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O próximo sonho grande de Jorge Paulo Lemann

Jorge Paulo Lemann

“Eu não sei viver sem sonho grande”, constata o empresário Jorge Paulo Lemann durante o encontro de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, organização que ele ajudou a fundar. “Os meus primeiros sonhos grandes eram ser campeão de tênis, pegar as melhores ondas, criar a melhor corretora…”, relembra o empresário.

Fazer grande, de fato, é uma constante em sua trajetória, da criação do lendário Banco Garantia – que se manteve durante anos como a instituição de investimentos mais respeitada da América Latina – à formação da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev.

Hoje em dia, no entanto, a ambição de Lemann vai em outra direção. “Hoje o meu sonho grande é melhorar a educação no Brasil e ver um país em que todos têm oportunidades de estudar e de chegar lá. É um sonho grande que quero concretizar nos próximos anos, com a Fundação Lemann e a Fundação Estudar.”

Para mudar o país, ele aposta numa fórmula que deu certo em suas empresas: identificar gente talentosa e dar oportunidade para agirem. “O que foi feito nos nossos negócios pode ser feito no Brasil. Hoje existe muita oportunidade para gente jovem fazer parte da política e da governança do país, e espero que esses jovens introduzam nossos princípios de meritocracia, resultados, empreendedorismo”, explica o empresário. “Uma administração mais pragmática e com bom senso poderia melhorar o Brasil enormemente. Essa é minha grande esperança.”

Leia mais: 2 lições que Lemann queria ter aprendido mais cedo em sua carreira

O papel da Fundação Estudar no sonho grande de Lemann

Em 1991, quando criou a Fundação Estudar junto aos seus sócios Marcel Telles e Beto Sicupira, “a ideia era ajudar uns indivíduos”. Mas o sonho foi ficando grande na medida em que o potencial dessa atuação no campo da educação era percebido pelos executivos. “Depois [a Fundação Estudar] passou a, além de conceder bolsas, transmitir valores e ensinamentos para mais gente, e foi ficando muito maior”, ele conta. Hoje, além do tradicional programa de bolsas, a organização atinge dezenas de milhares de jovens por meio de programas presenciais, e outros milhões em suas iniciativas digitais. “O alcance é muito maior do que eu teria imaginado”.

A vontade do empresário, no entanto, é que a organização ande pelas próprias pernas. “Nosso objetivo sempre foi institucionalizar a Fundação Estudar, que ela funcionasse sem Beto, Marcel e eu. Há alguns anos já estamos afastados do dia a dia, sempre tentando escolher gente boa para tocar a organização”, resume. “Em todos os nossos negócios, o importante foi atrair gente boa e ter um sonho grande”.

Depois de ter algumas das iniciativas empresariais mais bem-sucedidas na história brasileira, sua visão agora é expandir esse modus operandi para além do mundo empresarial. “Minha esperança é que os princípios da Estudar sejam adotados pelo país: meritocracia, pragmatismo, atrair gente boa… E que isso seja combinado com um presidente brasileiro que venha da Fundação Estudar e que chame outras pessoas boas para ajudar.”

‘Nem sempre o sonho grande dá certo’, diz Lemann

“O sonho grande é importante para dar uma direção, mas às vezes o que você imaginou não dá certo”, reconhece o empresário, citando o exemplo do Garantia, que sofreu grandes perdas financeiras com a crise do final dos anos 1990 e acabou sendo vendido ao Credit Suisse. “Eu fundei o banco, trabalhei lá por 27 anos, e a minha ideia era que ele fosse uma instituição permanente, que durasse por muito mais tempo”, conta. “A prova de que um empreendedor é bom não é o volume de dinheiro que ele está ganhando em determinado momento, mas sim se o negócio que ele montou vai sobreviver os próximos 30 ou 50 anos”.

O banco acabou, mas, em sua visão, deixou um legado positivo na cultura empresarial brasileira. E serviu de aprendizado. “O fato de um sonho grande não ter acontecido também me ajudou lá na frente a corrigir o rumo das coisas que estou tentando fazer agora”.

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Profissional do futuro: como estudar para ter sucesso na carreira

Montagem de cérebro dentro de lâmpada

Estudar constantemente é imprescindível para ser um excelente profissional. Mas apenas frequentar as aulas ou se limitar ao diploma de graduação não são suficientes para se destacar no mercado. O bom aprendizado constitui-se na união entre teoria e prática, que permite ao aluno aproveitar melhor sua formação para construir uma carreira de sucesso.

Adquirir experiências fora da sala de aula e se envolver em atividades extracurriculares são opções para se destacar no mercado de trabalho e encarar seus concorridos processos seletivos. Fazer parte de organizações estudantis, como AIESEC, CHOICE, empresas juniores, Ligas, Enactus e Rotaract, além de render ótimo networking (e amizades para vida toda), permite viver situações próximas àquelas que encontrará no mercado de trabalho e, assim, chegar mais preparado ao primeiro emprego. Você pode saber mais sobre essas possibilidades no nosso ebook O Guia de Como Aproveitar Melhor a Faculdade.

Até mesmo as adversidades comuns da vida de estudante podem torná-lo um profissional mais preparado para conquistar sucesso na carreira. Tudo dependerá da forma como você encara essas vivências. Ter que se virar morando sozinho, lidar com professores muito exigentes ou colegas preguiçosos, estudar para uma prova de última hora são algumas situações que estimulam o desenvolvimento de habilidades pessoais (as chamadas soft skills) que serão um diferencial no mundo corporativo, como explicamos melhor no artigo Contratempos na faculdade ensinam lições importantes para todo o resto da carreira.

Mercado em transformação

Ao mesmo tempo, o próprio mercado de trabalho também está passando por transformações.  Com isso, as exigências que os profissionais precisam corresponder para conseguir as melhores vagas – que já são grandes –  tendem a ficar ainda maiores. No relatório The Future Jobs, o Fórum Econômico Mundial descreveu as previsões para um futuro próximo do mercado de trabalho global.

O período foi chamado de Quarta Revolução Industrial e será marcado pelo impacto da tecnologia em diversos setores da sociedade, inclusive nas relações de trabalho. A principal consequência será um número mais limitado de oportunidades devido a substituições em massa de postos de trabalho atuais por softwares ou inteligência artificial. David Baker, pesquisador e professor da The School of Life, também tem uma visão parecida sobre o assunto. Em entrevista concedida ao Na Prática, ele faz a provocação: e se a sua profissão não existisse amanhã?

Tanto a conclusão do relatório, quanto a visão de Baker revelam-se como um conselho aos jovens profissionais: guiar adequadamente as suas careiras para desenvolver as habilidades técnicas e comportamentais que serão valorizadas neste novo contexto.

Estudar para evoluir

Em um momento de transição, os profissionais que estão entrando no mercado ou construindo a sua carreira devem ficar atentos às transformações econômicas, sociais e de força de trabalho iminentes. Orientados para esses objetivos, também é possível aproveitar melhor o curso de graduação e os estudos extracurriculares.

Para conquistar as melhores vagas, profissionais de todas as áreas devem investir na atualização e aprimoramento de suas competências e conhecimentos. O relatório do Fórum Econômico Mundial denominou esses pontos de reskilling e upskilling, respectivamente. Isso somente comprova que não adianta ficar apenas focado no aprendizado prático.

Segundo o estudo, 65% das crianças que estão hoje no primário exercerão profissões completamente novas quando entrarem no mercado de trabalho. E as suas atribuições serão executadas de maneira diferente na era digital. Isso significa que as ocupações existentes não demorarão muito para se transformarem completamente.

Os profissionais devem compreender quais são os impactos dos avanços da tecnologia em sua área de atuação. Entender o mercado e se manter atualizado sobre as tendências do setor são tarefas para as pessoas que ainda estão escolhendo qual graduação cursar, que estão frequentando as aulas ou que já passaram por essas fases e estão se inserindo no mercado.

No mundo moderno, novos processos e ferramentas surgem a cada instante para complementar o trabalho nas mais diversas áreas. Investir em educação contínua garante a capacitação adequada para dominar novos processos. Por mais completa que seja, a grade curricular da faculdade nem sempre contempla esse tipo de conteúdo e os profissionais precisam buscar essa formação fora da sala de aula.

