Ana Moraes
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 18:46h.
Muita gente sonha em empreender, mas trava diante da falta de uma ideia clara de negócio. Esse dilema é mais comum do que parece. A pressão por criar algo inovador e revolucionário faz muitos desistirem antes mesmo de dar o primeiro passo.
Mas a boa notícia é que empreender não começa necessariamente com uma ideia revolucionária. O caminho pode nascer da observação, da pesquisa e de pequenas iniciativas que evoluem com o tempo.
A Harvard Business Review ensina que empreender vai além de ter a “melhor ideia”. O que conta mesmo é a execução, a resiliência e, principalmente, a capacidade de identificar oportunidades. Portanto, se você quer começar mas sente esse bloqueio criativo, existem métodos e caminhos para encontrar inspiração, desenvolver ideias e transformar desejos em ação.
Muitas pessoas até querem empreender, mas têm dificuldade justamente em ter uma ideia clara para começar o negócio. Esse fenômeno é estudado por especialistas em empreendedorismo e psicologia, que apontam diversas razões psicológicas, culturais e práticas para esse bloqueio, além de estratégias efetivas para superá-lo.
Um dos maiores desafios para aspirantes a empreendedores é o medo do fracasso, que atua como freio na geração de ideias.
Segundo a professora da Universidade de Harvard Amy Edmondson, o medo de errar cria um ambiente psicológico limitante, onde as pessoas evitam arriscar ou inovar por receio de julgamentos e consequências negativas.
Além disso, a autocrítica em excesso cria um ciclo paralisante. Cal Newport, autor e pesquisador da Georgetown University, chama isso de “inatividade criativa”. Isso acontece quando o medo de não fazer algo perfeito impede a criatividade e a ação.
Essas barreiras psicológicas são comuns e podem ser superadas com práticas específicas, como a mentalidade de crescimento (growth mindset), que incentiva o aprendizado a partir dos erros.
A educação tradicional e muitos ambientes corporativos ainda costumam privilegiar o pensamento linear e o cumprimento de tarefas rígidas, limitando a criatividade. Estudos da Universidade de Stanford indicam que ambientes que não estimulam o pensamento divergente prejudicam o desenvolvimento do potencial empreendedor.
Além disso, rotinas muito engessadas, sem espaço para experimentação, reduzem a capacidade de imaginar soluções inovadoras. Segundo a consultoria global McKinsey, empresas que promovem cultura de experimentação e aprendizado contínuo têm maior sucesso em fomentar novos negócios e inovação.
A narrativa predominante sobre startups bilionárias com ideias disruptivas, amplamente difundida por veículos como TechCrunch e Forbes, cria uma falsa expectativa de que só vale a pena empreender se for para criar algo completamente novo.
Uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor mostra que a maioria dos novos negócios bem-sucedidos resolve problemas simples e cotidianos, adaptando ou melhorando serviços existentes.
Essa realidade reforça que empreender pode ser incremental e não necessariamente revolucionário, o que torna o caminho acessível para muitos inovadores.
Para quem quer dar o primeiro passo, especialistas recomendam observar o entorno com olhar atento para identificar necessidades reais e problemas que possam ser solucionados.
De acordo com o Sebrae, o mapeamento de dores diárias na comunidade ou no próprio ambiente de trabalho é a base para boas ideias de negócios.
Além disso, refletir sobre paixões pessoais e competências é essencial. Um estudo da Universidade de Cambridge destaca que empreendedores que alinham negócios com seus interesses têm maiores taxas de persistência e sucesso. Ao combinar conhecimento técnico com motivação pessoal, a chance de criar soluções práticas aumenta.
Ficar atento a tendências e mudanças no mercado é outra forma valiosa. Relatórios como o “Global Trends Report” da Deloitte revelam que transformações tecnológicas, culturais e econômicas frequentemente geram novos nichos para negócios emergentes.
Brainstorming e mapas mentais: Técnicas tradicionais, como a geração livre de ideias seguida da organização em mapas mentais, ajudam a visualizar conexões escondidas e potencializar insights (MindTools, 2024).
Pesquisa de mercado e análise da concorrência: Identificar falhas ou lacunas em modelos já existentes é uma estratégia consagrada para encontrar oportunidades de diferenciação e melhoria (McKinsey, 2022).
Networking e troca de experiências: Participar de eventos, comunidades online e grupos de empreendedores facilita o contato com desafios reais e potenciais parceiros, ampliando horizontes e fortalecendo o ecossistema empreendedor (Global Entrepreneurship Network, 2023).
