pessoas apertando a mao com um por do sol no fundo

Durante o governo FHC, foi criado um mercado livre de energia no país, “Isso quer dizer que ele pretendia uma mesma lógica da indústria telefônica com suas operadoras: o consumidor poderia escolher o seu fornecedor de energia”, explica Marcelo Parodi, CEO da Compass Energia, empresa de trading. O mercado, no entanto, levou alguns anos para engrenar.

Lembra do racionamento de energia no começo dos anos 2000? Pois no escuro também aparecem bons negócios. Depois do racionamento, houve uma sobra de energia no País, o que tornou possível o surgimento de um novo mercado no Brasil: a negociação de energia. Um dos responsáveis pelo começo deste serviço inexistente no País, até então, foi Marcelo. Em sociedade, ele abriu uma empresa que prestava serviço de consultoria relacionada a energia para outras empresas. Também era parte do seu objetivo assessorar um comércio de energia entre empresas. “Fomos pioneiros, mas com o tempo muita gente começou a fazer isso. Com a concorrência, a remuneração caiu e com isso resolvi manter o foco apenas no trading”, conta Marcelo.

Foi quando ele vendeu sua parte da empresa e começou um outro negócio, a Compass Energia, voltada apenas para o trading. “O mercado de energia, como outros de commodities, oferece preços fixo para os geradores e consumidores. O que fazemos é assumir um risco de variação do preço da energia”, explica Marcelo. “Compramos energia do gerador para oferecê-la ao consumidor – que pode ser uma indústria, um shopping ou um prédio comercial – por um preço fixo, ou vice-versa.” Para isso, é preciso traçar cenários do que pode influenciar nos preços futuros da energia, com base em muitos estudos, análises e projeções.

Um grande quebra-cabeças

Marcelo começa o dia olhando mapas de climas de vários institutos para os próximos 15 dias. A leitura do tempo foi aprendida no dia a dia, pois sua formação vai em outra linha: ele é graduado em administração pela Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, e fez MBA pelo IMD Business School, na Suíça. Marcelo tem verdadeira paixão por montar o quebra-cabeça de análises diárias, que envolvem o mapa do tempo, checagem da variação do nível de reservatórios e o cenário macroeconômico. Outros pontos observados são a construção de hidrelétricas e a regulamentação do mercado. “É preciso vestir o olhar do governo para nos anteciparmos a mudanças regulatórias”, diz Marcelo.

A seca na região de São Paulo? Já estava prevista desde o ano passado e, por isso mesmo, não se tornou prejudicial aos negócios. “Precisamos olhar para tudo que pode impactar na produção de energia no futuro”, explica. É assim que é possível garantir uma boa compra e venda de energia para os negócios da empresa, que atualmente tem um programa de treinamento interno voltado à leitura de clima, mas também conta com analistas externos.

Dentre os sócios da Compass, Marcelo está ligado à gestão de risco nas análises de cenário. “Penso em que nível de risco queremos assumir e defino a estratégia do trading”, conta.

Possibilidades no setor

Segundo Marcelo, o processo de formular decisões de trading está em constante mudança e aprimoramento. “Até agora conseguimos criar um processo decisório que se torna cada vez melhor, conseguimos enxergar as possíveis falhas (chamadas cisnes negros) e aprimoramos nosso trading”, afirma.

Para o CEO, o mercado de trading de energia tem um grande potencial de expansão. “Pensando na commodity em si, estamos falando de um produto que todo mundo consome. O mercado livre pode ser aberto para todo consumidor, a depender do governo”.

O mercado de trading de energia no Brasil é ainda jovem, mas caminha a passos largos. Para Marcelo, a evolução tem sido rápida e o que é feito hoje pelo chamado mercado de balcão, com negociações por telefone, deve evoluir logo para um mercado de tela, como na bolsa. Pensando nisso, a Compass montou, em parceria com uma empresa americana, uma plataforma de negociação de energia mais avançada, a Brix. “A ideia é que isto traga mais liquidez ao mercado.”

O perfil do profissional

“Para pessoas que gostam de um trabalho analítico, de matemática, de análise de mercado, é um prato cheio”, afirma Marcelo. Dentre seus 22 funcionários, muitos são engenheiros que vivem de fazer simulações. Já para a área comercial, de modo geral não há preocupação em contratar alguém com formação no setor elétrico, mas em negociação de commodities. “Para ser um trader de energia é preciso ter a verve do negócio”, define.

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