Assistir palestras ministradas por especialistas de sua área de atuação ou ler livros de referência são maneiras simples de se manter atualizado e agregar novos conhecimentos, sem precisar despender o tempo e energia necessários para um curso de especialização ou pós-graduação.

As mesmas ferramentas que estão provocando essas mudanças no mundo do trabalho também viabilizam recursos para adaptação da sociedade. Exemplos disso são os MOOCs, cursos e aulas das principais universidades do Brasil e do mundo que podem ser acessados gratuitamente (ou a custos baixos) pela internet, por meio de plataformas como Coursera e Khan Academy. Conduzidos por especialistas e pesquisadores de referência em diversos campos do conhecimento, os vídeos oferecem um panorama completo para se manter bem atualizado e evitar atividades obsoletas. Da mesma forma, palestras com grandes especialistas não precisam, necessariamente, custar uma fortuna: muitas delas estão disponíveis de graça no YouTube, em canais como o TED Talks.

Habilidades de um profissional do futuro

O relatório do Fórum Econômico Mundial também antecipou que até 2020, 35% das habilidades que são demandadas na maioria das ocupações vão mudar. As características mais valorizadas pelas empresas neste período serão aquelas mais difíceis de ser realizadas artificialmente: liderança, criatividade, capacidade de realizar análises profundas, visão a longo prazo, entre outras.

O jeito de trabalhar também mudará, e os jovens profissionais devem estar preparados para isso. Home office, trabalho flexível ou sob demanda serão ainda mais frequentes. Expedientes dessa natureza exigirão dos profissionais autogerenciamento, porque deverão se motivar, cobrar, avaliar os resultados e propor soluções para otimizar os processos sozinhos. Desempenhar bem as atividades nestes tempos demandará disciplina e proatividade.  

Outra característica do profissional do futuro é a comunicação múltipla. As empresas de praticamente todos os ramos precisarão cada vez mais de uma equipe que saiba explicar a funcionalidade de produtos inovadores a outras indústrias, governos e clientes. Investir em métodos de autodesenvolvimento, como o coaching, permite trabalhar as características valorizadas pelo mercado de trabalho neste momento de transição.  

Na era da robótica avançada, inteligência artificial e automação do transporte e da aprendizagem, dominar as novas tecnologias fará toda a diferença.  O foco são os softwares de dados, Big Data e armazenamento em nuvem. Os profissionais do futuro devem aprender a utilizar essas ferramentas para extrair insights e outras informações que ajudem na criação de estratégias mais efetivas. Recorrer a cursos específicos e materiais didáticos para conhecer ao máximo esses recursos é uma das tarefas de quem quer construir uma carreira promissora.

Pessoas que sabem analisar dados e o ambiente, inclusive, foram apontadas pelo relatório como as mais disputadas pelas empresas neste contexto profissional. Elas são mais ágeis para identificar problemas e propor soluções. Isso também está relacionado ao bom raciocínio crítico e lógico, que serão ainda mais requisitados nos processos seletivos. O desenvolvimento dessas habilidades pode ser impulsionado por uma formação mais específica e aprofundada, como a pós-graduação ou o MBA.

Adaptabilidade é fundamental

Saber se adaptar às mudanças do mercado de trabalho é o que permitirá aos jovens profissionais construir uma carreira de sucesso neste momento de transição. Mais do que apenas aceitar as mudanças, eles precisam antecipá-las e se preparar para garantir o seu espaço.  Não parar de estudar é uma das melhores formas de lidar com a complexidade e o dinamismo que fazem parte deste momento.

O profissional deve traçar continuamente o futuro de sua carreira. Entender os rumos da profissão que escolheu ajuda a determinar os seus objetivos. Estudar com base nisso não somente o deixará mais preparado para enfrentar os novos desafios, como também ampliará os seus horizontes. Além disso, ao conhecer novos recursos e possibilidades, você se torna mais criativo, o que é fundamental nesta nova era de inovação.

A criação de uma startup por universitários, para universitários

Equipe do Wall Jobs

Em meio a livros, provas e seminários, um dos principais objetivos de quem está na universidade é conquistar uma vaga de estágio – e encontrar uma oportunidade promissora gera tanta ansiedade quanto um TCC. Entretanto, a maior parte dos sites e agências de emprego oferece vagas para os já graduados, o que torna o primeiro emprego para quem está estudando ainda mais difícil.

Esse já foi o dilema de Henrique Calandra, paulista de 27 anos, fundador da Wall Jobs, uma plataforma digital de anúncios de vagas de estágio e gerenciamento de processos seletivos.

Criada em 2015, “por universitários e para universitários”, a startup soluciona duas das principais demandas de quem ainda está estudando: ter acesso a vagas exclusivas e receber orientações para se destacar nas empresas. A Wall Jobs disponibiliza centenas de vagas – atualmente, são quase 600 oportunidades. Ao mesmo tempo, desenvolveu um sistema de recrutamento e seleção de estagiários que humaniza o processo seletivo.

Funciona assim: ao anunciar uma vaga, o gestor de recursos humanos da empresa seleciona filtros, como faculdade, curso, nível de inglês e período de estudo do candidato. O próprio sistema ranqueia os usuários mais adequados para a vaga. Depois, o candidato é avaliado em doze competências, tais como liderança, comunicação e raciocínio analítico. Caso o estudante não seja aprovado, ele recebe um feedback apontando em quais aspectos foi bom e onde deixou a desejar.

Henrique fala dessa etapa: “O estudante fica muito frustrado quando não passa em um processo seletivo e a única resposta que recebe é um e-mail padronizado afirmando que ‘não possui o perfil da vaga’. Já senti essa sensação na pele várias vezes. Queria criar um jeito de deixar o processo mais amigável e transparente”. Para lidar com as suas eventuais deficiências, o estudante encontra na Wall Jobs também anúncios de cursos de aperfeiçoamento.

Com cerca de um ano e meio no mercado, a startup possui números expressivos. São mais de 500 000 estudantes cadastrados, de cerca de 600 universidades. Cerca de 1 200 empresas já usaram o serviço, entre elas Nielsen, Rocket Internet, Danone e IBM. No total, quase 5 000 estagiários já foram contratados por meio da Wall Jobs.

Leia também: Veja como ser contratado para os melhores estágios de verão no Brasil

A fonte de receita  vem de planos pagos pelas empresas. Um anúncio de vaga custa 98 reais. Uma assinatura mensal com anúncios ilimitados sai por 250 reais. Também há um serviço premium, que custa 980 reais por mês e garante à empresa acesso a toda a base de dados da Wall Jobs, além da exposição da marca nos eventos universitários organizados pela startup. A expectativa é atingir 2 milhões de reais em faturamento este ano.

Conforme se solidifica, o negócio gera outros desdobramentos. Recentemente, a Wall Jobs encontrou uma nova utilidade para os dados gerados na plataforma. Por meio das avaliações realizadas nos processos seletivos, a startup está aferindo o nível de aceitação das faculdades pelo mercado. “Comparamos a capacidade dos estudantes com o nível que o mercado exige em cada competência. Dessa forma, a faculdade parceira do Wall Jobs pode buscar melhorias para formar profissionais que satisfaçam as demandas das empresas”, conta Henrique.

Nos próximos meses, a Wall Jobs irá publicar um ranking das universidades que, em média, estão mais alinhadas com o mercado. Atualmente, as quatro mais bem posicionadas são Insper, ESPM, FGV e USP.

Frustrações e inexperiência A startup começou de maneira despretensiosa. Em 2014, Henrique mantinha um grupo no Facebook em que estudantes da ESPM discutiam política. Um dos temas em voga era emprego – e vira e mexe alguém publicava uma vaga para ajudar um colega desempregado. Foi aí que Henrique teve a ideia de criar um mural de empregos para os alunos da ESPM, alimentado pelos próprios usuários. Logo no primeiro dia, o site atingiu 1 000 usuários – e se tornou o mural oficial da faculdade.

Na época, Henrique, que já tinha concluído a graduação em Relações Internacionais e cursava Administração, era estagiário da Biomet 3i, que fabrica implantes dentários, e cuidava do site nas horas vagas. Um dos passos decisivos para o hobbie virar um negócio foi quando a Wall Jobs ganhou uma competição na Feira de Empreendedorismo da ESPM e ingressou a incubadora da instituição, onde foi validada a ideia de criar um sistema de recrutamento e seleção.