Essas abordagens, unidas a uma mentalidade aberta e proativa, ajudam a superar a ausência inicial de uma ideia clara, permitindo que o empreendedor evolua de um simples observador para um criador de soluções relevantes.
Investir em uma franquia pode ser o caminho para quem não tem ideia própria, mas deseja empreender com segurança em um modelo testado.
Antes de gastar muito, crie uma versão simples do seu produto ou serviço, o que chamamos de MVP (Produto Mínimo Viável). Teste no mercado real, procurando pessoas e empresas que podem ser potencialmente beneficiadas com aquela solução.
Converse com potenciais clientes, anote suas opiniões e esteja aberto a adaptar sua ideia de acordo com as necessidades. Uma ideia ótima não serve de muita coisa se não for a ideal para ajudar alguém com uma dor real.
Ferramentas digitais já permitem criar protótipos rápidos e baratos, ideais para mostrar a proposta sem grandes custos.
A mais popular delas é o Lovable. A plataforma, criada em 2023 por Anton Osika e Fabian Hedin, usa inteligência artificial para a criação automatizada de aplicativos e produtos digitais. Por isso, ela tem tornado acessível para pessoas que não programam o desenvolvimento de softwares a sites e apps, permitindo que qualquer um transforme ideias em produtos digitais sem usar código.
Instituições como o Sebrae, a Coursera e a Udemy oferecem conteúdos de qualidade para novos empreendedores. O Youtube também é um bom lugar para buscar referências e ter acesso a aulas e palestras gratuitas: aconselhamos em especial as da Harvard Business Review e canal do TED Talks.
O Na Prática também oferece cursos gratuitos (e online) que podem te ajudar na jornada do empreendedorismo, como a Masterclass Empreendedorismo em grandes empresas com Jean Jereissati. Nela, você aprende insights valiosos sobre empreendedorismo, inovação e liderança com o ex-CEO da Ambev.
Assista à masterclass de graça
Programas como o Acredita no Primeiro Passo do Governo Federal, além de redes de mentoria, podem acelerar o aprendizado.
Participar de comunidades empreendedoras, fóruns online e grupos de networking também ajuda a trocar ideias e receber suporte, além de descobrir dores de outras pessoas que podem te inspirar a criar produtos e soluções.
Em um grupo de estudos de IA para marketing, por exemplo, você pode identificar pelas reclamações de diretores de área que as empresas precisam de um tipo de consultoria específica para treinar seus funcionários com IA. E então, você pode projetar e executar esse tipo de serviço, se entender bastante do assunto.
Leia também: Como transformar habilidades e hobbies em dinheiro
Se você está pensando “quero empreender mas não tenho ideias”, não desanime. Ideias podem ser desenvolvidas com prática, observação e pesquisa. O segredo está em dar o primeiro passo, mesmo que seja pequeno. Testar ideias, aprender com os erros e estar aberto ao aprendizado são atitudes mais importantes. Isso é melhor do que esperar por um momento de “inspiração genial”.
Empreender é uma jornada de construção contínua, e a clareza das ideias vem com o tempo. O mais importante é começar.
Comece observando problemas e necessidades no seu dia a dia, explore suas paixões e habilidades, e pesquise tendências de mercado. Brainstorming, networking e leitura de casos de sucesso também podem ajudar a despertar ideias.
Sim, muitos negócios de sucesso começam com ideias simples que resolvem problemas reais. O importante é validar a ideia, atender uma demanda e executar bem o projeto.
Você pode criar um MVP (Produto Mínimo Viável) para testar sua ideia com poucos recursos, buscar feedback de potenciais clientes e adaptar o projeto conforme as sugestões recebidas.
Não necessariamente. É importante ter vontade de aprender, buscar conhecimento e, se possível, contar com parceiros ou mentores que complementem suas habilidades.
Livros de empreendedorismo, canais de YouTube, podcasts, eventos de networking, comunidades online e plataformas de cursos são ótimas fontes para estimular a criatividade.
MVP é a versão inicial simplificada de um produto ou serviço que permite testar a aceitação no mercado com baixo investimento, garantindo validar a ideia antes de grandes gastos.
Franquias são uma boa opção para quem busca um modelo de negócio já validado e com suporte operacional maior, tornando o início no empreendedorismo um pouco mais seguro.
Por meio do networking, você pode trocar experiências, encontrar parceiros, mentores, fornecedores e até clientes, além de ficar atento a oportunidades e feedbacks valiosos.