Felipe Rigoni

Engenheiro de produção por formação, Felipe Rigoni chegou a ocupar os cargos de maior destaque nos movimentos de empresas juniores mineiro e nacional, e hoje atua como life coach. É possível conhecer melhor o seu trabalho em seu site profissional e em sua página no Facebook. A seguir, ele conta um pouco mais sobre a sua trajetória e as dificuldades que encontrou no caminho, por ser deficiente visual:

Sou Felipe Rigoni Lopes, 23 anos, natural de Linhares, no Espírito Santo, e sou completamente cego.

Atualmente sou formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais, mas atuo como coach — profissional que leva pessoas e empresas a atingirem muito mais resultados em suas vidas e no mercado por meio de suas próprias conclusões, tiradas em um processo estruturado de autoconhecimento, aumento de percepção e reestruturação cognitiva.

Comecei minha faculdade em 2009, cursando Física. Apesar das dificuldades que eu enfrentava com o material, causadas pela minha deficiência, tinha muita facilidade em aprender e gostava muito do curso.

Porém, já no fim do primeiro semestre percebi que tanto no curso como na profissão de Física, eu não trabalharia diretamente com pessoas e nem teria uma vivência empresarial — dois fatores que considero essenciais para minha vida. Assim, no segundo semestre, fui tentar uma matéria do curso de Engenharia de Produção. Gostei tanto que decidi mudar de curso.

Minha transferência foi aprovada no fim de 2009, e eu começaria o novo curso em 2010. No entanto, achei que precisava aprender inglês e ter uma vivência internacional. Então tranquei a faculdade por seis meses e fui para os Estados Unidos.

Eu fui sozinho para lá! Não tinha nenhum familiar e nem uma república como em Ouro Preto para me ajudar. Fiquei na casa de uma família americana. A experiência foi incrível!

Não só porque aprendi a língua e uma nova cultura, mas principalmente, porque fiquei muito sozinho, e por isso, tive que aprender a pedir ajuda para os outros — coisa que nunca fazia — e a me tornar independente.

Voltei para o Brasil e comecei o curso de engenharia de produção. Já estava gostando muito mais! Foi quando, na terceira semana de aula, o pessoal da empresa júnior nos apresentou o que era a empresa e fez o convite para nos inscrevermos no processo seletivo.

Era tudo que eu queria: uma vivência empresarial antes mesmo de entrar no mercado de trabalho!

Além disso, a empresa júnior iria me fazer desenvolver habilidades de equipe, liderança e a postura empreendedora tão necessária para que consigamos transformar nosso país em um lugar melhor para se viver.

Fiz a inscrição no processo seletivo, mas, na verdade, achando que não ia passar. Pensava isso, pois, no fundo, eu ainda me achava incompetente só pelo fato de ser cego.  

Mesmo assim, fiz o processo seletivo e passei! Fiquei muito feliz. Quase chorei. Na minha cabeça, era a primeira conquista da minha vida que era realmente minha, e de mais ninguém.

Comecei a trabalhar, e me dei muito bem. Conseguia fazer todas as atividades com êxito, e isso inclusive começou a motivar todos os outros membros que antes tinham até receio por conta da minha deficiência.

Na Projet, como é chamada a empresa júnior do curso de Engenharia de Produção da UFOP, fui trainee, assessor de Recrusos Humanos, diretor de Recrusos Humanos e presidente. Foi com certeza a melhor experiência de minha vida ter passado pela Projet e pelo movimento Empresa Júnior!

Fui nomeado presidente interino, na metade de 2012, pois nosso presidente saiu para um intercâmbio. Em 2013, fui eleito presidente.

Na minha gestão, a equipe da Projet teve um dos melhores anos de sua história! Dobramos o número de projetos realizados, aumentamos o número de membros de 15 para 29, e multiplicamos o faturamento da empresa em 16 vezes! Saltamos de 11.250 reais em 2012, para 178.300 reais em 2013.

Nesse mesmo ano, ainda tive duas experiências muito importantes para minha vida. Fiz meu curso de coaching e fui eleito presidente do conselho da Federação de Empresas Juniores do Estado de Minas Gerais (FEJEMG), onde eu iria liderar um conselho composto por cento e duas pessoas.

O ano seguinte, 2014, foi com certeza o ano mais intenso de minha vida. Atuei como presidente do conselho da FEJEMG, conselheiro estratégico da Brasil Júnior (Confederação Brasileira de Empresas Juniores), fiz um processo de coaching, comecei a atuar como lifecoach, terminei minha faculdade, encontrei o amor da minha vida, dei dezessete palestras ao longo do ano (inclusive uma na Suíça), fui eleito presidente do conselho da Brasil Júnior, e decidi qual seria minha profissão e missão de vida! Meu Deus, como foi bom esse ano!

Ao longo de toda essa minha experiência tive que enfrentar as dificuldades de minha deficiência e todos os efeitos colaterais que isso causa em minha vida. Foi com certeza difícil, mas, uma vez que comecei a entender o que me fazia realmente feliz, tudo começou a dar certo!

Descobri, na empresa júnior, que ao contrário do que eu mesmo pensava, eu sou muito competente. Mais do que isso, consigo ajudar as outras pessoas a serem mais competentes e felizes.

É por isso que faço parte do movimento empresa júnior, que tem como missão: formar, através da vivência empresarial, empreendedores comprometidos e capazes de transformar o Brasil.

É por isso também, que agora sou coach, atuando para ajudar pessoas a serem mais felizes e produtivas em suas próprias vidas! No final das contas, é essa minha missão.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Formei, e agora?, projeto independente desenvolvido pela estudante Luiza Negri durante participação no evento LABx, organizado pelo Na Prática. Na página do portal, é possível ler mais histórias e relatos de diversos profissionais sobre como foi se formar e entrar no mercado de trabalho. Vale conferir o conteúdo completo aqui!

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