Nessa época, quando a Wall Jobs possuía 10 000 usuários de cinco faculdades, a maturidade da startup e de seu fundador foi testada. Às vésperas do carnaval de 2015, Henrique terminara um relacionamento e estava introspectivo. “Do nada, comecei a desenhar todo o site. Em poucos dias, fiz quase tudo. Sentia que aquilo era uma válvula de escape que me deu força criativa”, conta ele.

O segundo revés veio pouco tempo depois. O desenvolver contratado para criar a plataforma – e que já havia recebido o pagamento – entregou apenas 40% do serviço e desapareceu. “Pensei até em desistir tamanha a frustração. Por sorte, encontrei um desenvolvedor muito bom que topou continuar o projeto.”

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Ao longo de quase dois anos, o investimento aplicado na Wall Jobs, cerca de 30 mil reais, veio do próprio Henrique. Embora tenha experimentado um crescimento orgânico, a Wall Jobs sofreu com a desconfiança do mercado devido à inexperiência de sua equipe, que possui idade média de 21 anos. Não ter gestores na área de produto também causou inúmeros retrabalhos na plataforma.

Para amenizar os problemas, Henrique convidou Sergio Pio, ex-diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM, para atuar como chefe de operações na empresa. “Ele é o nosso estagiário sênior”, brinca.

Outra solução foi pedir mentoria para profissionais com vivência na área de tecnologia. Os nomes escolhidos foram Rodrigo Dantas e Luiz Felipe Couto, cofundadores da Vindi, plataforma de gestão de pagamentos recorrentes. “Eles ajudam em decisões estratégicas e novos negócios para Wall Jobs”, afirma Henrique.

Uma das iniciativas mais recentes da Wall Jobs foi desenvolver o Blog do Estagiário, um site de conteúdo sobre carreira que possui 400 000 acessos por mês. Nos últimos meses, 70% dos leads da startup vieram dali.

Para conquistar mais usuários, em breve a Wall Jobs lançará um aplicativo, em que os estudantes poderão receber notificações de novas vagas, convites de eventos e acessar o conteúdo do Blog do Estagiário.

Do lado das empresas, a novidade será um software de gerenciamento de estagiários e outros funcionários já contratados. O sistema integrará dados de folha de pagamento, produtividade e avaliação de desempenho do pessoal. De acordo com Henrique, o software ajudará o departamento de recursos humanos das empresas a ter uma gestão estratégica – e não somente realizar atividades burocráticas de departamento pessoal.

Com o slogan “Trabalhe onde quer, não onde deu”, a Wall Jobs mantém a pegada de empresa de jovens para jovens, vivenciando riscos, sonhos e, porque não, desilusões. Neste caso, a chave para a maturidade pode ser manter sempre o otimismo.

 

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Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Escuta ativa: como e por que se tornar um ótimo ouvinte

Pessoas conversando em sala

Travis Bradberry literalmente escreveu o livro sobre inteligência emocional: trata-se de “Inteligência Emocional 2.0”, bestseller que em março ganhou tradução para o português. Cofundador da TalentSmart, que cria testes e treinamentos sobre o tema para grande parte das 500 maiores companhias do mundo, o autor defende que ouvir atentamente é uma habilidade cada vez mais importante.

Confira abaixo as dicas que ele deu em seu post no LinkedIn, traduzido pelo Na Prática:

Escutar é um pouco como ser inteligente: a maioria das pessoas acha que está acima da média, mesmo que isso seja impossível. E escutar é uma habilidade que você quer dominar: um estudo recente feito pela Universidade George Washington mostrou que escutar pode influenciar a performance de um líder no trabalho em até 40%.

Há tanta falatório acontecendo no trabalho que as oportunidades para escutar são abundantes. Falamos para oferecer feedback, dar instruções e comunicar deadlines. Além das palavras faladas, há informações inestimáveis a serem decifradas através do tom de voz, linguagem corporal e o que não é dito. Em outras palavras, falhar em manter suas orelhas (e olhos) abertos pode te tirar do jogo.

A maioria das pessoas acredita que suas habilidades de escuta estão como deveriam estar, mesmo que não estejam. Um estudo da Universidade Wright State entrevistou mais de 8 mil pessoas em posições diferentes e quase todos se avaliaram como bons ouvintes ou melhores que seus colegas. Sabemos intuitivamente que muitos estão errados.

A escuta eficaz é algo que pode ser aprendido e dominado. Mesmo que você ache que a escuta ativa é difícil e em algumas situações entediante e chato, não significa que não consegue fazer. Você só precisa saber no que trabalhar. E há estratégias diretas que pode seguir para chegar lá:

1. Foco

O maior erro que as pessoas cometem quando se trata de escutar é ter um foco tão grande no que dirão em seguida ou como o que vão dizer será afetado pelo que o outro está falando que falham ao escutar o que está sendo falado. As palavras são claras, mas o significado está perdido. Pode parecer uma sugestão simples, mas focar não é tão fácil quanto parece. Seus pensamentos podem ser incrivelmente dispersantes.

2. Guarde seu telefone

É impossível ouvir bem e monitorar seu telefone ao mesmo tempo. Nada deixa as pessoas mais desanimadas que uma mensagem no meio da conversa ou mesmo uma olhada rápida. Quando você se compromete com uma conversa, foque toda sua energia nessa conversa. Vai descobrir que ficam mais prazeirosas e eficazes quando mergulha nelas.

3. Faça boas perguntas

As pessoas gostam de saber que você está escutando e mesmo um ato simples como uma pergunta para esclarecer algo mostra que você não está apenas ouvindo, mas que se importa com o que está sendo dito. Você vai se surpreender com quanto respeito e apreciação ganha só ao fazer boas perguntas.

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Além de verificar o que ouviu, você deveria fazer perguntas que angariam mais informações. Exemplos de perguntas investigatórias incluem “O que aconteceu depois?” e “Por que ele disse isso?” A chave aqui é se assegurar de que suas questões realmente adicionam à compreensão do que foi dito ao invés de só levar a conversa para outro assunto.

4. Pratique a escuta reflexiva

O psicólogo Carl Rogers cunhou o termo “escuta reflexiva” para descrever a estratégia de escuta que envolve repetir o significado do que está sendo dito para garantir que você interpretou as palavras corretamente. Ao fazer isso, você dá ao locutor a oportunidade de esclarecer o que quis dizer. Quando pratica a escuta reflexiva, você não deve somente repetir as palavras para o locutor. Use suas próprias palavras para mostrar que absorveu a informação.

5. Use linguagem corporal positiva

Tornar-se consciente de seus gestos, expressões e tons de voz (e garantindo que são positivos) atrairá pessoas como se fossem formigas num piquenique. Usar um tom entusiástico, descruzar os braços, manter contato visual e inclinar-se na direção do locutor são todas formas positivas de linguagem corporal empregadas por ótimos ouvintes. Pode fazer toda diferença numa conversa.

6. Não julgue

Se quiser ser um bom ouvinte, precisa manter a mente aberta. Isso faz com que você seja mais acessível e interessante para os outros. Ninguém quer ter uma conversa com alguém que já tem uma opinião formada e não está disposto a ouvir. Manter uma mente aberta é crucial no trabalho, onde acessibilidade significa acesso a novas ideias e ajuda.

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Para eliminar noções preconcebidas e julgamentos, você precisa ver o mundo pelos olhos dos outros. Isso não significa acreditar no que acreditam ou aprovar seus comportamentos: simplesmente significa parar de julgar por tempo suficiente para realmente entender o que estão dizendo.

7. Mantenha a boca fechada

Se você não está checando se entendeu ou fazendo uma pergunta investigatória, não deveria estar falando. Pensar no que você vai falar em seguida não só tira sua atenção do locutor como sequestrar a conversa mostra que você acha que tem algo mais importante para dizer. Isso significa que você não deveria correr com soluções para os problemas do orador.

Querer ajudar os outros faz parte da natureza humana, especialmente quando é alguém de quem você gosta, mas muitos de nós não percebem que, quando corremos com um conselho ou solução, estamos diminuindo o outro. É essencialmente um jeito mais aceitável de dizer: “OK, já sei. Pode parar agora!” O efeito é o mesmo.

