Equipe do LABB, do Banco do Brasil

Diante da rápida transformação do setor financeiro com o avanço das fintechs, o Banco do Brasil decidiu dar um passo mais consistente para se arejar internamente e estimular a inovação. A empresa criou o LABB, Laboratório Avançado Banco do Brasil, instalado em pleno Vale do Silício.

A iniciativa tem só seis meses. Ali, são incubadas ideias e projetos para melhorar a atuação do BB no mercado: intraempreendedorismo puro. “Precisamos ser mais dinâmicos e abertos. Estar aqui é um passo grande para isso”, conta Vilmar Grüttner, 39, gerente executivo de negócios digitais do BB e responsável pelo empreendimento nos Estados Unidos.

Ele é o único profissional que foi expatriado e fica fixo no Labb, instalado dento do Plug and Play Tech Center, uma das grandes aceleradoras da região, em São Francisco. “Não faria sentido ir pra lá e se fechar em quatro paredes. A ideia é justamente ficar em um espaço aberto, de troca, que tenha permeabilidade com o ambiente”, diz Vilmar. Ele capitaneia a iniciativa, que recebe times de cinco pessoas com um projeto nas mãos e a missão de desenvolvê-lo por ali ao longo de três meses.

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São pessoas das mais diversas áreas e níveis hierárquicos dentro do banco. O executivo diz que ideia é dar a oportunidade a todos, para que eles espalhem a inovação dentro do banco: “Não vai ser só o discurso do nosso CEO. Seu colega de baia pode ter ir para o Vale do Silício e vai te contar o que viu lá, te inspirar”.

Instalar essa iniciativa no polo de inovação global tem dois grandes objetivos, conta Vilmar. O primeiro é permitir que o BB acompanhe de perto a evolução pela qual passa a economia global. “Outro dia uma das pessoas que está no programa foi correr no parque e encontrou o Mark Zuckerberg. Aqui você tem acesso às pessoas, está próximo, pode participar de meet ups e conversar com quem precisa.” A outra grande meta do LABB é promover a transformação cultural do banco, colocar a inovação como valor essencial, contagiar as pessoas.

O esforço do Banco do Brasil para agregar valores de uma startup

O laboratório do BB no Vale do Silício foi inaugurado em junho de 2016, apenas um mês depois de a ideia ser aprovada pelo conselho da organização — um recorde quando se trata de um banco público, ainda mais deste porte. A empresa não revela quanto investiu no projeto, mas o custo é considerado baixo, já que não houve compra de um espaço próprio.

“Num primeiro momento, era importante ter uma estrutura leve, que nos permitisse fazer um fail fast, ou seja: se o programa desse errado, poderíamos ir embora sem grandes prejuízos”, conta Vilmar. Mas ele diz que aconteceu o oposto: o LABB gerou bons resultados já de cara.

Além dos fatores que normalmente atraem empresas ao Vale do Silício, Vilmar diz ter se impressionado com o clima de colaboração, com os empreendedores se ajudando mutuamente, apresentando pessoas, ouvindo e compartilhando projetos: “No Vale do Silício não existe isso de você ter uma ideia e guardá-la para você. Se você falar e alguém roubar, a falta de agilidade foi sua”.

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O LABB é um dos frutos da diretoria de negócios digitais, criada em abril do ano passado com foco em fazer com que o digital deixasse de ser um canal para o banco para se tornar uma estratégia mesmo, unindo as várias áreas da empresa nesta mesma visão.

A nova diretoria reuniu um time multidisciplinar que, de olho nas novidades e mudanças do mercado, decidiu organizar uma viagem ao Vale do Silício com profissionais de áreas estratégicas do banco, como tecnologia, comercial e estratégia. A experiência, diz Vilmar, foi transformadora e ao depois de visitar as empresas e conferir a efervescência da região, a liderança concordou que era necessário instalar ali uma estrutura do Banco do Brasil.

Como separar a espuma da realidade

“Ter um lab no Vale é bom para o marketing, mas nosso ponto não é esse. Queremos usar todo o potencial da região para mudar a cabeça das pessoas e buscar novas tecnologias”, diz o executivo. Ele admite que o contexto de inovação do Vale do Silício tem também muita espuma. “Estar aqui é importante para que a gente entenda o que é fumaça e o que é real e consiga seguir pelo caminho certo.”

Vilmar acredita que, ao levar para lá apenas uma equipe e um projeto por mês, evita que o programa desande para o “oba-oba”. Essa limitação é importante: faz com que o LABB tenha capacidade para incubar apenas quatro projetos por ano. Em 2016, foram dois.

A experiência de deslocar o profissional da estrutura da organização é sempre positiva. Os times chegam lá livres das amarras do cotidiano corporativo do banco. Olham em volta e são obrigadas a buscar referências de outras empresas que estão no Vale do Silício, conversar com as pessoas e criar laços de maneira diferente, como conta Vilmar: “Como levamos pessoas de posições diferentes, é interessante chegar lá e ver como a hierarquia desaparece. A liderança acaba virando algo muito circunstancial”.

Por enquanto, o banco não fala dos projetos incubados no LABB. Para chegar até o Vale do Silício, no entanto, as iniciativas percorrem um longo caminho. Vilmar conta que tudo começa com um banco de ideias, plataforma em que qualquer funcionários pode indicar uma melhoria para a instituição. Sugestões não faltam. Só no ano passado foram mais de 3,2 mil.

Depois dessa primeira etapa, o funil fica menor. Os funcionários podem escolher ideias interessantes que estão no banco e desenhar uma forma de implementa-las. É nesta fase que as equipes se formam. De 400 grupos, restaram 70 este ano. Conforme os times avançam no processo, eles têm acesso a programas de incubação, mas só poucos e bons são escolhidos para viver a experiência no Vale do Silício. A vantagem, Vilmar diz, é que o processo é bastante democrático. Basta ter um projeto que faça sentido para se candidatar. A partir daí, o grupo precisa desenvolver o plano e provar seu ponto.

Agora, a meta é expandir

O programa nos Estados Unidos vingou e mostrou um bom caminho. Agora, a meta é construir centros como o LABB em polos de inovação brasileiros, abrindo assim mais oportunidades. Tudo é parte da estratégia da empresa para levar o mindset digital para todas as áreas de negócio. “Temos conversado sobre reproduzir este modelo por aqui”, conta Vilmar. Segundo ele, encontrar núcleos locais que fomentem a inovação não é tão complicado. Ele cita, por exemplo, o Porto Digital, em Recife, e iniciativas em São Paulo, Brasília e Florianópolis.

O executivo também não descarta a possibilidade de, no futuro, o programa que hoje é de intraempreendedorismo incubar ideias de startups e se transformar em uma plataforma de inovação aberta. Vilmar defende que há enorme espaço para que grandes bancos e fintechs colaborem. “Podemos contribuir com o crescimento do ecossistema de inovação e, por outro lado, aproveitar o que ele tem para nos oferecer e melhorar a experiência dos nossos clientes”, diz. O BB, assim, estaria de fato habilitado para andar nessa via de mão dupla.

Matéria originalmente publicada no DRAFT.

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