gerações pelo seu olhar para a causa e o propósito do trabalho — uma tendência que deve ser explorada e aproveitada por eles. “Escolha uma empresa que tenha os mesmos valores que você, porque é muito difícil trabalhar com algo em que você não acredita”, aconselhou a executiva. “No começo, pode até parecer que vai funcionar, mas não vai”.

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Este artigo foi originalmente publicado em Exame.com

Como conseguir bolsa de atleta nas melhores universidades dos EUA?

jovens jogando futebol no fim da tarde

Quase toda criança já sonhou um dia em jogar profissionalmente futebol, basquete, vôlei, ginástica… Enquanto poucos alcançam este sonho, o interesse pelo esporte pode significar acesso a outras oportunidades valiosas. As bolsas de estudos por desempenho esportivo são uma destas oportunidades.

“A primeira coisa que o aluno deve saber é que nos EUA existem as chamadas divisions,ou seja, as universidades são separadas em três divisões, sendo que as melhores estão na primeira divisão”, explica Marta Bidoli, country coordinator do EducationUSA no Brasil, instituição que já ajudou diversos atletas a ingressar em universidades norte-americanas.

As universidades da primeira divisão normalmente oferecem bolsas integrais, enquanto que as universidades da segunda divisão tendem a oferecer bolsas pequenas, e as universidades da terceira divisão praticamente não oferecem nenhum tipo de apoio financeiro para o aluno atleta.

Marta explica que em tais escolas o processo seletivo é semelhante ao das demais instituições, ou seja, é preciso realizar provas (SAT ou ACT), exame de proficiência em inglês (em geral, o TOEFL), ter boas notas na escola, enviar redações (essays) e cartas de recomendação. No entanto, no caso de atletas, também é importante que o aluno envie um vídeo com seus melhores momentos (ou com uma partida inteira), além das estatísticas de aproveitamento e do contato do técnico no Brasil, especialmente se ele falar inglês. “O processo é trabalhoso. Por isso, quem quiser ingressar em uma universidade americana por mérito esportivo, deve começar a se preparar no início do 2º ano do ensino médio”, sugere Marta.

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“Não tive que escolher entre estudar e jogar” De origem suíça-brasileira, Alain Michel começou a jogar tênis ao 7 anos. Quando estava no ensino médio, participava de torneios internacionais e estava em ascensão no esporte. Veio, então, a difícil decisão: prestar vestibular e cursar uma boa universidade ou investir de vez na vida de atleta.

Ele optou pelas duas coisas. “Recebi o conselho de tentar ir para os EUA, onde poderia continuar estudando e também jogando tênis”, diz. Alain acabou aprovado em quatro universidades: Duke, Columbia, NorthwesternUniversidade de Virgínia. Optou pela primeira, onde conseguiu uma bolsa parcial como atleta para integrar o time de tênis da instituição.

“O fato de me dedicar muito ao tênis e conseguir manter bons resultados tanto no lado acadêmico como no esporte ao longo do ensino médio, com certeza, me ajudaram a ser aprovado”, considera ele. “Acho que consegui mostrar às universidades que quando eu queria algo eu ia atrás e dava o meu melhor para conseguir”, completa.

Alain jogou profissionalmente pela universidade de Duke por quatro anos, até retornar ao Brasil, para trabalhar com fusões de aquisições.

Confira o seu depoimento nos vídeos abaixo:

1. Como é o processo seletivo para atletas?

2. Como foi a candidatura à bolsa?

3. Como conciliar a rotina de estudos e treinamentos?

 

Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora, portal de estudos no exterior da Fundação Estudar

Como manter o foco trouxe 3 medalhas para a equipe de ginástica artística

atletas de ginastica artistica brasileiros comemorando vitoria

Dando sequência aos artigos que relacionam esportes a empreendedorismo, vamos abordar uma das modalidades que mais atraem a atenção do grande público em uma Olimpíada: a ginástica artística. São muitos os motivos que ajudam a explicar esse interesse: a complexidade das coreografias, a superação dos atletas, a busca pela inovação e, principalmente, a beleza dos movimentos que fazem da modalidade um dos pontos altos das disputas olímpicas.

É, talvez, essa seja a modalidade em que mais se busca a perfeição; o esporte em que um erro milimétrico pode levar um atleta do céu ao inferno. Se você está acompanhando os jogos do Rio, deve estar familiarizado com os rostos absolutamente compenetrados, os olhares fixos, os músculos enrijecidos. São indícios de que, ao entrarem na disputa, os ginastas estão absolutamente concentrados nela. Sabem que uma distraçãozinha, por menor que seja, pode colocar tudo a perder.

E é precisamente daí que vem o principal ensinamento da ginástica para você, empreendedor: manter sempre o foco, não importando a complexidade do desafio.