8. Junte tudo isso

A vida é corrida e parece que acelera todos os dias. Tentamos fazer milhões de coisas ao mesmo tempo e às vezes dá certo, mas ouvir de maneira ativa e eficaz não é algo que dá para fazer na correria. É algo que requer um esforço consciente.

Leia também: 14 técnicas de facilitação que fazem a diferença no dia a dia profissional

Artigo originalmente publicado no LinkedIn e traduzido pelo Na Prática

2 lições que Lemann queria ter aprendido mais cedo em sua carreira

Jorge Paulo Lemann
Jorge Paulo Lemann, em Reunião Anual da Fundação Estudar 2016

O empresário carioca Jorge Paulo Lemann fundou e passou 27 anos da sua carreira no banco Garantia. Olhando para trás, ele lamenta ter demorado para desenvolver uma visão de longo prazo naquela época. “Em uma corretora você está sempre pensando 24 horas para frente. Banco de investimentos também é um negócio de oportunidades do momento. Demorou algum tempo para eu entender que aquele turbilhão é divertido no dia a dia, mas, se você não pensar para onde vai e incutir isso na cultura das pessoas que trabalham com você, não vai chegar muito longe”, diz.

Outra lição que gostaria de ter aprendido antes foi a importância de dar mais atenção às pessoas que compram os seus produtos. “A cultura de uma corretora, no mercado financeiro, não era de agradar o cliente ou dar muita importância para o consumidor. Com o passar dos anos eu aprendi que, se você quiser montar uma coisa maior, não existe a possibilidade de fazer isso sem se preocupar em agradar quem você está servindo”, afirma. “Se tivesse aprendido essas lições um pouco antes, talvez pudesse ter feito mais. Mas… estou sempre aprendendo.”

Assista a vídeo exclusivo com Jorge Paulo Lemann, gravado durante evento de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, em agosto de 2016:

Leia mais: ‘Aos 26 anos, eu estava falido’, diz Jorge Paulo Lemann

Acertos

Por outro lado, Lemann também comemora seus acertos. Um dos maiores, segundo ele, foi ter se associado a Marcel Telles e Beto Sicupira, ao lado de quem fundou a Estudar, em 1991. Nos vídeos a seguir, ele explica como seleciona seus sócios e quais são seus pontos fortes mais marcantes.

‘Sociedade é como casamento: algo para ir cultivando aos poucos’

“Nosso processo de seleção não é milagroso, não acontece de um dia para o outro. No banco Garantia, sempre aparecia uma porção de gênios que diziam querer trabalhar lá, mas faziam exigências. Eu nunca aceitei isso. Se quiser vir trabalhar, vem. Terá a chance de virar sócio pequeno, depois de aumentar a participação. Esse sempre foi um processo gradual de crescimento. Nunca optei por sociedades repentinas. Sociedade é algo para ir cultivando aos poucos. É como num casamento: você vai namorando, testando… até finalmente decidir virar sócio.”

‘Marcel e Beto são melhores executores do que eu’, diz Lemann

“Sou melhor sonhador do que executor. Tenho sonhos grandes, gosto de pensar grande… Na hora de executar eu corro atrás, sei o que é importante, acompanho o que está sendo feito, mas tive a sorte de ter encontrado Marcel e Beto, meus sócios, que basicamente são melhores executores do que eu. Sem dúvidas funcionou bem. Agora, eu sou o primeiro a reconhecer que ficar sonhando grande não adianta nada. Tem que executar bem. Por isso eu tenho me apoiado muito em outras pessoas que são melhores nisso.”

Leia mais: Tudo o que rolou no encontro de 25 anos da Fundação Estudar

Em cinco anos, Fabrizio Serra criou duas startups de sucesso e conta que não foi fácil

Fabrizio Serra
fabrizio serra startup

Aos 14 anos, Fabrizio Serra construía sites para amigos e familiares enquanto tinha mil ideias de negócios. Quinze anos depois, ainda trabalha com web, mas em proporções bastante diferentes: é fundador de duas startups com modelo de clube de assinaturas, pioneiras no Brasil e que já causam impactos em seus mercados.

A primeira foi a ChefsClub, que dá descontos em restaurantes, lançada em 2011 e que hoje reúne 25 mil assinantes e 1 800 restaurantes em 21 cidades no Brasil – a internacionalização já é discutida. Em junho do ano passado, ele lançou a Moccato, que entrega cápsulas de cafés premium torrados e moídos em até sete dias para os assinantes. Esta empreitada já soma dois mil usuários. “Moccato e ChefsClub ainda têm muito a entregar. São empresas para 100, 200 mil assinantes”, diz Fabrizio.

Os descontos oferecidos pela ChefsClub, de 30% a 50%, só não valem para bebidas e sobremesas. O assinante pode usar o benefício todos os dias, quantas vezes quiser, e o desconto vale para todos da mesa. O modelo de negócio consiste em cobrar pela associação ao clube: 109,90 reais por seis meses, ou 159,90 por um ano.

fabrizio serra chefsclub
Cartão do Chefsclub, entre as primeiras empreitadas de Fabrizio [Reprodução] 

Os restaurantes têm o custo do desconto e podem escolher os dias e horários em que oferecerão os benefícios. “O restaurante continua tendo margem em bebida e sobremesa, e em contrapartida a gente traz exposição e preenche a casa nos horários em que há mesa vazia”, afirma o Fabrizio. Hoje, a startup emprega 35 funcionários e é responsável por até 15% do movimento de alguns restaurantes cadastrados.

Na Moccato, os planos de assinatura vão de 51 a 139,50 reais por mês, dependendo do número de cápsulas incluídas. Há cinco blends diferentes de café, e o mix de cápsulas é escolhido pelo cliente, que pode alterar ou cancelar plano a qualquer momento. O negócio acabou de completar um ano e tem dez funcionários.

Pé no chão Fundador de duas startups de sucesso em menos de cinco anos, Fabrizio é zero deslumbrado com o glamour que costuma rodear a atmosfera de empreendedorismo: “Há uma cultura muito ruim sendo gerada em torno de empreendedores no Brasil. Cria-se uma ilusão péssima de que você vai abrir uma startup e ter sucesso em um ou dois anos.”

Ele segue, dizendo que há muitos empreendedores que ficam o tempo todo postando foto em evento e palestras, mas cujas empresas não operam no positivo e ainda não se provaram. “Isso é ruim para o empreendedor e muito ruim para o investidor, que acaba investindo em um sonho que não existe. Isso tem que ser desmistificado e combatido com empreendedorismo sério.”

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Sítio em que são produzidos os grãos de café da Moccato [Reprodução]

Tempero dinamarquês Fabrizio nasceu no Peru, filho de mãe peruana e pai baiano. Veio para o Brasil com um ano e já morou em dez cidades por aqui. Também viveu um ano nos Estados Unidos (fazendo high school), seis meses na Itália (em intercâmbio acadêmico pela faculdade de Economia) e três anos na Dinamarca (para onde foi fazer mestrado em finanças e terminou estudando marketing e empreendedorismo).

Ele acredita que a vivência em diferentes culturas despertou seu olhar para oportunidades de negócio: “Ao ver coisas que existem em um lugar que não existem em outro, você deixa de tomar o mercado como uma verdade imutável e começa a vê-lo como um conjunto de serviços e produtos que são ofertados ali, mas que poderia ser diferente”.

Empreender não estava necessariamente nos planos de Fabrizio, que gostava de seu emprego na mesa de câmbio da cervejaria Carslberg, na Dinamarca. Mas, como espírito empreendedor não descansa, ele logo percebeu uma oportunidade ao testemunhar o início da MenuCard, empresa que inspirou o modelo de negócios da ChefsClub.

Leia também: ‘Empreendedores é que vão salvar o Brasil’, diz Jorge Paulo Lemann

Não havia no Brasil nenhuma empresa com esta proposta. Ele apresentou a ideia aos dinamarqueses Daniel Holm e Morlen Jorgensein. Juntos, elaboraram o modelo de negócios, conseguiram 1,5 milhão de reais de investidores-anjo e, da Dinamarca mesmo, iniciaram as etapas de site e TI. Quando chegou o momento de apresentar a ideia a restaurantes e conseguir os primeiros associados, o brasileiro Guilherme Myssen se juntou ao trio e, em seguida, Fabrizio voltou ao Rio de Janeiro.

