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“O setor privado é como uma lancha: se move muito rápido, mas carrega poucas pessoas. O setor público é como um transatlântico – pode ser que ande devagar, mas carrega milhares”. É com essa analogia que Maria Carolina Paseto começa a explicar sua decisão de trabalhar no governo.

Formada em Psicologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a mineira nunca se interessou por concursos ou cargos públicos, mas, desde muito cedo, queria causar impacto através do seu trabalho. O transatlântico, então, era o veículo natural para conduzir essa missão. “Sei que é possível impactar o setor público estando fora dele, mas a minha escolha foi efetuar a mudança de dentro, e para isso precisava me aprofundar no tema”, completa.

Carolina começou no governo do Estado de Minas Gerais, onde assumiu a responsabilidade de aplicar seus conhecimentos de gestão a projetos da Educação, dentro do Escritório de Prioridades Estratégicas. Um dos projetos, por exemplo, era compartilhar a política  estadual de educação com os municípios, diminuindo as diferenças entre o ensino municipal e estadual.  “Nós levamos a metodologia do estado para 6 mil escolas nos 853 municípios. Meu sonho sempre foi impactar muita gente – mas nunca pensei que seria tanto e tão rápido”, ri.  

Finalizando seu período no governo de Minas assumiu seu atual cargo na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, onde apoia, com metodologia de Gestão de Projetos, quatro ações pioneiras nas áreas de avaliação, informação e monitoramento. Entre eles, a migração do sistema para a nuvem e salas de TI em escolas de educação básica.

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Também trabalhando com projetos de inovação, mas em outro setor do Governo de São Paulo, Isabel Opice veio do meio acadêmico. Ao concluir seu mestrado em economia, foi trabalhar com análise de dados de educação no Instituto Ayrton Senna. Uma de suas pesquisas, por exemplo, gerou debates sobre o ensino médio nas eleições 2014, ao mostrar que, enquanto os principais candidatos discutiam muito a implantação de ensino médio integral, os principais gaps de desempenho estavam no ensino médio noturno.

Depois de um ano no Instituto, Isabel vislumbrou a oportunidade de atuar de perto com a aplicação de projetos especiais no Governo. A subsecretaria Parcerias e Inovação, onde atua, gerencia projetos inovadores em diversas áreas do governo em parceria com o setor privado.  A sua interface principal é com a Secretaria de Educação, com quem realizou recentemente o PitchGov – um programa cujo objetivo era selecionar soluções tecnológicas para desafios reais da administração pública, “desengessando” a atuação governamental pela parceria com Startups. 304 empresas se inscreveram e 15 foram selecionadas para apresentarem suas iniciativas em um evento com a presença de representantes do governo, potenciais investidores e grandes empreendedores do país.

Entre os requisitos para as selecionadas, estavam o uso de tecnologia – permitindo a replicação da solução em escala estadual – e a maturidade das empresas, que precisavam ter estrutura e solidez para não ficarem dependentes do ritmo de trabalho do governo, muito diferente do ritmo de um ecossistema empreendedor. Com o sucesso do programa, a ideia, segundo Isabel, é estender o Pitch para outros setores, como transporte e energia, fomentando a inovação em todas as áreas do governo.

O senso comum diz que o setor público é formal, moroso, fechado a mudanças. Ao contrário, o ambiente de ambas as secretarias é descontraído e os membros da equipe têm muita autonomia: “somos profissionais diferenciados, com missões que nos foram confiadas. A confiança é grande de que faremos as entregas”, conta Carolina.

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A burocracia, porém, ainda é um limitador com o qual se deve aprender a lidar. “Eu entendo que a burocracia tenha a sua razão de ser – os líderes, no governo, respondem como pessoa física por todos os projetos que tocam, então é natural que sejam muito cautelosos, o que torna o processo demorado”, explica Isabel. Porém, com planejamento e procedimentos claros, comenta Carolina, ela não afeta as entregas e nem os resultados finais.

A preocupação de ambas é transformar os projetos em suprapartidários, envolvendo a comunidade e descentralizando processos. Isso é importante especialmente considerando a alta rotatividade dos cargos comissionados, como explica Isabel: “Não temos um plano de carreira, não queremos ficar aqui para sempre, mas temos projetos que queremos deixar de legado, estando aqui ou não”.

Carolina e Isabel possuem formações e habilidades bastante distintas. Para Isabel, o background em economia lhe conferiu a habilidade de manipular dados e enxergar padrões através dos números. “Na educação, faltam pessoas com esse olhar analítico”, comenta. Já Carolina, com formação em psicologia, chegou a pensar em se especializar em pedagogia, mas mudou de ideia: “Meu foco sempre foi gente e gestão. Nesse sentido, posso trabalhar em educação fazendo a gestão que gosto, sem necessariamente mergulhar na área”.

Em comum nas suas histórias está a vontade de atuar com educação “de dentro”, impactando, com seu trabalho, milhares de pessoas. Mas, além disso, elas também têm em comum a desmistificação da morosidade do setor público, através de iniciativas que estão promovendo a mudança e a profissionalização da educação – em escala e com segurança, como todo bom transatlântico deve fazer.

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