mulher olhando para o horizonte

Seja pelas altas remunerações, seja pela consolidação e amadurecimento da atividade no Brasil, o mercado financeiro chama a atenção de jovens profissionais. Ao contrário do que pode parecer aos desavisados, esse mercado é vasto e traz um leque de opções de atuação, e não está restrito àquelas imagens de corretores da bolsa, falando alto e gesticulando – imagens estas, aliás, que nem existem mais no Brasil com o fim desse tipo de pregão em 2009, conhecido como viva voz.

Além dos bancos de varejo, uma das opções para quem almeja ingressar nesse mercado é atuar em gestoras de recursos. Dentro desse subsetor existem diversas atividades específicas, e uma delas é o hedge fund. Assim como o private equity, o hedge fund é um tipo de fundo conhecido como investimento alternativo, bem mais complexo que o tradicional (long-only).

Investimentos alternativos

Entre os investimentos alternativos, o hedge fund e o private equity não são ativos em si – ou seja, não possuem um fluxo de caixa associado diretamente a eles –, mas sim veículos de investimento – no sentido de que podem ser uma estrutura para a compra de ativos. Eles podem, por exemplo, fazer investimentos em empresas. Por exigirem um valor significativo de investimento mínimo, são considerados de alto risco.

Em comparação com os investimentos tradicionais, os alternativos têm menos liquidez, menos informação disponível, menos transferência, mais custos de monitoramento e dados de risco, e retorno mais limitado. Também têm considerações fiscais e legais únicas e podem ser muito alavancados, o que também aumenta os riscos. “Eles atraem investidores devido ao potencial de sua diversificação e retornos maiores quando são incluídos num portfólio de investimentos tradicionais”, diz a especialista Susan Hawkins, que dá aulas para qualificações profissionais internacionais em finanças, contabilidade e valuation na SH Professional Training, empresa da qual é fundadora.

Segundo ela, hedge e private equity funds costumam usar uma estrutura de sócios – com um general partner (o fundo), que gerencia o negócio e tem passivos ilimitados (unlimited liability), e os limited partners (investidores), com fração parcial da sociedade. O general partner recebe um percentual fixo (management fee) baseado nos ativos sob gestão (hedge funds) ou capital investido (private equity), além de uma taxa de performance em função do lucro obtido.

“A diferença entre o hedge fund e o private equity é que o primeiro é classificado conforme a sua estratégia. Por exemplo, a classificação do CFA Institute inclui quatro categorias de estratégias: event-driven, relative value, macro e equity hedge. Já as estratégias de private equity incluem leveraged buyouts, venture capital, development capital, e distressed investing”,  explica Susan.

Perfil profissional

Em geral, os profissionais de hedge funds são recrutados em cursos de Ciência Econômicas Aplicadas e Engenharias. Isso porque o perfil profissional exige – obviamente – intimidade com números e conceitos de finanças e contabilidade.

Outras características imprescindíveis são habilidades comerciais e de comunicação e proatividade. “É importante também saber avaliar um investimento potencial, já que esse é o coração da atividade. Por isso, princípios do chamado business valuation são fundamentais e deve-se saber ou aprender modelagem financeira”, ressalta Susan.

Além disso, é muito bem visto que o profissional tenha ou esteja em busca de qualificação profissional, como, por exemplo, a certificação internacional Chatered Financial Analyst Qualification (CFA). Vale lembrar também que, como se trata de um mercado globalizado e cada vez mais internacional, o domínio da língua inglesa é indispensável.

Atividades do dia a dia

De modo geral, um hedge fund se especializa em uma determinada estratégia. “Um analista, a partir daí, trabalha para, em uma primeira etapa, identificar investimentos potenciais e analisar riscos e retornos. Em um segundo momento, escolhe quais investimentos valem mais a pena e monitora os resultados, de forma a garantir os retornos projetados”, explica Susan.

Isso envolve uma série de atividades cotidianas, tais como: revisar estratégias ou oportunidades de investimento; realizar modelos para entender retornos potenciais do investimento; realizar due diligence, ou seja, um conjunto de atos investigativos (análise de dados ou entrevistas com especialistas) que devem ser realizados antes de um investimento para determinar valores intangíveis; preparar memorandos internos para que o comitê de investidores aprove o investimento, entre outras atividades.

Corretora de valores versus Gestora de investimentos

É importante que o jovem profissional que deseja ingressar nesse mercado de hedge funds tenha em mente que a atividade nesse setor se diferencia em alguns aspectos daquela desempenhada numa corretora de valores, por exemplo.

De forma bastante genérica, pode-se dizer que os corretores devem se preocupar em vender – e por isso são chamados o ‘sell side’ (ou o lado da venda, em tradução livre). Além de fazer prospecção e avaliação das empresas, eles precisam também convencer seus clientes de que o investimento vale a pena.

Já no caso de gestoras de investimentos, onde entres outros são geridos os hedge funds, é dever da empresa decidir qual a melhor forma de investir o montante do cliente. Por conta disso, o profissional não tem seu tempo gasto em convencer clientes externos. Ele precisa apenas convencer seus gestores e pares da qualidade de um investimento.

Susan Hawkins é fundadora da SHP Training, empresa que oferece cursos presenciais e online, aulas particulares e materiais para qualificações profissionais internacionais nas áreas de finanças, contabilidade e valuation, incluindo os exames do CFA (Chartered Financial Analyst). Antes disso, ela passou pela EY (Ernst & Young) e pelo Bank of England, trabalhando com valuation de empresas e planos de contingência para instituições financeiras em dificuldades.

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