A estratégia era lançar a empresa no Rio, com cinco mil associados (que ganharam os cartões) e 100 restaurantes credenciados. Na prática, a ChefsClub começou a operar com pouco mais de 70 restaurantes. “Foi muito difícil encontrar o discurso correto com os estabelecimentos, e essa base é nosso maior ativo”.

Depois de quatro anos de atividades, Fabrizio destaca a cultura em inovação para que o formato continue com fôlego. Ele cita mudanças no aplicativo, como o acréscimo do histórico de restaurantes visitados, e estuda passar a fazer o pagamento e também as reservas pelo app, além de habilitar opiniões de assinantes sobre cada estabelecimento: “Nossa ideia é realmente agregar valor ao restaurante e deixar a experiência do usuário mais rica, para não ser só o desconto”.

O movimento nos restaurantes chamou a atenção de um fundo de investimentos, que em 2015 injetou 3 milhões de reais no negócio (houve mais uma rodada, em 2016, de valor não divulgado), cujo break even está previsto para 2018. O aporte veio com uma gestão profissional e Fabrizio, hoje, faz parte apenas do conselho da startup. Este apoio profissional na ChefsClub abriu caminho, tempo e foco para que ele pudesse criar mais uma empreitada.

fabrizio serra moccato
Cápsulas da Moccato [Reprodução]

E a crise? Dono de uma máquina de expresso, Fabrizio notou que não havia no Brasil entrega recorrente de cápsulas de café – ao mesmo tempo em que as pessoas reclamavam de ter de ir à loja a cada vez que o estoque se esgotava. Também percebeu um novo público, formado pelo próprio hábito de consumir as cápsulas, que descobria e passava a apreciar diferentes notas de café. Estava formada a ideia do negócio, baseado em conveniência e produto de qualidade especial.

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Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Theory of Change: como fazer mudanças (realmente) acontecerem

Seta aponta para a direita

Seja na esfera política, empresarial ou social, toda geração já quis (e acreditou que podia) mudar o mundo. Não é diferente com os jovens de hoje, que – como apontam diversas pesquisas – acreditam que podem fazer a diferença e deixar seu legado no mundo. Basta passar algumas horas em um campus universitário para entender do que estamos falando: organizações como Aiesec, Enactus, Rotaract, CHOICE e até mesmo o Movimento de Empresas Juniores têm todos em comum a mesma ambição de gerar impacto.

O ato de criar mudanças intencionais está no cerne da Teoria da Mudança, ou Theory of Change, que busca dar suporte e estrutura para quem quer causar impacto social. Simultaneamente ferramenta e mindset (ou ‘maneira de pensar’), a teoria é bastante utilizada para analisar eficácia e viabilidade de projetos sociais, tanto por empreendedores (ajudando também a esclarecer seus propósitos), como por quem financia internacionalmente essas iniciativas, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As teorias de como influenciar uma mudança são variadas, e é principalmente o jeito de pensar o caminho entre ideia e realidade que muda entre elas. Algumas são eficazes em certos setores, outras não preveem a criação de incentivos ruins e há ainda aquelas que se baseiam em conceitos errados ou preconceitos inconscientes – mas todas concordam com o fato de que processos sociais são complexos.

É aqui que entra a Teoria da Mudança com letras maiúsculas, cada vez mais utilizada. A UNICEF, por exemplo, utilizou-a em seu Plano Estratégico 2014-2017, explicando que com ela é possível desenhar metas mais realistas, esclarecer responsabilidades e estabelecer uma compreensão geral, tanto interna quanto externa, sobre as estratégias que devem ser empregadas para atingir objetivos.

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“Será que nossas ações realmente estão nos levando a resolver o problema que queremos? Ou ainda: qual é o problema que queremos resolver e por que queremos resolvê-lo?”, questiona Morgana Krieger, que há quatro anos adapta o conceito para a realidade brasileira na Ink, um negócio social especializado em gestão de projetos sociais e ambientais e que oferece workshops para empreendedores.

“A Teoria da Mudança vai ajudar a mapear processos de forma bastante estratégica através do estabelecimento de metas, que diz para onde se quer caminhar, quando se chegará lá e o que de fato vai ser entregue”, continua. “Além de possibilitar um monitoramento e avaliação mais realistas, baseados em objetivos, também apoia a organização, programa ou projeto a direcionar seu foco de ação e potencializar o aprendizado.”

Como funciona Craig Valters, pesquisador do Overseas Development Institute e autor de diversos textos sobre o assunto, como este paper introdutório de 2015, compara a Teoria da Mudança à bússola: serve para nortear a empreitada, mas não engessa seu caminho.

Morgana explica que são quatro os conceitos relevantes na hora de começar a trabalhar com a teoria:

1. Identificação do contexto de atuação
Seja do projeto, programa ou organização.

2. Estabelecimento do direcionamento da mudança e potencial sequenciamento

Quais são as atividades, resultados, objetivos e impacto esperados?

3. Exploração de suposições e hipóteses
Por que essa sequência de acontecimentos é factível? Quais são os pressupostos por trás dessa proposta?

4. Acesso a evidências
É preciso verificar se as hipóteses são verdadeiras e se o sequenciamento proposto realmente aconteceria.

Cada um deles exige uma base aprofundada, que deve ser composta por uma combinação de informações, análises e processos. Feedback da equipe e de participantes importantes, pesquisas sobre programas ou políticas públicas na área e opiniões de especialistas são alguns exemplos de como obte-la. 

A realidade é complexa e conhecimento é um aspecto crucial. Para desenvolver hipóteses que sejam realistas, é preciso saber como as coisas de fato funcionam – e elas podem mudar a qualquer momento.

Morgana em workshop sobre Teoria da Mudança
[Workshop da Ink sobre Teoria da Mudança / acervo pessoal]

O fluxo constante de informações também legitima a abordagem flexível oferecida pela Teoria da Mudança: quando um empreendedor descobre algo novo que influencia seus objetivos, deve inclui-lo em suas ações e metas. A bússola segue apontando para o norte, mas o jeito de chegar lá pode se transformar.

“Como é uma ferramenta de estratégia e um processo de aprendizado, essa flexibilidade se faz bastante presente: a organização pode buscar as melhores formas de atingir as mudanças previstas, desde que estejam balizadas nos aprendizados anteriores definidos pela própria organização”, fala Morgana.

Princípios Com a base pronta, é possível começar a mapear o terreno. Craig Valter divide a Teoria da Mudança em quatro princípios:

1. Foque no processo de desenvolvimento da teoria
Ele deve ser participativo e baseado em pesquisa. “O importante não é o produto em si – o pacote com a Teoria da Mudança –, mas como se desenvolvem os conceitos e entendimentos por trás dessa teoria”, diz Morgana. Não basta seguir os passos: é preciso que os envolvidos compreendam o que está acontecendo para conseguir utilizar a ferramenta ao máximo e criar uma cadeia de acontecimentos realista, que realmente cause a mudança desejada. Também não adianta fazer um documento e guardar na gaveta: visite-o com frequência para que ele possa seguir evoluindo.

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2. Priorize o aprendizado
O mero ato de implementar uma Teoria de Mudança exige aprofundar conhecimentos, e isso deve ser priorizado – e seguir acontecendo. “As organizações participantes não devem se eximir da busca por esse aprendizado: as oportunidades servirão para aumentar o conhecimento geral e entender como fazer ainda melhor o que fazem e com quem interagem.” Ou seja: sem preguiça!

3. Desenvolva localmente
Quando um projeto ou organização não tem uma Teoria da Mudança pronta, um financiador pode trazer alguém de fora para criá-la quando pensa em investir. É algo a ser evitado. “Ela deve ser construída dentro da organização e seguindo uma vontade própria de compreensão e aprendizado”, resume Morgana. “Pode ser facilitada por uma pessoa externa, mas não deve ser construída por ela.”

4. Pense numa bússola, não num mapa
Para reforçar: a ideia aqui é estabelecer quais mudanças um projeto ou organização quer causar na sociedade e como direcionará seus esforços para fazê-las acontecerem. “Depois que a organização souber o que quer promover, ela pode ter diferentes compreensões de como alcançar essas mudanças e amadurecer ao longo de sua trajetória”, fala ela. “Por isso a Teoria da Mudança serve como direcionamento – onde quero chegar e, a partir disso, refletir sobre as melhores formas – e não como um mapa, que restringe minhas ações a um caminho.”

