Rockerfeller Center, em Nova York

No noticiário de negócios, é muito comum ouvir menções às grandes auditorias, seja em investigações sobre irregularidades e corrupção, nos processos de fusão e aquisição de empresas multinacionais, ou mesmo na divulgação de relatórios produzidos por seus eficientes departamentos de pesquisa.

Normalmente ganham mais espaço na mídia as auditorias do grupo conhecido informalmente como Big Four, e que reúne as quatro maiores empresas do setor: EY (antiga Ernst & Young), KPMG, Deloitte Touche Tohmatsu e PricewaterhouseCoopers. No caso destas últimas, os seus funcionários e pessoas ligadas ao mercado se referem a elas respectivamente como Deloitte e Price, ou PwC.

Juntas, as quatro companhias possuem centenas de milhares de funcionários espalhados pelos cinco continentes, e muitas vezes prestam outros serviços além de auditoria. Ainda assim, existem centenas de auditorias menores, com preços mais acessíveis do que suas concorrentes gigantescas, e que por isso mesmo acabam atendendo a clientes mais diversificados.

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Afinal, o que fazem as auditorias?

Para entrar no assunto, vale uma explicação etimológica: auditar provém do verbo inglês to audit, que em nossa língua equivale a examinar, ajustar, corrigir, certificar. As auditorias, portanto, são empresas especializadas em realizar um exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas por outras empresas, olhando sobretudo para os registros da contabilidade – averiguando veracidade e consistência desses dados, e se as operações financeiras estão de acordo com os padrões contábeis e tributários.

É importante dizer que, na prática, não só os registros efetuados pela contabilidade são examinados pela auditoria, mas também todos os fatos e operações que ocorrem na empresa e, no final das contas, acabam convergindo na contabilidade.

Um bom exemplo: após junho de 2013, quando o aumento do preço das passagens de ônibus em diversas cidades brasileiras desencadeou uma onda de protestos, a prefeitura de São Paulo resolveu contratar a EY para atuar como verificador independente, ou seja, realizar um exame aprofundado e imparcial do acordo entre a prefeitura e as empresas que prestam o serviço de transporte na capital. Do prefeito, a auditoria ganhou carta branca e livre acesso a documentos para fazer todos os procedimentos necessários e dar ao público os dados e sua opinião técnica.

A EY encontrou 640 falhas ou divergências contábeis nos planos de contas apresentados pelas concessionárias, e constatou que 10,5% das partidas programadas não eram realizadas. Já dá para imaginar que, com esses dados em mão, é possível ganhar muita qualidade na prestação desse serviço e economizar dinheiro, certo? O procedimento não é tão diferente do que ocorre em empresas privadas, que podem tirar os mesmos benefícios de um relatório de auditoria.

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Que empresas devem ser auditadas?

No Brasil, a legislação obriga algumas empresas a passarem periodicamente pela avaliação de uma auditoria externa e independente – o que significa, grosso modo, que a avaliação não pode ser feita pela própria equipe, em um processo chamado de auditoria interna.

Todas as empresas classificadas como de grande porte (com faturamento maio que 300 milhões de reais por ano ou que tenham ativos totais superiores a 240 milhões de reais) devem ser auditadas um vez ao ano, enquanto as instituições financeiras (bancos, fundos de investimento, etc) e seguradoras devem ser submetidas a auditorias a cada seis meses.

Empresas de capital aberto (aquelas com ações negociadas em bolsa de valores) também são auditadas uma vez ao ano. A auditoria, nesse caso, serve como uma garantia aos acionistas de que os números apresentados pela companhia fazem sentido  as firmas de auditoria sabem, melhor que ninguém, avaliar a saúde financeira de uma empresa. Por isso mesmo, também é comum que empresas sejam auditadas na iminência de serem compradas, ou durante procedimentos de fusão e aquisição.

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Quais os benefícios das auditorias?

Não são só as empresas obrigadas por lei que contratam os serviços de auditoria externa. Para as outras, então, quais os benefícios? Antes de mais nada, a auditoria pode ajudar a empresa a ajustar sua contabilidade a padrões internacionais. “Hoje, todos entendem que a auditoria aumenta a credibilidade junto a bancos e fornecedores, sem falar nas concorrências públicas e nas oportunidades de compra por empresas maiores”, diz Edmar Facco, sócio da Deloitte. Ter passado por um processo de auditoria confere uma espécie de selo de qualidade aos olhos de investidores e parceiros. Uma empresa auditada é sempre uma empresa mais transparente.

A auditoria externa, no final das contas, é também uma ferramenta estratégica na gestão e no controle de processos dentro da empresa. As decisões gerenciais passam a ser baseadas em dados validados por terceiros e dentro das melhores práticas contábeis e tributárias, e é possível identificar potenciais contingências e riscos para a companhia.

“Ao fim do trabalho de auditoria, é apresentada uma carta de gerência, também chamada de carta de recomendações, que é para controle interno e tem o valor de uma consultoria, com um olhar independente, que ajuda a companhia a se tornar mais eficiente e a mitigar riscos”, diz Sérgio Romani, sócio-líder de auditoria na EY.

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Auditoria: parceira ou vilã?

É importante entender que, em quase todas as situações, a auditoria não vai atuar como fiscalizadora, e sim como parceira da empresa. Isso, claro, sem interferir na independência e autonomia dos auditores.

Ao contrário do que muitos pensam, o objetivo não é caçar irregularidades ou fraudes, e sim acompanhar se os processos, controles e dados que a empresa tem registrados refletem a realidade. Em empresas grandes ou com procedimentos muito complexos, o volume de transações existentes acaba abrindo brecha para erros, intencionais ou não, mas que podem prejudicar a saúde financeira da empresa. É aí que surge a lacuna para se contratar uma auditoria. O objetivo é conduzir a empresa pelo caminho mais correto afim de atingir a eficiência profissional ao mesmo tempo que cumpre as leis e normas específicas do setor.

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