Muito antes das disputas A importância do foco já se revela na preparação para os Jogos Olímpicos, quase um ano antes. Nosso maior expoente atual na ginástica artística, Arthur Zanetti, compartilha neste artigo o que teve que deixar de lado durante a reta final dos treinamentos para as Olimpíadas do Rio:

“Deixei de fazer muitas coisas, principalmente os esportes um pouco mais radicais. Tive que deixar de lado, e simplesmente focar no treinamento […] A minha vida mudou bastante, mas com certeza para as Olimpíadas tem que mudar muito mais. Você tem que se regrar um pouquinho mais e ter uma disciplina um pouco maior.”

Ou seja, tudo o que não tiver relação com o objetivo final – a medalha olímpica – fica de lado. O ginasta não pode se distrair com nada que o afaste do caminho pré-estabelecido, do planejamento.

O avião Você é o capitão de um avião e tudo começa a dar errado. Assim também é no mundo do empreendedorismo. Neste artigo, Colin Butterfield (CEO da Radar SA, bolsista da Fundação Estudar e ex-atleta), reflete sobre a importância do foco na gestão. Principalmente quando se trata de liderar uma equipe e delegar tarefas, pois “cada pessoa enxerga um desafio de uma forma um pouco diferente”.

arthur nory e diego hypolito foco
Arthur Nory e Diego Hypólito [GettyImages]

Leia também: Quatro grandes atletas mostram o lado da carreira esportiva que ninguém vê

Para ilustrar a importância do foco, Colin usa a metáfora de um avião em apuros. “Luzes acendendo pra todo lado, pessoas nervosas, barulhos estranhos, turbulência. O que fazer? Você precisa assumir a tomada de decisão. Imagine se, como líder, você resolve falar com os passageiros ou acudir uma aeromoça histérica? Ou ficar preocupado com um disjuntor do sistema elétrico que mantém as luzes acesas? Você, como capitão, faz com que todos que estão te observando priorizem o mais importante: manter o avião voando em segurança”.

Ou seja, se você focar em manter o avião nivelado, na velocidade correta, e pedir que os demais foquem nisso, tudo irá bem. E as atividades periféricas começarão a ser resolvidas por si só, porque as suas ordens e ações vão apontar para o que todos devem fazer.

O foco que realizou um sonho grande Por falar em voo, não é exagero dizer que a equipe masculina de ginástica voou alto no Rio 2016. A começar pela própria participação nos jogos. Por mais que a modalidade acumule importantes conquistas em disputas individuais, a ginástica olímpica brasileira nunca havia classificado sua equipe masculina para uma Olimpíada. A conquista veio no final de 2015, no mundial disputado em Glasgow, na Escócia. Os segredos para a realização de um sonho que, há alguns anos, parecia impossível? Estrutura e, claro, foco.

A estrutura foi concretizada pela inauguração do moderno e aparelhado Centro de Treinamento da Barra da Tijuca. Com o novo CT, a equipe pôde se reunir e se concentrar por períodos mais longos. Assim, o acompanhamento dos ginastas, que antes era feito com visitas aos clubes, virou uma rotina. E o foco se voltou de vez à coletividade, com um atleta incentivando o outro. Arthur Zanetti, Diego Hypólito, Arthur Nori, Sérgio Sasaki e companhia puderam se dedicar integralmente à prática do esporte e ao trabalho em equipe.

arthur zanetti foco
Arthur Zanetti [AgênciaBrasil]

“Mas eu tenho problemas para manter o foco” Certo, estamos falando de atletas olímpicos, que seguem uma rotina muito rígida. Mas o fato é que foco, hoje em dia, é artigo cada vez mais raro. Não à toa: há tantas e tantas coisas demandando nossa atenção, que corremos sempre o risco de deixar para depois aquilo que deveria ser prioritário. O que pode ser péssimo para os negócios. Por isso, além dos ensinamentos vindos da ginástica artística, queremos compartilhar algumas dicas. São práticas simples, para você exercitar seu foco no dia-a-dia. Veja só:

1. Comece cedo: se você quer ser mais produtivo nas suas tarefas, acordar 5 minutos mais cedo pode fazer toda a diferença no seu dia.

2. Faça primeiro a tarefa mais difícil: ao começar pela tarefa mais complicada, você se livrará mais rapidamente de um obstáculo e ao mesmo tempo vai se sentir mais motivado por ter concluído uma atividade complicada.

3. Trabalhe com recompensas: elaborar uma tarefa e só depois ver notícias ou checar e-mails, por exemplo. O ideal é encarar isso como, de fato, uma recompensa: você só poderá acessar algum site ou usar o Whatsapp depois que a tarefa for concluída.

4. Tente a “meditação de Steve Jobs”: ao meditar, o lendário gestor entrava em um estado de consciência aberta. Experimentos sugerem que acessar esse estado, que é dar atenção a tudo o que está passando na mente, é a fonte dos pensamentos mais criativos.

Esperamos que as dicas e os aprendizados da ginástica ajudem e que sua empresa também conquiste resultados históricos!