Teoria da Mudança
[No papel, a Teoria da Mudança pode ter várias aparências]

Com o esquema delineado, é possível também desenvolver indicadores quantitativos ou qualitativos em cada nível da sequência, sejam ações diárias ou grandes metas, tornando o sistema mensurável e objetivo.

Impacto Foi justamente a capacidade de unir diferentes perspectivas e maneiras de pensar que fez com que a Ink passasse a aplicar a teoria em suas capacitações sobre estratégias de impacto no Brasil. “Toda a organização se fortalece ao desenvolver sua Teoria da Mudança porque ela ajuda a descrever em pormenores como essa mudança social acontecerá, independente do foco de trabalho”, fala Morgana.

Ao esclarecer os melhores projetos ou práticas organizacionais, tudo fica mais claro para todos e as ideias podem evoluir. Como exemplo, Morgana cita uma organização que tinha como objetivo tirar pessoas sem casas das ruas através de um processo de acolhimento de dois anos. Depois disso, eles já estariam aptos a retornar ao mercado de trabalho e reatar laços familiares.

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Só que as evidências apontavam em outra direção: a maior parte dos acolhidos voltava para as ruas antes dos dois anos e mesmo quem finalizava sua estadia acabava do lado de fora de novo.

Com a ajuda da Teoria da Mudança, o objetivo – ajudar moradores de rua a saírem das ruas – ganhou outras ações, como uma atividade profissionalizante durante a estadia para facilitar a reinserção no mercado. Além disso, o trabalho durante o acolhimento alimenta um fundo de auxílio financeiro, disponível quando a estadia termina. É algo poderoso, já que muitos saem sem dinheiro para transporte e não conseguem chegar numa entrevista de emprego, por exemplo.

Para o empreendedor, o mais difícil pode ser dar o primeiro passo. “A maior dificuldade é a falta de momentos de reflexão para analisar quais mudanças e transformações a organização ou projeto quer causar ou quando esses momentos acontecem de forma muito subjetiva”, diz Morgana. Vale testar – de cabeça aberta.

O que um líder precisa ter (e fazer) para se tornar um influenciador

Coach João Cordeiro

A razão de uma liderança existir é provocar influência. É garantir que as pessoas façam bem feito e de boa vontade aquilo que normalmente elas não fariam. Falando assim parece fácil. Mas essa é uma tarefa complexa, que exige uma série de competências e atitudes para colocá-la em prática. Nos vídeos a seguir, o psicólogo e coach João Cordeiro explica o que um líder precisa ter (e fazer) para se tornar um influenciador e aponta seus maiores desafios.

Segundo ele, a chave para ser um líder melhor está na mudança de mindset: “Como um líder que está acostumado a trabalhar de forma centralizadora migra para um novo modelo de liderança, disposta a ouvir? O primeiro passo é se autoconhecer e identificar por que tem medo de certas coisas. A evolução é progressiva, mas precisa necessariamente ser feita de forma genuína, colocando o outro como interesse principal dessa transformação”, afirma o coach.

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Como provocar influência?

“O líder provoca influência por meio da comunicação – que desperta e dá o norte – e do exemplo – que sustenta o que foi dito. Se não houver o exemplo, a comunicação se evapora. Se não houver a comunicação, a evolução através do exemplo é muito lenta. Se exemplo fosse suficiente, todo adolescente saberia arrumar seu quarto. A comunicação move as pessoas, e o exemplo arrasta.”

As três missões de um líder

“O líder tem três missões muito importantes: 1) Bater meta, com o time, fazendo certo; 2) Formar sucessores – precisa tirar férias e ter quem o substitua; 3) Disseminar cultura – falar dos valores e praticá-lo.”

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Os três desafios de um líder

“São três os principais desafios de um líder: 1) Liderar a si mesmo – o autoconhecimento vai ajudá-lo a perceber o porquê de alguns comportamentos que podem ser prejudiciais; 2) Liderar os outros – é preciso saber comunicar e dar o exemplo de forma clara, transparente e autêntica; 3) Liderar mudanças – transformar metas em uma visão positiva do futuro, colocando as pessoas no lugar certo para que os objetivos sejam atingidos.”

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Planos para as férias? Veja como ser contratado para os melhores estágios de verão

Membros da equipe da Ambev

O conceito de estágio de verão, em que universitários trabalham durante as férias, já é muito difundido nos Estados Unidos – os famosos summer internships, que todo ano levam milhares de jovens a disputar concorridas vagas nas mais variadas empresas, de bancos a startups.

No Brasil, a opção ainda não é tão comum mas vem ganhando cada vez mais adeptos entre jovens e empresas. Seis delas – Ambev, Arpex, BTG Pactual, BRF, Fundação Estudar e Kraft Heinz – participarão em outubro do Sinapse Summer, evento de recrutamento de estagiários de férias de verão organizado pela própria Estudar.

Ao todo serão selecionados 60 jovens para participar do programa. Em 24 de outubro, eles se reunirão em São Paulo com recrutadores das empresas participantes para vender o próprio peixe em pitches de 2 minutos e passar por uma entrevista coletiva. Interessados podem se inscrever até 19/9 pelo site oficial.

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Quem conseguir uma vaga trabalhará durante as férias de verão brasileiras, entre dezembro e fevereiro, ou, se estudar no exterior, durante as férias correspondentes. A duração, geralmente entre 8 e 10 semanas, varia entre as empresas.

Como funciona um ‘summer’?

Chamada de summer internship ou summer job, a modalidade pode ser vista como uma porta de entrada para o mercado e oferece a possibilidade experiência profissional precoce– algo especialmente interessante para estudantes de cursos em regime integral, que não podem conciliar trabalho e aulas.

Renata Figueiredo conta que na Ambev, onde é gerente de atração de talentos, até mesmo os calouros são bem vindos (e, nesse caso, as atividades extracurriculares contam muitos pontos na hora da seleção).

“Buscamos idealmente alunos no segundo ou terceiro ano, mas ao mesmo tempo queremos dar oportunidades para quem ainda não consegue fazer estágios”, explica sobre o funcionamento dos estágios de verão na Ambev. “O objetivo é dar acesso mais cedo aos alunos, já que nosso programa de estágio corporativo considera somente quem está há um ano e meio de se formar.”

A estudante de engenharia mecânica Maria Regadas hoje mora na França, onde estuda para obter seu duplo diploma na INSA Lyon e na PUC-Rio. Bolsista da Fundação Estudar, ela foi estagiária de verão na Ambev duas vezes: em 2015, quando estava no quinto período, e em 2016. Para quem está em dúvida sobre passar as férias trabalhando, ela resume: “Só vai!”.

“As férias são os melhores períodos para estagiar, pois você pode focar 100% no seu projeto e deixar um legado que abrirá portas no futuro”, explica. “Além disso, não compromete seu rendimento escolar como quem estagia durante as aulas – o que é relevante para quem pensa em aplicar para bolsas ou programas de intercâmbio. Tenho certeza que se você deixar passar o seu timing, vai se arrepender depois.” No final das contas, trocar uma viagem ou o tempo de descanso por uma experiência profissional pode valer a pena. 

Estudante de engenharia de produção da UFSCar, Luca Ricciardi está atualmente na Università Comerciale Luigi Bocconi, em Milão. Começou a buscar um summer no terceiro ano. Era sua primeira busca por um estágio.

“Eu estava louco para entender o que era ter metas, responsabilidades e colocar a mão na massa de fato”, conta. “Quando vi a oportunidade de trabalhar na Fundação Estudar, pensei na quantidade de portas que o trabalho lá poderia me abrir. Também queria conhecer um pouco mais sobre o terceiro setor e uma empresa com valores novos e jeito de trabalho de startup.” 

Um bônus, destaca ele, foi poder aproveitar gratuitamente os programas que a Fundação oferece aos jovens, como cursos de formação de liderança e de imersão profissional (a lista completa está disponível online).

