mulher ruiva sorrindo

Nascida em São Paulo, em uma família de classe média, Camila Beterelli Giuliano pode dizer que já ganhou o mundo. A estudante de engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que sonhava em passar em uma universidade pública hoje já soma experiências acadêmicas e profissionais em diversos países antes mesmo de se formar. Lidou com desafios que foram da gestão como presidente de uma empresa júnior ao trabalho de pesquisa em um laboratório de Harvard.

Ela também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu relato sobre buscar ativamente as oportunidades que surgem durante a graduação e continuar sempre sonhando grande:

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Quão grande são seus sonhos? Hoje eu vou escrever sobre o tamanho dos meus.

Cresci em São Paulo, com quatro irmãos em uma família de classe média, de descendência italiana. Nunca tivemos dinheiro para estudar nos melhores colégios, e acabei fazendo o ensino médio em uma escola pública. O sonho, nesse momento, era entrar em uma universidade pública.

Trabalhei durante o último semestre do colegial para poder pagar o cursinho no ano seguinte. Estudei enlouquecidamente durante aquele ano, mas o resultado veio. Passei em terceiro lugar em Química na USP e em décimo primeiro em Engenharia Biotecnológica na Unesp em Assis (SP), onde morei por seis anos. Optei pela Engenharia Biotecnológica porque era união perfeita entre as duas áreas que me dividiam: Exatas e Biológicas.

Fui a primeira da família a mudar de cidade para estudar. “Te criei para o mundo”, dizia minha mãe. Ela estava certa.

Na universidade, um universo se abriu a minha frente. De tudo que vivi lá, a experiência na empresa júnior foi a mais marcante. Em seis meses já era vice-presidente, e com mais seis meses, fui eleita presidente. Liderar quarenta pessoas me ensinou muito sobre trabalho em equipe e priorização. Minha gestão acabou sendo tão marcante, que até hoje os professores e diretores da faculdade lembram dela com carinho. Pela primeira vez senti na pele a importância de um legado.

No final da minha gestão, em 2011, eu descobri o Ciências sem Fronteiras. Lembro até hoje daquele sábado de manhã, dia 8 de outubro de 2011, quando eu vi o edital do programa e liguei para minha mãe pra dizer que eu tinha achado alguma coisa que parecia boa demais para ser verdade. Único problema: o edital fechava no dia 12. Eu tinha pouquíssimos dias para juntar um monte de documentos, escrever duas redações em inglês justificando o porquê eu merecia ir e preencher um formulário online complicado e extenso.

E além de tudo, precisava fazer o TOEFL, que era uma prova super cara e que, se eu não conseguisse a nota mínima, o sonho tinha acabado. Lembro de ter saído naquele dia mesmo atrás de escolas de inglês que me ajudassem a estudar, mas tudo era demorado demais. Comprei um guia online de preparação e comecei a estudar por conta própria.

No fim das contas, apesar de toda a loucura daquelas duas semanas, novamente o resultado veio: tirei uma nota bem acima da necessária no TOEFL, consegui enviar todos os documentos no prazo e fui alocada na Boston University, em Boston, nos Estados Unidos. Embarquei em janeiro de 2012.

Meu ano nos Estados Unidos foi algo fora da realidade. Na Boston University busquei fazer coisas que não teria oportunidade de fazer aqui no Brasil, e isso me levou a experiências incríveis. Nomes como MIT e Harvard, por exemplo, que pareciam inatingíveis e distantes, estavam geograficamente tão perto de mim. Por que não tentar algo?

Foi assim que consegui meu estágio em um laboratório de Harvard. Eu descobri essa oportunidade no dia 24 de fevereiro, e ela fechava, óbvio, no dia 28. Eu tinha que escrever duas redações do porquê eu queria fazer parte do programa, preencher um formulário e mandar meu histórico juramentado. Correria de novo, mas consegui fazer tudo a tempo, e em abril, recebi a proposta de trabalhar com plantas carnívoras nesse laboratório de biofísica.

A ideia do meu mentor era que eu desenvolvesse um software para construir imagens 3D a partir de imagens de microscopia holográfica da planta carnívora. O estágio era para durar dez semanas, e eu passei a primeira e parte da segunda todinha tentando aprender a coisa mais básica na linguagem que eu deveria usar para programar. Fiz de tudo, mas programação nunca tinha sido meu forte.

Ao invés de desistir ou quebrar a cabeça para sempre, resolvi abrir o jogo com o meu mentor e propus uma nova dinâmica para nosso projeto: ele ficaria responsável pela programação, algo que dominava há mais de vinte anos, e eu expandiria o lado biológico do projeto, já que minha formação me deu o conhecimento necessário para isso. Ele topou. O projeto deu tão certo que eu fiquei lá por seis meses. Nós publicamos um artigo e temos um segundo em rascunho.

Bom, sabe aquela história de ter sido criada pro mundo? Pois minha estadia nos Estados Unidos só aguçou esse meu lado. Seis meses do meu retorno ao Brasil, eu consegui uma bolsa do Santander Universidades para estudar sustentabilidade na Peking University, na China. Passei três semanas entre Shanghai e Pequim em uma das experiências culturais mais incríveis da minha vida.

De volta ao Brasil, estava prestes a entrar no último semestre do curso, que é livre para fazer estágio e monografia – ou seja, não temos mais aulas. Me inscrevi em diversos programas, e surgiram três excelentes oportunidades: estudar na Holanda, estagiar em um laboratório do Canadá e estagiar no Google Brasil. Só que eu teria que escolher uma delas.

Não era uma decisão fácil. Conversei com a minha família, com amigos, pessoas que trabalhavam no Google e outras que moravam na Holanda ou no Canadá. Isso ajudou muito a fazer uma escolha mais embasada. Decidi ir para a Holanda pois queria explorar a área de inovação, na qual eles são destaque. Lá, prolonguei minha estadia e consegui um estágio no coração de inovação da Philips, para realizar análises estatísticas em uma pesquisa curiosa sobre como as características da barba influenciam a performance do barbear.

De volta ao Brasil, me inscrevi no trainee da IBM e aqui estou, cada vez mais me surpreendo positivamente com a cultura da empresa e a visibilidade do programa de trainee. Para se ter uma ideia, comecei há pouco mais de dois meses e já tive reuniões com o presidente da IBM Brasil e da América Latina. Isso para quem, há alguns anos, tinha como maior sonho de entrar em uma faculdade pública.

Na verdade, o que eu gostaria de dizer com tudo isso, com a minha história, é que a gente sempre consegue dar um passo além do que achamos possível. A gente sempre consegue subir um degrau a mais do que tínhamos determinado antes. Nesse processo, a Fundação Estudar sempre me colocou em contato com as pessoas mais incríveis que eu já conheci e sempre me mostrou que eu posso sim chegar aonde eu quero, eu só preciso me preparar.

No final das contas, não são as circunstâncias que determinam até onde vamos, somos nós mesmos. Nós somos os responsáveis por buscar as oportunidades, porque elas existem.

 

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