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Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

Ensina Brasil busca jovens promissores que queiram ajudar a transformar a educação brasileira

crianca olha para globo

Já ouviu falar da organização Ensina Brasil? É uma iniciativa brasileira parceira da rede Teach for All, que está presente em 40 países e é famosa por recrutar jovens de alto potencial em todo o mundo para assumir o compromisso de melhorar a educação em seus países, dando aulas em escolas vulneráveis e formando uma rede global de jovens de jovens líderes que, independente da área de atuação, segue engajada na transformação do país.

No mundo todo (e principalmente nos Estados Unidos, onde nasceu) o programa é conhecido por atrair candidatos das melhores universidades, dividindo espaço com outros “dream jobs” que se apresentam para quem se forma em uma instituição de excelência.

No Brasil, o programa está em fase inicial; foi criado este ano e recebe inscrições para a primeira turma por aqui até 19 de setembro. Trata-se da escolha dos “ensinas”, como são chamados os futuros professores por aqui.

São elegíveis brasileiros graduados em qualquer área ou em vias de concluir seus estudos até dezembro de 2016. Quem estiver com atraso de até um semestre devido às greves, que são frequentes em universidades públicas, também pode se inscrever. Não há limite máximo de idade.

“Antes de se perguntar no que trabalhar, se pergunte qual problema você quer resolver”, resume Erica Butow, cofundadora da organização e com quem o Na Prática já conversou sobre o assunto. “Se você é motivado por desafios, busca uma carreira com propósito com muitas oportunidades de desenvolvimento e quer colocar a mão na massa para ajudar a transformar a educação e o país, esse programa é para você.”

Como funciona Existe uma crise em nossos sistema educacional. Brasileiros de baixa renda estudam apenas cinco anos, em média, e só um em cada 10 alunos de baixa renda que conclui o ensino médio aprendeu o necessário em matemática. Esses são apenas alguns exemplos de uma situação de fato difícil, que envolve milhões de pessoas e que organizações como o Ensina Brasil pretendem enfrentar.

No programa, os participantes darão aulas em uma escola vulnerável por dois anos e viverão na pele o que é ter impacto. Não é preciso ter experiência pedagógica anterior: a ONG oferece duas formações, uma intensiva antes de entrar em sala de aula e outra contínua, ao longo de dois anos, para prepará-los para os desafios didáticos e desenvolver suas habilidades de liderança.

Há também parceria com universidades para a habilitação e a mentoria de professores experientes e profissionais de diversas carreiras, de acordo com o interesse dos jovens.

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ensina brasil fundacao estudar
Ensina Brasil participa do programa Imersão, do Na Prática

Contratado em tempo integral como professor temporário pelo governo que administra a escola em questão – que pode ser tanto de ensino fundamental quanto médio –, o participante ganha salário e precisa estar disponível para mudar para outras cidades, assim como ter flexibilidade em relação à disciplina que lecionará (Mas calma… Ainda assim a disciplina será sempre relacionada à graduação que você cursou!). 

O processo seletivo – totalmente conduzido pela internet – também envolve questionário de motivações, entrevistas, dinâmica de grupo e resolução de cases.

Para se preparar, a equipe da organização sugere não deixar nada para a última hora. “É uma seleção que demanda autoconhecimento e autoreflexão consideráveis”, diz Mariane Tonello, head de recrutamento e seleção da organização.

“E sabemos que apenas as conquistas não são suficientes para analisar um candidato, então olhamos também para sua trajetória”, complementa Erica. A dica é apresentar um panorama abrangente de sua vida até agora e o que quer viver no futuro.

Leia também: 6 oportunidades promissoras para quem quer empreender em educação

Cotidiano Uma vez selecionados, os novos professores têm como principal responsabilidade seus alunos. Além de ensinar o conteúdo no horário regular e contribuir para a melhoria do aprendizado, espera-se que eles desenvolvam o protagonismo dos estudantes e realmente gerem impacto naquela realidade. “O resultado mais importante é o aluno”, resume Erica.

É importante ressaltar que o Ensina Brasil não busca apenas os apaixonados por educação ou quem quer trabalhar especificamente com a área, mas pessoas que queiram impactar a realidade brasileira e crescer no processo.

Na visão da organização, as competências de um excelente líder e de um excelente professor são as mesmas – e desenvolvê-las só rende pontos positivos. Após a conclusão do programa, o participante passa a integrar a rede do Ensina Brasil, que inclui apoiadores como a Fundação Estudar, e recebe apoio para acelerar profissionalmente.

Segundo os organizadores, mesmo aqueles que deixam de ser professores costumam seguir atuando como agentes de transformação nas mais diversas áreas. É algo coerente com o perfil proativo e empreendedor buscado pela Ensina Brasil para as escolas do país.

“Queremos pessoas comprometidas com a transformação social”, conclui Erica. “O desafio é complexo e precisamos de gente boa para resolvê-lo.”

O resultado será divulgado em novembro de 2016 e o programa começa em janeiro.

Faça sua inscrição aqui!

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