Leia também: Como fazer um bom currículo

Com um estágio de verão no currículo, o jovem sai na frente na busca por outros estágios e ainda consegue experimentar um número maior de diferentes ambientes de trabalho antes de decidir sua carreira. “Só a vivência na prática pode ajudar, e o summer tem se tornado uma excelente atividade extracurricular na trajetória de um estudante para ajudar no seu amadurecimento e autoconhecimento”, resume Renata.

Estrutura 

Seja na empresa em que estiver, o jovem aplica o que aprende em sala de aula e desenvolve cedo suas soft skills, além de ter acesso a figuras de liderança. “São semanas intensas de aprendizado e ao mesmo tempo com a responsabilidade de entregar um projeto com início, meio e fim”, fala Renata. “É preciso gostar de trabalhar em equipe, ser resiliente e muito proativo.”

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Luca com seu time na Fundação Estudar [Acervo pessoal]

Alocado na área de relacionamento direto com jovens na Estudar, Luca desenvolveu suas habilidades de comunicação e disciplina. O dia a dia envolvia trabalhar parcerias com organizações estudantis para divulgar os programas da casa em troca de condições exclusivas, como descontos e isenções.

Era uma responsabilidade grande, que envolvia noções de negociação e clareza nas propostas. “Sabíamos que as organizações eram peças-chave para atrair um número grande de jovens e cabia a nós fazer a acontecer”, conta.

“Aprendi a correr atrás de resultados e também como é uma empresa que tem objetivos de crescimento absurdos, em que o coletivo trabalha junto para atingir-los – e ao mesmo tempo como me portar num ambiente de trabalho e ficar próximo de muita gente incrível”, resume.

Em suas duas participações na Ambev, Maria atuou de maneira diversa. “Às vezes digo que fiz estágios de férias em duas empresas diferentes”, brinca. Na primeira vez, trabalhou nas áreas de gente e gestão e fornecedores no Rio de Janeiro, analisando e mapeando a rotina de supervisores para aprimorar a eficiência da produção.

Leia também: Passar por diferentes áreas e empresas mancha o currículo?

Na segunda, pediu para testar outra coisa e foi alocada na equipe de marketing de vendas em pleno carnaval carioca. “Ajudei a tocar o carnaval de 2016 com o time da empresa regional e fiquei pessoalmente responsável pelo Sambódromo”, conta. “Foi mais mão na massa: entregar resultado, ir pra rua e interagir com pessoas – colegas de trabalho, clientes e terceirizados.”

Ficou responsável por localizar, transportar e entregar mais de 500 equipamentos de refrigeração no local e recolher tudo três dias depois do fim, sem orçamento próprio ou caminhões previstos para a tarefa. Entre os aprendizados mais marcantes, ela destaca a importância da equipe. “O que levo comigo é o fato de entender que gente é tudo: pessoas são as coisas mais importantes em qualquer organização”, reflete. “Hoje acredito que nada de excelente se constrói sozinho e é preciso se cercar e se manter cercado de pessoas excelentes.”

Gabriella Leite, que está no último ano de engenharia de produção da UFMG, também tem dois summers no currículo. Estava no quarto ano quando decidiu fazer o segundo, na Kraft Heinz. Queria principalmente uma experiência mais intensa que um estágio regular. “Todos os dias tínhamos novos desafios e muita autonomia para implementar novas ideias, com resultados reconhecidos pela meritocracia e isentos de paradigmas de idades e hierarquias”, fala.

Gabriella Leite
Gabriella Leite, que fez summer na Kraft Heinz [Acervo pessoal]

Alocada na área de Melhoria Contínua, ela teve a orientação de um gestor e recebeu problemas que deveria resolver sozinha sobre a redução de perdas de atomatados. “O planejamento e a execução do projeto ficavam por nossa conta, mas tinha alguém disposto a ajudar sempre que necessário”, explica.

De volta à universidade, ela introduziu em seu trabalho de conclusão de curso as lições que trouxe do summer. “Aprender metodologias de resolução de problemas, desenvolver minha comunicação, lidar com pessoas e entender na prática o que é o sentimento de dono de alguma coisa foram pontos que mudaram completamente minha visão”, fala Gabriella. “E ter problemas nem sempre significa algo ruim, uma vez que se está cercado por pessoas facilmente acessíveis e que podem te ajudar nos desafios.”

Benefícios do Sinapse

Enquanto o Sinapse oferece uma estrutura pronta para um potencial estagiário de verão – palco, café e empresas, tudo no mesmo lugar –, Maria precisou improvisar. Acabou demonstrando que tinha a energia necessária: enviou mais de dez emails e chegou a abordar recrutadores no aeroporto antes de conquistar um horário de entrevista com a Ambev.

Para se preparar, organizou seu discurso – “o clássico: principais conquistas, fracassos, aprendizados, arrependimentos, visão do futuro e objetivos pessoais e profissionais”, conta – e estudou a fundo a companhia e seus valores.

É algo tremendamente importante. “Além do currículo, avaliamos o quanto os candidatos nos conhecem com informações que vão além do que está no site: é importante que corram atrás e conversem com pessoas no nosso time e se aproximem da companhia em momentos oportunos, como eventos nas faculdades”, fala Renata.

Foi precisamente o que Gabriella fez: conversou com pessoas que já trabalhavam na Kraft Heinz e em empresas com culturas semelhantes, para entender se eram compatíveis. “Na minha preparação, reflexão e autoconhecimento foram primordiais para saber o tipo de empresa em que eu gostaria de trabalhar”, fala.

Saber o que quer e quais são suas fortalezas e fraquezas é um ponto também destacado por Renata. É um processo contínuo e quem quiser ajuda para começar pode se inscrever no curso de autodesenvolvimento por email do Na Prática, que apresenta ferramentas úteis para a reflexão.

Após demonstrar seu potencial, Maria foi convidada pessoalmente pelo chefe para retornar no verão seguinte. É uma política da casa. “Quem veio e se deu bem deixa portas abertas para voltar”, fala Renata.

Para Luca, é uma situação em que não dá para sair perdendo. “Se souber mais ou menos o que quer, o jovem tem chances grandes de gostar do summer e o trabalho vai se tornar tão ou mais divertido que as férias”, fala. “E caso não goste, melhor que sejam quatro semanas que seis meses ou um ano num estágio infeliz.”

Inscreva-se no Sinapse Summer até 19/9

Minha experiência como trainee no governo do Pará

Trainee do Vetor Brasil

Meu nome é Guilherme Lacerda e fiz parte da primeira turma de trainees do Vetor Brasil, que está recrutando novo integrantes até o dia 19 de setembro. Hoje eu continuo trabalhando na Secretaria de Educação do Pará, agora com seis outros trainees.

Vou começar contando um pouco da minha formação: eu sou curitibano, iniciei minha graduação em economia da UFPR em 2009 e, dois anos e meio mais tarde, transferi meus estudos para a Universidade de Indiana, nos EUA. Lá me graduei em economia e ciência política em junho de 2014, quando voltei ao Brasil.

Eu não fazia ideia de como, mas tinha certeza de queria atuar no setor público. Se ao ingressar na faculdade eu já imaginava o potencial de impacto social do Estado, ao sair eu sabia que em nenhum outro lugar conseguiria contribuir tanto para transformações de grandíssima escala.

Minha primeira investida foi uma frustrada tentativa de ingresso no mundo partidário. Apesar dos anos de estudo em economia e ciência política e princípios e convicções bastante claros, a miríade de partidos brasileiros não oferecia uma plataforma clara ou caminho seguro. Assim, me vi agendando conversas e peregrinando por convenções e encontros. Era, afinal, ano eleitoral.

À medida que outubro chegava, contudo, o contrário do que eu imaginava (ou esperava) ocorria: discussões sobre políticas públicas e sobre planos para o estado davam lugar ao personalismo e às discussões supérfluas. Não demorei a perceber que ali não estava a porta de entrada que eu buscava.

Considerando o terreno partidário infértil e pensando no perfil técnico que eu havia desenvolvido, tomei um segundo rumo que, apesar de pouco me animar, mostrava-se como lógico já que eu pretendia ingressar no governo: estudar para concursos públicos. A ideia não me empolgava principalmente pelas características de estabilidade e segurança dos cargos públicos – que tanto criam “concurseiros”. O que eu desejava era justamente o oposto: desafios, crescimento profissional, dinamismo e alto impacto.

