Moedas e canetas

Bacharel, mestre e doutor em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade Getulio Vargas e Universidade de Chicago, respectivamente, Marcelo Moura sabe bastante sobre a profissão que escolheu.

São cerca de vinte anos de experiência que o levaram a ser consultor na McKinsey e professor associado do Insper, fundar sua própria consultoria (a Moura Madalozzo) e, atualmente, trabalhar como Chief Financial Officer (CFO) da Mitsui Alimentos.

“No curto prazo está tudo um pouco ruim, mas no longo prazo há coisas que sempre estarão em demanda”, diz ele, que pertence à rede Líderes Estudar, sobre as ofertas profissionais para economistas. “A economia é uma disciplina que te abre muita possibilidades – mais até que outras profissões mais tradicionais, como direito e medicina.”

A maior vantagem, segundo Marcelo, é a ponte entre ciências humanas e exatas que faz a economia. Não basta saber interpretar dados, é preciso entender também o comportamento humano por trás deles – e isso não é todo mundo que consegue, mas é o que um número cada vez maior de empregadores quer saber.

mouraMarcelo Moura [MouraMadalozzo]

Para ele, jovens economistas podem escolher entre três grandes áreas de atuação: o setor privado, o público e o meio acadêmico, “Hoje é comum enxergar principalmente mercado financeiro e depois o setor público, mas tem muito mais que isso”, resume.

Uma necessidade comum entre todas as áreas, no entanto, é a especialização. Seja no departamento de pesquisa econômica em um grande banco ou em uma universidade, é comum que o mercado peça ou exija pelo menos uma pós-graduação.

“Na academia e no setor público, um mestrado e idealmente um doutorado são condição sine qua non – mestrado para economistas é quase como uma residência para os médicos”, fala. No setor privado, dependendo de sua área de atuação, um mestrado ou MBA também podem ser exigidos para crescer. O que não significa que obtê-los precisa ser apenas um selinho no currículo: ”Transitar pela academia é bom para aumentar sua caixa de ferramentas.”

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Segundo Marcelo, o perfil da pessoa e seu nível de autoconhecimento conta bastante na hora de escolher a melhor trilha.

Quem tiver maior curiosidade intelectual e vontade de se aprofundar num assunto, por exemplo, pode cogitar o meio acadêmico, órgãos públicos como o Banco Central e o IPEA ou as áreas de pesquisa dos bancos. Aqueles que preferirem atuar com gestão de pessoas, metas e resultados podem se dar melhor no departamento financeiro das organizações.

O que não significa que a transição entre elas é indesejada ou mesmo difícil. “O que você faz na academia é muito útil nas empresas e saber trabalhar com dados e econometria é cada vez mais importante”, fala. “Isso torna a transição entre áreas mais fácil hoje do que era há 20 ou 30 anos.”

Economistas no setor privado

Aqui, um economista atua com frequência em diversas partes do mercado financeiro – seja na mesa de tesouraria, elaborando produtos para clientes ou como trader ou analista de buy side ou sell side. Quem quer trabalhar com análise econômica – e pensar em cenários macroeconômicos e fatores como mercado de trabalho, taxa de desemprego e juros – pode pesquisar as áreas de pesquisa econômica de um grande banco, cada vez maiores e mais poderosas devido ao avanço de softwares de análise.

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Não é só de mercado financeiro que é feito o setor privado. É possível trabalhar na parte financeira de uma empresa, que abrange gestão de finanças, planejamento e contabilidade. “É um setor muito grande porque nenhuma empresa funciona sem a área financeira e, quando maior for a empresa, mais importante essa área será”, resume Marcelo.

O que pede É preciso estar cada vez mais confortável com softwares de estatística e aprofundar seus conhecimentos sobre econometria. Na área de finanças, atente também à necessidade de fazer especializações, mestrados, MBAs e obter certificados.

Tendências Marcelo, que é CFO, lembra que o escopo de seu trabalho acaba envolvendo várias outras partes da empresa, como tecnologia de informação, administrativa e jurídica. “Ele é quase um braço direito do CEO e a tendência dos últimos 10 anos é englobar mais de outras áreas.”

Veja o economista Eduardo Giannetti falar sobre o papel do mercado financeiro na economia:

Economistas na academia

A flexibilidade de tempo e tema é o primeiro destaque para Marcelo. “Não tem um chefe para quem se reportar: é um dia a dia intenso, mas está mais sob seu controle.” Muitas vezes o professor e/ou pesquisador consegue combinar as carreiras acadêmica e de consultor.

“Nos EUA, há muito economista sendo contratado pelo Facebook, Google, booking.com – eles começam usando modelos econométricos para saber qual é o perfil do consumidor”, fala, citando um tipo de consultoria. “A diferença de um estatístico para um economista é que este trabalha muito para entender as motivações e o modo de pensar das pessoas.”

No Insper, onde foi professor, Marcelo observou alunos pesquisando temas como a preferência dos pais por filhos mais velhos e a probabilidade de uma pessoa querer se aposentar num futuro próximo. “Você aplica modelos matemáticos que explicam as situações do dia a dia”, resume.

Outro exemplo de economistas na academia é a carreira de Priscila Fernandes Ribeiro, professora de Econometria na mesma instituição.

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Ela conta que, desde que começou seus estudos, a demanda por conhecimentos da área cresceu substancialmente. Ou seja, mesmo que você não se dedique integralmente à academia, passar um tempo estudando temas mais a fundo ao lado de economistas pesquisadores pode ser uma ótima ideia.

“As instituições estão muito preocupadas em medir de forma correta os impactos das políticas adotadas, em elaborar estratégias e fazer previsões”, explica. “A concorrência é muito acirrada em alguns setores, então esse conhecimento especifico é muito demandado – principalmente se a pessoa que conhece as técnicas também saiba traduzi-las para o dia a dia da empresa, já que nem todos vão saber ler um resultado.”


O que pede: É preciso ter tempo para, além de lecionar, fazer pesquisas e publicar artigos.

Tendências: O destaque é a famosa big data, que se refere a volumes de dados tão grandes que exigem técnicas tecnológicas para serem analisados. “É algo em que vejo muito futuro para um economista com sólido conhecimento de econometria, não só na academia mas em tudo.”

Veja abaixo o que motivou Claudio Haddad, presidente do Insper, a construir a faculdade:

Economistas no setor público

Um economista no setor público pode trabalhar no Banco Central e atuar diretamente em diversos projetos e em decisões que baixam ou aumentam a taxa básica de juros, por exemplo.

Além do Banco Central, Marcelo destaca o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “O ritmo no setor público é um pouco diferente e depende de você, mas tem gosto para tudo”, fala.

E as possibilidades vão muito além. Munido de visão macroeconômica e capacidade de analisar dados e estatísticas, um economista é muito bem vindo no governo, seja ele federal, estadual ou municipal.

O que pede: “Você tem que lidar com diversas variáveis econômicas ao mesmo tempo. Antes isso era feito estatisticamente, mas agora os modelos estão modelando a racionalidade dos agentes”, empolga-se Marcelo. Ou seja, é preciso saber cada vez mais e também estar atento às novas tecnologias de análise de dados.

Tendências: “Bancos centrais do mundo inteiro estão cada vez mais com áreas econômicas dinâmicas”, resume. Ou seja, muitas capacidades e conhecimentos podem ser exigidos ao mesmo tempo, além de colaboração e interação entre áreas. “É um ambiente de trabalho muito legal e desafiador intelectualmente.”

Abaixo, Armínio Fraga fala sobre seu tempo como presidente do Banco Central:

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