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Mal tinha eu completado dois meses de estudos e um amigo me enviou o link para a página do Vetor Brasil. Eu não fazia ideia de quem eram as pessoas por trás da organização, mas tinha apenas dois dias para concluir minha inscrição. Ainda um pouco desconfiado e descrente, deixei os estudos de lado no dia seguinte para preencher todos os formulários e gravar os vídeos para a inscrição. As semanas foram correndo e, à medida que eu passava as fases do processo seletivo e fazia as entrevistas, me animava com o perfil e principalmente com o propósito das pessoal envolvido na seleção. Quando fui aprovado já sabia que aquela havia sido uma das melhores decisões que já havia tomado.

Foram várias as dúvidas, entretanto, mesmo após a aprovação. A primeira ponderação dizia respeito ao fato de que mais uma vez eu arrumava as malas para morar longe de casa e dos amigos. Apesar do desencanto profissional ao voltar ao Brasil, sair de Curitiba outra vez não estava nos meus planos. Ainda assim, a oportunidade superou a dúvida. Como eu havia estudado fora, já estava bem acostumado à distância. A família inicialmente fez os seus questionamentos. Ninguém, afinal, conhecia o Vetor naquela época, e tudo o que eu tinha para apresentar era um site e o meu relato. O questionamento virou apoio e, hoje, minha família criou apreço e relação com Belém. Conseguimos nos organizar de maneira a estarmos juntos com frequência.

O segundo passo foi analisar se eu teria condições de dar conta do trabalho. Inicialmente, porque eu não tinha experiência alguma no setor público. Mas também porque na graduação eu vi muito sobre teorias, fossem econômicas ou políticas, mas não conhecia nada do dia-a-dia do trabalho dentro de uma Secretaria.

Por último, e definida minha alocação, me deparei com um projeto enorme, financiado parcialmente pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e já em execução. O projeto é fruto de um empréstimo firmado entre o Banco e o Estado do Pará para melhorar a qualidade e expandir a cobertura da rede estadual de educação. Para tal, os recursos estão orientados para três grandes tipos de investimento: infraestrutura, projetos pedagógicos e de gestão escolar, e gestão da própria rede.

Tudo para mim era novidade. Eu não só não sabia ler um processo administrativo – eu nunca havia aberto um. Aos poucos fui conhecendo como funciona administração pública: as várias gerências de uma secretaria; os trâmites burocráticos e os fluxos de atividades; a forte hierarquia. E desenvolvendo meu primeiro trabalho: um estudo sobre a distribuição das vagas pelo estado que subsidiará a tomadas de decisão para as construções de novas escolas.

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Inicialmente motivador de receios, o desafio foi se mostrando uma enorme fonte de aprendizado e crescimento. Acompanhei: todo o processo de estruturação de uma Unidade Gestora do Projeto (UGP), isto é, o núcleo dentro da Secretaria responsável pela gestão dos recursos e coordenação das atividades do Contrato de Empréstimo; o trabalho de consultorias que vieram fortalecer a secretaria como um todo e a própria unidade gestora; a saída e a chegada de profissionais, entre trainees, servidores de carreira, consultores e gestores-; e o fortalecimento da unidade se transformar em maiores e mais complexas responsabilidades para a equipe em geral e para mim individualmente.

Hoje, após apoiar a execução do contrato nas suas diversas frentes, atuo na coordenação do projeto.

Ao longo desse ano e meio de trabalho fui conhecendo o potencial de impacto do governo na prática. Entre os projetos que apoiei estão: reforma e ampliação e construção de escolas; aceleração da aprendizagem e combate à defasagem idade-série; recuperação de conteúdo; melhoria da gestão escolar; execução de avaliação de larga escala e análise dos dados produzidos.

Cada um desses projetos, quando bem executados, tem o poder de impactar diretamente a quase totalidade dos adolescentes do estado, além de indiretamente beneficiar as suas famílias e a sociedade como um todo. E para que sejam bem executados, não pode faltar dinamismo à equipe.

Um bom exemplo é também o maior obstáculo que enfrentamos em 2015: uma longa greve de professores. Foram 53 dias escolares paralisados e um imenso atraso a todos os projetos pedagógicos. Um dos compromissos firmados pela Secretaria, de oferecer reforço escolar aos alunos e uma efetiva preparação para o ENEM e a Prova Brasil, tornou-se absolutamente inviável dada a alteração no calendário letivo. O que fizemos? Um estudo de última hora sobre a viabilidade de firmarmos uma parceria com a iniciativa privada e assim garantirmos a recuperação dos conteúdos atrasados no contraturno dos alunos.

Após dias e noites de muito trabalho e desenho do projeto alternativo, tivemos a adesão de mais de 17.000 alunos. E eu obtive a primeira lembrança que levarei da minha experiência no Pará: uma cópia das apostilas utilizadas pelos alunos, fruto do esforço e das horas extras despendidas.

É por situações como essas que decidi ficar mais tempo: hoje sou infinitamente mais preparado e com uma experiência (não só profissional, pessoal) única. Meus colegas de Vetor, que se tornaram amigos e referências, seguiram vários caminhos, muitos deles na área pública, como eu. Mas mesmo aqueles que tomaram outra direção certamente levam consigo um aprendizado e bagagem para a vida toda.

Também quer trabalhar no governo como trainee Vetor Brasil?
Inscreva-se no processo seletivo até 19/9

Ambev propõe ‘desafio de marketing’ para recrutar novos estagiários

Cervejaria da Ambev

Interessados em participar do Marketing Challenge organizado pela Ambev podem se inscrever até 15 de setembro através do site oficial do evento. Sessenta jovens selecionados pela empresa participarão de um fim de semana de desafios temáticos na sede, em São Paulo, e quem se destacar poderá integrar a equipe de marketing da cervejaria, que inclui marcas como Brahma, Skol, Budweiser e Stella Artois no portfólio.

É a segunda edição do evento, que em 2015 teve mais de 1600 jovens inscritos – e contratou sete deles. Universitários de qualquer curso podem participar, mas é preciso estar no penúltimo ou último ano de faculdade a partir de janeiro de 2017 e morar em São Paulo.

O evento acontece nos dias 14, 15 e 16 de outubro na capital paulista. Inscreva-se!

‘Accountability’: o valor que não pode faltar em um líder

Coach João Cordeiro

Accountability não é um conceito fácil de traduzir. Não à toa o psicólogo e coach João Cordeiro demorou dez anos para publicar um livro sobre o tema. “Tinha receio fazer afirmações em cima de uma palavra que não tem tradução direta para o português e ao mesmo tempo possui um significado tão profundo”, diz, em entrevista ao Na Prática.

Ele explica: “Em resumo, accountability é uma virtude moral. Significa pensar e agir como dono e puxar a responsabilidade para si. Da mesma forma que o governo presta contas à sociedade e as empresas, aos acionistas, qualquer indivíduo deve assumir esse valor em sua vida pessoal e profissional.”

Assista ao vídeo completo: O que é accountability e quais são seus benefícios?

Na Fundação Estudar, é o que chamamos de “protagonismo“, conceito explorado em programas de formação de liderança como o Laboratório e o LabX.

Uma pessoa que não incorporou esse valor apresenta desculpas e justificativas para tudo, culpando os outros ou as circunstâncias por aquilo que não saiu como esperava. É o que João chama de “desculpability” – termo que dá nome a outro livro de sua autoria.

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“Todos temos dentro de nós um instinto forte de atribuir nosso fracasso ou sucesso a fatores não controlados – como a economia, a política, o clima, o trânsito. Também costumamos associar o atingimento ou não de uma meta a outras pessoas – como o amigo, o colega, o chefe… Independentemente de essa atribuição ter um fundo de razão, ela não agrega, causa desvio de tempo e de energia, e não gera nada novo.”

A partir do momento que uma pessoa incorpora o accountability, por outro lado, ela entende que é dona do seu destino, da sua vida, da sua carreira. E os benefícios disso são enormes para qualquer profissional, especialmente para aqueles que querem assumir uma posição de liderança e se destacar no mercado.

Para João, é impossível se criar um ambiente inovador quando as pessoas se justificam o tempo todo. “Para inovar, é preciso assumir outra postura, de accountability, e sempre se perguntar: o que eu posso fazer diante destas circunstâncias? De que forma posso agregar, deixar uma contribuição, um legado?”

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